quarta-feira, 28 de outubro de 2020

DIÁRIO DE CUBA (205)


QUESTÕES DE PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA UTILIZAÇÃO ELEITORAL
Que a questão do patrimônio cultural de Bauru é algo mais do que latente não tenho a menor dúvida. Discutir isso algo básico, necessário e não somente nas vésperas de eleições municipais. Pipocam pela rede social manifestações de candidatos a vereadores posando para fotos diante de locais tombados como patrimônio histórico na cidade e na voz destes, a solução para tudo o que existe de problema ou até pior, a velha ladainha: "Eu avisei anos atrás e nada foi feito". Vir de vez em quando deixar um recadinho no facebook, demonstrando alguma preocupação e nada fazer por aquilo, só se lembrando agora, quando por obra do acaso, coincidência, também é candidato, escancara a sordidez de como tudo é tratado. De pouca valia o sujeito ir agora lá diante da casa em ruínas e se dizer revoltado de como deixaram tudo chegar na situação atual, mas até então não participou de nada para reverter e esclarecer a questão, procedimentos a envolver o tema.

Cá do meu canto canso da baboseira de alguns que, sem saber como fazer sua campanha, querem agora se mostrar o mais interessado deste mundo, cheio de proposituras e soluções. Pavio curto, tolerância zero. Ontem recebo ligação de um destes pedindo informações sobre a Casa dos Pioneiros, o último resquício dos primórdios desta cidade, ali quase junto da Baixada do Silvino - onde a cidade nasceu -, rua Araújo Leite, quadra de cima do rio Bauru. O sujeito foi lá viu as ruínas e quer agora, neste momento saber a quantas anda a situação.

Quando assim tratadas, como mera questão para tentar passar imagem de bom mocinho, faço pouco caso. Até que não fui grosseiro, dizendo para ele procurar lá no Museu Ferroviário, onde estão os arquivos do CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Bauru, pois tendo acesso ao processo poderá ser inteirar melhor.

Eu e tantos outros que nos enfronhamos por algum tempo com essas questões aceitamos e estamos sempre à disposição, mas tudo tem um limite. Véspera de eleição é terreno fértil para algo desta natureza, onde muitos vazem varredura cidade afora em busca de fotos reluzentes, onde mostrem uma Bauru foram dos padrões e com eles lá na Câmara, tudo diferente, atenção mais que especial. Sei que muitos como eu filtram isso tudo e quando diante dessa publicidade barata e pueril, daí é que nem como última alternativa iremos votar em alguém assim, mas sabemos, existem muitos comprando gato por lebre. Ando querendo distância de tanta coisa por estes tempos, cada vez mais encrenqueiro.
EM TEMPO: Ainda mais quando vejo que o questionador é mais um bolsonarista enrustido - ou mesmo declarado, explícito, fazendo de tudo e mais um pouco para adentrar o mundo da política remunerada, sem nada por detrás, só ele mesmo e seus interesses.

CUBA E NOVA ZELÂNDIA COM A BOLA CHEIA / BRASIL E EUA COM A BOLA MURCHA
Essas ilhas são mesmo do balacobaco. Cito dois auspiciosos exemplos só para aguçar a curiosidade e ampliar o debate: como é possível lugares tão mequetrefes diante da ostentação deste mundo dominado pelo capitalismo mais predatório e pelas leis dilacerantes do mercado ter conseguido dominar o touro a unha da pandemia e os importantões e se dizendo valentões e cheios de pompa e ostentação estão praticamente de joelhos?

Cuba e Nova Zelândia são dois exemplos de como devia ser de fato o trato de um país para com a pandemia. Souberam fechar suas portas para tudo o mais no momento certo, sem dar voz e aceitar pressões baratas e pueris. Não sei se existe muita relação pelo fato de serem países pequenos, ambos ilhas, com controle mais facilitado, mas diante de tanta barbaridade, um fecha e abre inconstante, ambos se mostraram firmes e convictos do que faziam. a pequena ilha caribenha, tão ultrajada pelos boçais enfurnados dentro do capitalismo, os que não aceitam um país comunista conseguir sobreviver rodeado de tanta coisa oferecida pelo capitalismo. Cuba resiste, persiste e insiste, numa demonstração de força, mais do que alvissareira, verdadeira ação de amor de seus governantes para com os governados. O mesmo acontece na Nova Zelândia, um país quase no "fim do mundo", exemplo em tantas coisas, com uma primeira ministra, Jacinta Ardern, sendo agora reeleita e recompensada nas urnas.

Ressalto algo que acabei de ler sobre a situação deste país: "Vivemos em mundo cada vez mais polarizado, um lugar onde muitos perderam a capacidade de ver o ponto de vista dos outros. Espero que neste momento a Nova Zelândia tenha mostrado que não somos assim. Que, como nação, podemos escutar e debater. Somos pequenos demais para perder de vista a perspectiva dos outros. As eleições nem sempre são boas para unir, mas também não precisam separar". Sabe o que extraio disso, algo bem simples. O novo governo será significativamente mais progressista e inclinado á esquerda do que sua versão anterior. A Nova Zelândia, país capitalista, resolve seus problemas e se mostra com a solução querer ser mais socialista. Ou seja, a sensibilidade está, quer queiram ou não nos e com os países com tendência mais socializadas e socializantes.

Lindo isso. Algo pouco compreensível é um país como o Brasil, diante de todo o avanço que tivemos até bem pouco tempo, ter retrocedido tanto, recuado e hoje ser considerado um pária mundial. Um país como Cuba, imensamente mais pobre, porém há tempos com atuação voltada para atender expectativas de seus habitantes, não as tais ditadas pelas leis do mercado, mas as para estar ao lado daquelas onde o ser humano é lavado em consideração. Países como Cuba e Nova Zelândia não menosprezam a ciência, não insistem em planos pessoais de governança, onde um amalucado sobe ao poder e impõe remédio sem nenhum comprovação científica. O Brasil de Bolsonaro além do desastre já demonstrado, segue num caminho diferente, caminhando aceleradamente para o caos. Ah, como Cuba e Nova Zelândia enchem os olhos deste modesto escrevinhador de lágrimas, algo pelo qual o Brasil se distancia e a tendência atual, se nada ocorrer é voltarmos a eras parecidas com a da pedra lascada.

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