terça-feira, 11 de agosto de 2020

MEMÓRIA ORAL (258)


ELE PERAMBULAVA PELAS RUAS DO CENTRO DA CIDADE E PENSA SABER MUITO BEM COMO SE SAFAR - BOM SABER ESTAR BEM
Eu o conheço de longa data. Não é de Bauru, trata-se de um cidadão do mundo, dia aqui, noutro acolá. Não tem parada, nunca quis permanecer mais do que semanas num lugar. Tem um bichinho dentro de si e ele o redireciona para lugares inauditos. Faz o que sempre tive vontade de fazer, sair pela aí "sem lenço e sem documento", mas contido por amontoado de convenções e proposituras, permaneço fincado, raiz funda aqui na aldeia bauruense. Ele não e das vezes em que tive o prazer de conversar, me contou algo grandioso, meus olhos ficaram marejados, pois tudo o que conta vai muito além das dificuldades. Eles as dribla com sapiência e nem resvala das dificuldades, pois me disse certa feita, "o que vale mesmo a pena é ir andando, passeando, conhecendo lugares diferente. Não aguento muito as mesmas pessoas, preciso me renovar. Gosto de você, mas me canso logo, vou ali, passo um tempo longe e quando volto estou morrendo de saudade de ti, daí conversamos e em pouco tempo colocamos toda a conversa em dia. Quando o assunto se esgota, preciso andar novamente. Sou assim, tenho um bichinho de pé dentro de mim. Não sei o que será de mim quando ficar doente".

Esse senhor tem nome, anotei certa feita, mas perdi o papel e a memória não anda muito boa. O nome pouco me importa, pois o que vale mesmo é a história e o prazer que tive em revê-lo na semana passada e justamente perambulando pelo centro da cidade. Passava de carro pela rua Primeiro de Agosto, ali defronte o Bom Parto, era quase hora do almoço e tenho certeza, era ele, ali na fila da comida. Não tinha como parar naquele momento e nem o faria, pois ando com cagaço de ajuntamentos. O fato é que o vi e sei agora, está bem vivo e pelo que vejo, fazendo o que gosta, perambulando de um lugar a outro, "sem lenço e nem documento".

Neste momento suas histórias devem ser arrebatadoras, mas estou sem condições de parar e ter com ele a conversação necessária, pois nem me aproximar muito poderia fazê-lo, daí fico cá a imaginar o que teria para me contar. Com certeza, como de outras vezes, deve estar muito bem instalado lá no Albergue Noturno, onde me conta, sempre foi muito bem tratado. "Chegava sujo, pó da estrada por todos os poros e lá tinha banho quente garantido e uma boa coberta, sopa deliciosa e um colchão confortável. O pessoal daqui é legal, não gosta dos folgados e aproveitadores, mas entendem bem nossa situação e quando não tentamos tirar vantagens, sempre nos saímos bem", me disse uns dois anos atrás e nunca mais me esqueci. 

Ele ia algumas vezes ali no portão do mafuá e quando via meu carro ali estacionado, parava, apertava a campainha e ficava feliz, por ter a certeza que ao vê-lo pararia tudo o que estava fazendo e ia ter com ele ali no portão. Creio ter sido umas cinco ou seis vezes, sempre com meses de interregno. Queria algo para beber, alguma comida e nunca me pediu dinheiro. Certa feita, espiou pelas frestas e vendo muitos livros nas estantes me pediu um. Forço a memória neste momento para lembrar qual livro te dei, mas não consigo me lembrar. Esse senhor lê e essa só uma das formas de passar tempo. 

Tentei saber mais de sua vida, mas ele me deu um breque, colocou a mão aberta assim na frente do corpo e me disse: "Quer saber por que? Sou um cidadão do mundo, tenho histórias que são só minhas e quero que assim permaneçam. Prefiro não vê-las espalhadas e pelo que vejo, esses livros todos aí, sempre ouvindo música, deve ser bom ouvidor e contador de histórias. Não vai aguentar ao tomar conhecimento da minha e vai querer escrever dela, colocar aí no seu computador e mesmo sem citar meu nome, vai espalhar algo que prefiro guardar só para mim". Desde então nunca mais fui indiscreto e perguntei algo além do que ele queria ir me contando. 

Desta feita, sei que anda pela cidade, nem sabendo se já bateu asas ou ainda circula pelas ruas do centro velho, imediações da linha férrea, praça Rui Barbosa e imediações, mas entristecido, nem pude procurá-lo e se passou em casa, não vendo o carro, deve ter passado direto. Ele me disse que só parava quando via meu carro e como tenho ido muito pouco por lá e nem tendo como garimpá-lo pelos pontos sei o encontraria, escrevo esse texto, cuspido de uma só vez, sem correções, estilo vapt-vupt e assim presto homenagem não só para ele, mas para tantos outros em situações mais ou menos similares. Estes andarilhos e suas histórias sempre me fascinaram. Enfim, que motivos temos para ficar plantados num mesmo lugar uma vida inteira? Creio ser algo parecido com os que ele usa para justificar a necessidade de, com rodinhas nos pés, não ter parada, "eira nem beira" e circular, só que as avessas, pois nós, os acomodados cá estamos trancados, confinados em quarentena e com nossos motivos, ele e outros tantos, com os deles. Vejo proximidade com os meus, andarilho também, um tanto rueiro, mas bicho contido, travado e mais cagão que este simpático cidadão, homenageado neste momento com minhas lembranças. Gente como ele são, além de tudo, provocadores, instigadores e ao abandonar tudo e sair em busca de algo, que nem sei bem o que seria, me sinto apequenado, asas cortadas, planta podada...A 

FOTO COMPROVANDO O CRIME
Nela, o passageiro do helicóptero, o criminoso e corrupto - já comprovado -, também famoso por inflar seu currículo, ministro do Meio Ambiente, sobrevoando dias atrás área de garimpo indígena e com a cara de todos os fazendo parte do desGoverno do Senhor inominável. A fisionomia do dito cujo é daquelas não precisando de legenda, pois diz tudo. Foi para conferir se o estrago está sendo bem feito e ao conferir positivamente, sua expressão não deixa transparecer outra coisa: o mal encarnado, ali em pessoa, o próprio em carne e osso. A destruição do país continua mais acelerada que nunca, ontem um ano do Dia do Fogo, quando o mesmo foi liberado, praticamente sem perseguições e hoje, o país todo em chamas, descontrole total e absoluto, quando fiscais do Ibama são punidos por fiscalizar. Chegamos ao fundo do poço e pouco fazemos pra restituir o que já fomos um dia. Podem conferir, todos os integrantes do staff do Bozo possuem a mesma fisionomia de ironia, de estar fazendo o serviço sujo muito bem feito. Embasbacados continuamos e deixando que tudo aconteça, sem esboçar uma reação que os incomode, que os impeçam de continuar. Esperar que a lei vigente, a Justiça faça e cumpra sua parte é por demais lento, talvez nem ocorrendo, pois o conluio a destruir o país continua em plena vigência, mais operante impossível. Passou da hora de algo ser feito contra estes malversadores do que ainda possuímos de dignidade. Fotos como esta deveriam servir de ESTOPIM para uma revolta tomando conta das ruas.

A BÚSSOLA
Assisti semana passada e li na última edição de Carta Capital, a melhor revista semana do nosso mundo, entrevista com o ex-ministro de Ciência e Tecnologia do primeiro governo Lula, o socialista ROBERTO AMARAL sua afirmação: "Toda vez que tinha alguma dúvida se estava no caminho certo, a direita me dizia: 'você está errado'. Você está no caminho certo porque está errado. A direita me ajudou muito. Ela é minha bússola ese estou incomodando é porque estou cumprindo o meu papel".

A direita sempre foi nossa bússola e é exatamente isto: toda vez que nos critica por algo, daí a mais absoluta certeza, a de estarmos no caminho certo. Uma nota simples, direta e reta, devendo ser utilizada para tudo. Quando estão conformados conosco e nada dizem, motivo para preocupação e para checar o rumo do que fazemos. Já quando estão nos nossos calcanhares, motivo de júbilo e contentamento, pois se os incomodamos, se estão preocupados, eis estarmos agindo e fazendo exatamente o que deve ser feito.

A GRANA DA LEI ALDIR BLANC ESTÁ PARA CHEGAR E NÃO PODE PEGAR NINGUÉM DE CALÇA CURTA
Cobrar faz parte do negócio. Sei não ser fácil fazer um cadastro bem ampliado da Cultura bauruense, bem abrangente, com todas suas áreas, sem esquecer ninguém, mas tempo houve e agora, quando às portas da grana poder chegar até estes, nada melhor do que, cobrar do poder público, de quem está lá na SMC - Secretária Municipal de Cultura, pois já deu tempo de ter algo bem consistente em mãos.

Daí a pergunta, a quantas anda o cadastro? Está bem avançado? Como está sua abrangência? E os prazos, o que podem nos dizer? A gente instiga, provoca, pergunta, questiona até por saber que, com as atividades paralisadas, muita gente lá da Cultura deve estar se debruçando diariamente sobre isso, com muitos até trabalhando de suas casas, mas com tudo já devidamente preparado, não deixando a classe artística sem receber essa tão almejada ajuda neste período tão doloroso. 

Tem muita gente querendo e se propondo a ajudar, tudo para unidos não perder essa oportunidade de, num desGoverrno tão débil e ruim, ter algo em prol dos artistas.

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