terça-feira, 6 de outubro de 2020

BAURU POR AÍ (182)


A MAIS NOVA CRIA PARIDA DAS ENTRANHAS DAS QUEBRADAS BAURUENSES - E TENDO ESTE MAFUENTO COMO PREFACIADOR
Essa história é para mim o must destes tempos de reclusão e pandemia. Vivo fechado em copas, no recesso do lar e muito raramente boto as caras e as asas nas ruas. Tento tocar a vida daqui de dentro, lendo muito e fazendo contatos daqui e dali, tudo para demorar um bocadinho mais para enloquecer - que todos enloquecerão, disto não tenho a menor dúvida, mas tento dificultar e retardar a coisa pra mais longe. 

Escrevi por aqui tempos atrás de mais uma coletânea de gente bauruense publicando nestes tempos, os do grupo Expressão Poética, com a antologia "Cães Bélicos". A partir do que escrevi, recebi um inusitado convite, o de prefaciar algo naqueles meses ainda sendo gestado, parido aos poucos, um livro com uma coletânea de poetas e cronistas das entranhas desta aldeia. Eles mesmo sabem estarem à margem de tudo, principalmente dos olhos da mídia massiva e de tudo o mais. São dezesseis instigantes e provocadores cidadãos e cidadãs, escrevinhadores destes tempos e se unindo para colocar em circulação o que fazem. Conseguiram seu intento reunindo forças, mas o que seria isso? Simples, acada um pagou pela impressão da tiragem inicial de cento e pouco livros e eles acabaram de sair do forno. 

O grupo se denomina "NÓS, A SUAVE TEMPESTADE", o mesmo nome do livro, com os nomes na capa dos seus organizadores: Leonardo Praconaro, Lauro Neto, Hítalo Souza e Amanda Helena. Cada qual usou o espaço para fazer uma breve apresentação inicial e depois tascou seu escrito, despejado no estilo que sabem fazer, o advindo das entranhas destas terras, com muito "sangue, suor e lágrimas". Sou suspeito para escrever se gostei, pois eles todos me conquistaram quando recebi o convite para prefaciar a obra. Ou seja, recebi em primeira mão muitos dos escritos e os devorei com gula, pensando em como cada um escreveu, onde estava, qual a situação, o que sentia, daí por diante. Me coloquei na pele deles, ou ao menso tentei e suei frio a cada leitura. Hoje o livro está pronto e eles buscando uma forma de colocá-los em circulação. Não podem fazer um lançamento num local público, pois a pandemia continua fazendo vítimas e daí Amanda, uma das endiabradas do grupo me presenteia com um exemplar e me passa mais uma missão: "Veja o que pode fazer pela divulgação". Na dedicatória que me fez algo assim: "Para Henrique, padrinho da criança. Com carinho e gratidão, orgulho desse prefácio fera!!!".

Chorei e diante de missão tão arrebatadora e de difícil solução, enfim, como dar vazão diante de tudo aí fora conspirando contra, fazer circular este livro e torná-lo conhecido. Repasso este texto inicial para amigos instalados dentro de órgãos de comunicação, com pedido para todos: façam algo pro este livro, está nas mãos de vocês torná-los menos marginal. Pedido espalhado, aguardo que a mensagem seja recebida e se espalhe, saia divulgada pelos quatro cantos. Faço força, mentalizo positivo e creio ser possível, pois esse pessoal e bom pra caramba.

Abaixo reproduzo o meu prefácio, escrito dentro do espírito do que senti, um fervor me subindo espinha acima, na medida que ia lendo o que esse povo escreveu. Espero que assim como fui arrebatado, muito outros o sejam, comprem os livros e façam eles imprimirem mais. Quem puder, por favor, compre o livro e espalhe essa revolucionária idéia mundo afora.

Prefácio
Cansei de ler algo sobre os figurões, os vetustos que sempre pululam pelas páginas dos conhecidos meios de comunicação massivos. Tenho comigo que, estes possuem canais próprios de divulgação do que fazem, como e porque fazem. Fujo destes. Cavo outras leituras, outros ambientes e principalmente, quero me inteirar de outras possibilidades. Essas são tão poucas. Difíceis, pois publicar e se fazer aparecer num mundo jogando contra não é tarefa das mais fáceis. O meio mais recomendável hoje é fazê-lo pelas redes sociais e seus canais, mas ali tudo fragmentado e para pescar algo diferente, ousado, batendo de frente com o proposto, só mesmo com muito garimpo.

E quanto tudo isso se apresenta assim na sua frente, pronto e acabado, reunião de gente guerreira, buscando espaço, produzindo no fio da navalha, o que fazer? Caio de boca, mergulho de cabeça e quase nunca me decepciono. A coletânea inaugural deste “Nós, a suave tempestade”, reunindo de forma magistral muitos destes fora do circuito é para endoidecer gente sã. Prova inconteste de muita resistência, insistência e persistência, tudo junto e misturado. Conheço muitos dos aqui reunidos pelos reencontros proporcionados pelas trombadas da vida e agora, através dessa rica e única possibilidade, tomo conhecimento de algo mais, o que vai pelas cabeças e mentes mais que pulsantes, sei estar diante de originais desbravadores destes novos tempos.

Eu, do alto dos meus 60 anos, faço parte de uma engajada geração. Muito produzimos, fizemos e acontecemos. Muitos de nós continuam nas paradas de sucesso, cada qual ao seu modo e jeito. Muitos desistiram ao longo do tempo, outros já se foram e os espaços estão sempre se renovando. Antes, confesso, era mais fácil publicar, mesmo sem o advento internet. Tínhamos mais livrarias, editoras, sebos, bancas de jornais e gente apostando fichas em novidades, principalmente as atuando e tendo como guia algo fora do padrão convencional. O mundo mudou, relações se estreitaram, o individualismo virou uma praga e mesmo diante de tanta dificuldade, ver gente disposta a transpor e romper barreiras é mais do que alvissareiro. Eu me encanto, me deixo levar pelo ímpeto e no que fazem também me sinto revigorado. Tudo é assim mesmo, conseguido com “sangue, suor e lágrimas”.

O pulsar dessa literatura das quebradas me conduz e contagia. É mais que um mero alento para os tempos atuais. Com o aqui propiciado algo mais, revelador do que vai pela cabeça de geração sendo construída no caos e entre tropeços, se esgueirando para não caírem na vala comum. Algo da necessária renovação está aqui reunida, mostrando outros caminhos, numa proposta não só alternativa, mas de sobrevivência dos de baixo, os que lutam com suas próprias armas para sobreviver na selva consumista e a engolir incautos, desavisados e os que se deixam levar. Aqui uma amostra dos que não se deixam levar. O livro propondo esse novíssimo voo de Ícaro é um marco. Que com ele, essa chama não mais se apague e os desde Lado B deste canto do mundo se unam cada vez mais, se mostrem, se apresentem e vicejem, pois competência e disposição, todos possuem aos borbotões. 

Fui arrebatado pelo que aqui li. Eles, até sem o saberem seguem o que muitos já fizeram, fazem e eles, certamente farão, dando continuidade em rebeldia tão necessária, expressa numa frase: “Não nasci para aceitar as coisas como elas se apresentam. Quem nos salvará da seriedade? Nenhum monopólio jamais foi capaz de aceitar uma brincadeira”, escritor Júlio Cortazar (1914/1984). Ah, se um adentrando a terceira idade pudesse ser aceito no grupo, me juntaria sem pestanejar a quem propõe saídas bem distantes das ditadas e impostas pelos meios convencionais. Rejuvenescem e recarregam baterias de quem pensava em se aposentar. 

Acenderam aquele fogo interno quase apagado e agora só penso em esgrimar, me juntar junto a eles nas trincheiras de resistência.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista, professor de História, minúsculo comerciante, blogueiro e andante das causas sociais, muito fora do padrão convencional (www.mafuadohpa.blogspot.com).


CORRIDA ATRÁS DO PÃO MAIS BARATO - NA PERIFERIA É MAIS BARATO QUE NA ZONA SUL.
Tudo tem subido desmedidamente de preço, algo surreal em tempos de pandemia, quando a contenção seria o melhor papel, principalmente o do empresário, ainda mais quando o aumento, pelo que se observa parte dos maiores, os mais abastados e os que estão ganhando mais nestes tempos. Eu, na qualidade de bom degustador e guloso por PÃES, resolvi fazer uma pesquisa por conta própria e constatar in loco a quantas anda o preço de alguns dos pães cidade afora. Preferi não percorrer padaria, até porque não conseguiria fazê-lo nestes tempos de quase absoluta reclusão. Escolhi aleatoriamente alguns supermercados: Confiança Rodoviária, Panelão Santa Edwirges, São Judas Tadeu da rua 1º de Agosto e por fim, o Tauste da rua Rio Branco. 

Publico as quatro fotos com o preços auferidos e para pães, mais ou menos do mesmo tamanho e denominação, Pão da Família/Fazenda. O que constatei eu descrevo na sequência e não me assusta, nem representa novidade é o seguinte: o pão é consideravelmnete mais barato nos mercados menores e com unidades na periferia. Os dois da Zona Sul, Tauste e Confiança possuem preços mais ou menos similares, entre R$ 6,00 e R$ 7,50 a unidade e os do Panelão e do São Judas entre R$ 2,75 e R$ 3,50. Qual a conclusão mais simplista que se tem desta comparação? A minha foi a de que quem atende o pessoal com menos recursos e o faz com menos pompa vende mais barato e quem oferece mais pompa vende mais caro.

Alguma novidade? Creio que não. Se o mesmo for feito em padarias da periferia da cidade e nas pomposas da Zona Sul, o resultado será o mesmo. E daí, o algo mais, se isso acontece com o pão, feito no lugar, com padaria própria, qual seria os preços dos demais produtos? Quem poderia dizer algo mais é quem faz compra todo dia e acompanhou, por exemplo, a desmedida alta do preço do arroz, o baluarte dos últimos aumentos. Por que fiz isso? Simples comparação e constatação. As conclusões tirem todos e todas...

O MURO DO ROQUE NA CASA DA TATIANA E FILHOS
Ficou lindo. Ela, Tatiana Calmon foi de uma sensibilidade imensa ao ocupar o muro da casa onde vive, o reduto do Roque, dela e seus dois filhos, com a história do Roque, relembrando no traço, pincel e grafite de artistas reconhecidamente populares, todos com a vertente da luta empreendida pelo nosso eterno militante. Bauru não possui murais, algo tão lindo de ser ver, pois neles um bocado da história do retratado. Este, creio eu, o primeiro, pois ali Tatiana deve ter sentado, pensado muito até chegar na decisão final de tudo o que deveria estar ali contido. Ela foi precisa, cirúrgica e foi dando as dicas para os artistas, que iam deitando e rolando no espaço que tinham pela frente. O resultado é não só a cara do Roque, como também a da Tati, dos seus filhos e de quem esteve a vida inteira dedicado numa militância infindável. Espero muito em breve poder ir lá, olhar pessoalmente, tirar minhas próprias fotos, talvez até com a explicação da própria Tati para cada pedacinho ali contido. Eu me emociono com o que vejo, pois fui ali incontáveis vezes, na maioria para não só visitar Roque, mas para buscá-lo ou levá-lo de incursões juntos cidade afora. Falo muito neste momento de minha vida com Marcos Resende, o Comunista em Ação, um hoje isolado militante, assim como o bravo guerreiro que lutava contra os moinhos praticamente sózinho e ele me diz em todas as vezes: "Não vou deixar o idela de Roque ser esquecido. Eu vou estar aqui para lembrar a todos que a luta se dá dessa forma". O muro agora pronto está num local um tanto restrito, dentro do residencial no coração da periferia, mas no fundo até acjo bom, pois terá visitação controlado e bestiais não poderão danificá-lo. Esse é um presente de Tatiana para a cidade e nele deveria ter um cantinho reservado para os visitantes irem com um pincel acrescentando seus nomes e datas de visitação - só os que a Tati permitir que o façam. Ainda vejo tudo de longe e vejo do que está sendo entregue, pronto e acabado, um maravilhoso mural, o primeiro desta cidade, reverenciando nosso maior e mais ilustre militantes das causas sociais. Ficou mais que ótimo e tem a cara da sensibilidade da Tatiana. Eis o link do vídeo da Tatiana: https://www.facebook.com/tatiana.calmon/videos/3484375894916586

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