quinta-feira, 9 de julho de 2020

MÚSICA (188)


EU E O CONSCIENTE COMERCIANTE AO TELEFONE

Foi ontem no meio da tarde. Continuo conversador, agora via whatts, bate papo pelas redes sociais e ao telefone. Ah, o que seria de mim sem estes contatos? Vida que segue ao seu modo e jeito um tanto modificado, sem os contatos carnais, in loco, tete a tete. Foi o que fiz ontem com amigo de longa data, comerciante de um segmento até então auspicioso aqui em Bauru. Conversávamos sobre sua decisão de manter as portas fechadas:

- Henrique, você me conhece de longa data e eu a ti. Sei que não vai me expor e não citará meu nome no que escreve. Não tenho como acompanhar o que faz por exemplo o presidente do SinComércio de Bauru, o Wallace Sampaio e as ideias do Reinaldo Cafeo pela rádio e pelo jornal. Eu não posso bater de frente com eles. Existe um grupo que até tenta, mas sem se expor muito, pois dentro das entidades hoje existe um conservadorismo muito grande e essas ideias predominam. Não posso ser estigmatizado e dessa forma, seria apartado, deixado de lado, visto como com ideias exóticas. Já tivemos melhores momentos, mas nos tempos atuais pioramos muito, pois os contrários são vistos com olhos a representar perigo. Temo ser taxado até de comunista e só por dizer que não quero abrir as portas neste momento. Resisto quieto no meu canto, exposição mínima para não chamar a atenção.

- Mas abriu ou não as portas do seu estabelecimento?

- Não abri, Henrique e te explico. Poderia e deveria fazê-lo, mas os riscos são maiores do que a possibilidade de lucro. Os gastos que teria, o tal do protocolo mínimo representa um gasto diário, excessivo, cheio de detalhes, custo que não tenho como repassar e pelo que vi dos dias em que abriram, o movimento na rua foi grande, mas comprar mesmo foram poucos. Iria, pelo que vejo, pagar para reabrir. Prefiro continuar fechado e aguardar a pandemia ser contida de fato. Quando fechei as portas tentei pagar os salários dos funcionários, mas fui na onda e os afastei com o Governo Federal assumindo parte do salário e eu com algo em torno de 30%. Muitos tiveram que demitir e o fizeram. Eu sou pequeno, pouca gente e seguro as pontas, mas se tivesse que pagar tudo do meu bolso, não teria como sustentar a situação. Todos estão em casa dessa forma. Se os trago de volta, rompo o que foi feito e assumiria o pagamento de 100%, integral de minha parte e se der errado, quem me diz que voltaria ao plano onde me encontro. Coloquei tudo na ponta do lápis e a conclusão é simples. O movimento não vai ser o mesmo neste momento. Com todas as medidas vigentes, a redução de tempo aberto e de circulação dentro do meu local, o movimento seria pífio e os gastos cresceriam demais. Enquanto perdurar esse nível de crescimento de casos de COVID-19 eu não volto e tenho conversado com muitos colegas, muitos pensando e agindo da mesma forma. Recebo pressão para abrir e tento ir postergando, pois quem sabe onde dói o meu calo sou eu. A entidade a me representar me quer aberto, mas não irá me ajudar financeiramente, nem ao menos conseguiram ou lutam para que tenha facilitado créditos. Cobram pouco de Bolsonaro e do Governo Federal e jogam tudo nas nossas costas, praticamente exigindo a abertura. O prefeito, percebo que quer seguir dentro do padrão que o Governo Estadual lhe propõe, seguindo mais tempo fechados, mas não aguentou e a própria Câmara de Vereadores lhe passou uma rasteira. São interesses poderosos em questão. Esses 30% representam valor que tinha de gordura e mais que isso teria dificuldades. Dá para esperar mais um pouco e é o que quero fazer. A pressão foi grande para abrir e também se mentém nos que não abriram para que o façam. Parece um cabo de guerra, com muita gente de cada lado puxando a corda.

VOCÊ TOPARIA COMPOR UM SAMBA JUNTO DE ALGUÉM, POR EXEMPLO, COMO O ECONOMISTA REINALDO CAFEO?
Ele propõe isto no seu artigo Opinião, página 2 do Jornal da Cidade, “O Samba de Muitas Notas”. Antes de qualquer coisa, creio ser de bom alvitre a leitura do incontido adepto desses tempos neoliberais predatórios, leis de mercado acima de qualquer coisa, ser humano aceitando tudo advindo do mundo rentista sem esboçar reação e certa alegria por todo o baú de maldades já proporcionado ao país pelo desGoverno do seu Jair. Por favor, não vomitem, tentem ler até o final e conversamos ao final.

Alguns trechos da tertúlia: “O samba de muitas notas, por Reinaldo Cafeo - ...alertando a ausência do uso da visão multidisciplinar no combate à pandemia. (...) O prefeito Clodoaldo Gazetta retrucou... Se distanciou do outro importante Poder, o Legislativo municipal. Tentou estabelecer um "pacto" local, contudo, este "pacto" era unilateral. Não abriu espaço para construção conjunta. Não vingou. O prefeito optou por envolver as cidades da região. De pacto municipal introduziu o "pacto regional", também sem a participação de representantes da sociedade. Na prática, se submeteu à vontade do governador do Estado, João Doria, que tratou desiguais como se fossem iguais. Resultado: os cidadãos, os empresários, enfim, aqueles que viram seus escassos recursos acabarem, cansaram. Isso tudo potencializado pela demora em dotar a cidade com a infraestrutura adequada para enfrentar o pico da doença que, por sinal, viria em maio, depois em junho e agora sabe-se lá quando. De promessa em promessa e cada vez mais se distanciando da realidade da cidade, a sociedade reagiu: quando um Poder constituído é omisso, não ouve a voz do povo, um outro Poder age. E foi assim que a Câmara Municipal de Bauru agiu. Assumiu seu papel, e diria até protagonismo, e derrubou o veto do prefeito no tocante ao Projeto de Lei que flexibiliza as atividades comerciais e de serviços. Com isso teremos uma Lei Municipal para chamar de nossa (se o prefeito não promulgá-la, o presidente da Câmara já disse que o fará). Como colocado, não há ganhadores. Todos nós seremos vencedores se escrevermos juntos o "samba de muitas notas". Isso mesmo. Se o Executivo Municipal deixar a soberba de lado e aprender com seus erros, abrirá o diálogo, tanto com a Câmara Municipal como com as entidades representativas do setor privado”. O link para leitura integral: https://www.jcnet.com.br/…/729277-o-samba-de-muitas-notas.h…

PITACO DO MAFUENTO HPA: Num ringue onde nem o prefeito Clodoaldo Gazzetta, muito menos Reinaldo Cafeo e Wallace Sampaio estão com a razão, pois jogam contra os interesses dos trabalhadores, existem os piores dos piores, ou seja, os que conseguem superar a ruindade e a malvadeza. Coloco a dupla Sampaio e Cafeo nessa categoria. Possuidor da desfaçatez de culpar o prefeito pela continuidade da pandemia, pelo abre e fecha, em nenhum momento Cafeo aperta o desgoverno do seu Jair, o Senhor Inominável para fazer o que deixou de fazer enquanto presidente, mas investe contra os que tentam se salvar e manter o isolamento social. Joga todas as cartas e aposta pesado na reabertura como única saída, demonstrando inconteste alegria pelo lado das “forças vivas” da cidade ter conseguido vergar o prefeito, que bem ou mal, pretendia seguir um protocolo não tão escancarado. Fizeram de tudo e mais um pouco para ver tudo aberto, conseguiram o intento e ainda propõe, como se fosse detentor da verdade absoluta, que Bauru inteira o siga e produza com ele o que intitula de “samba de muitas notas”. Pelo que conheço da obra, vida e pessoa dotada de imensa sensibilidade, Tom Jobim não entraria nessa roubada. Na verdade, está ocorrendo em Bauru, mesmo parecendo o contrário é o "Samba de uma nota só" - às avessas do de Tom Jobim -, aquele onde predomina o desejo de uma minoria forçando na maioria a ceder sob o tacão da força bruta. Decretaram o fim do isolamento, escararam as portas e deram lhufas para quem desdiz de como pensam e agem. A História destes é escrita assim, o mais forte impõe e a escreve ao seu bel prazer, considerando tudo o mais como “DESIMPORTANTE”. Nós, os tais desimportantes não somos nada diante da reunião dos fortes, dos peso pesados, dos detentores e Donos do Poder local. São ridículos no que fazem, pois ao agirem assim, não se dão nem mais ao cuidado de esconderem a bunda - além de tudo, suja - fora das calças.
Hoje, não mais como ontem, existem muito à espreita e mostrando uma outra versão dos fatos e mais dia menos dia, esses todos serão desmascarados. Tomara, quando isto ocorrer, o estrago não seja tão danoso para o conjunto da população desta cidade. Enfim, os DESIMPORTANTES ainda mostrarão para os IMPORTANTÕES o quanto são danosos nas ações só pensando nos seus botões. Chegará este dia. Um amigo distante lendo o jornal pelos meios virtuais me escreve um curto comentário: “Pelo que a direita espoca nos tristes céus da Sem Limites, venceram”. Veremos até quando durará essa triste vitória, tomara o seja de Pirro.

Em tempo: Samba mesmo a gente constrói ouvindo o povão, os Zé Manés, os que labutam nas quebradas desta cidade, enfrentam o touro à unha, circulam com os ônibus lotados, pagam os tubos por um serviço a desejar, suam a camisa e não querem saber de botar seus nomes em sambas que já chegam com a letra pronta e o mandão a colocar o papel na frente deles só pedindo para que assinem.

Um comentário:

  1. Essa conta que ele fez todo mundo devia estar fazendo. Não entendo a lógica de abrir, ter despesa e trabalho, e não vender, porque ninguém tem dinheiro pra comprar.
    MARIA HELENA FERRARI, livraria Folha Seca, Rio de Janeiro

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