quinta-feira, 1 de outubro de 2020

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (93)


"A ARTE DE FURTAR" - O CASO DE AGUDOS, QUE PODERIA TAMBÉM SER O DA COHAB, AHB...
A máfia sendo desbaratada e atuando dentro da Câmara de Vereadores da vizinha Agudos não surpreende. Denúncias existiam de algo mais do que estranho. Quando cassaram o atual prefeito, algo depois desfeito pela inconsistência do realizado, aquilo já era prenúncio de algo mais do que estranho, um conluio onde quem se posicionava contrário aos interesses em curso era não só desqualificado, mas destituido. A pouca vergonha estava institucionalizada e tomava conta de tudo. A cidade inteira sabia o que acontecia, até denunciava, mas não encontrava força suficiente para modificar o estado das coisas. Muita gente poderosa sempre esteve por detrás e até comandando o que estava em curso. Hoje, quando ocorre o estouro da boiada, tudo começa a aparecer, a sujeira jogada pra debaixo do tapete desponta e todos ficam sabendo de detalhes escabrosos. No JC de ontem: "...o foco seria descobrir se esta entidade interferiu nos processos de cassação, conduzidos pela Câmara Municipal, bem como saber os motivos que levaram o prefeito ao rompimento do contrato. (...) A hipótese considerada é que os dois processos de cassação tenham sido desencadeados após o chefe do Executivo agudense rescindir, em junho de 2019, o contrato como uma Organização Social (OS) que administrava uma Unidade de Saúde do município". 

Vereadores, pagos pelo município para investigar e estar atentos ao que faz o Executivo, quando agem ao contrário, constituem por si só uma Máfia, uma organização criminosa e lesam o erário público da forma mais vil possível. Evidente que, para tudo chegar nas cassações ocorridas não contou com a participação somente dos dois vereadores até agora citados. Quantos mais faziam parte do conluio criminoso e corrupto? A cidade quer saber, até porque muitos concorrem novamente à reeleição. Impossível não associar o que se vê ocorrendo neste momento em Agudos com "A Arte de Furtar", (Fritz Utzeri, Jornal do Brasil, 30/11/2000):

Peça rápida em um ato.
Cenário: redação de jornal.
Editor acaba de saber da prisão de um banqueiro, acusado de dar um golpe em correntistas e procura palavra para a manchete.
"Que tal roubo?", pergunta o editor.
"É perigoso", responde o redator. "Além disso, roubo implica violência".
"Duvido", diz o editor, pega o Aurélio e lê: "Roubar." A primeira definição é com violência, mas lá vem. "Furtar, subtrair coisa alheia", e tem mais, "apropriar-se fradulentamente de; subtrair."
"Taqui, ó!", grita o editor em triunfo e roubo vai para a manchete.
Logo estabelece-se a dúvida na cabeça do editor e um advogado é consultado a respeito. Vai logo afirmando que "tecnicamente não é bem assim, não é roubo".
Editor: "Ah é? E como chamar isso?"
Advogado: "Apropriação... talvez... É preciso ver os detalhes técnicos."
Editor: "E quem se apropria é o queê? Não é ladrão?"
Advogado: "Não é bem assim..."
Editor: "Quem subtrai uma laranja numa feira, está fazendo o quê?"
Advogado (rápido): "Furtando."
Editor: "E quem furta é o quê?"
Advogado (rápido): "Ladrão!"
Editor: "E quem some com a dinheirama deste caso, de um monte de gente pobre é o quê?"
Advogado: "Bom... depende... tecnicamente..."
(pano rápido)

A CÂMARA DE VEREADORES DE AGUDOS ENVERGONHA NÃO SÓ AQUELA CIDADE, MAS TUDO À SUA VOLTA
O que veio á tona comprova algo de muito sujo, sendo ali praticado e não é de hoje, agora escancarado e a cada dia, com o desenrolar das apurações, cai a fachada que alguns insistiam em manter. Agudos está degenerada e necessitando de intervenção, mas não sua Prefeitura Municipal e sim, sua Câmara de Vereadores. Eis o link: https://www.facebook.com/ze.majewski.7/posts/1575294295997350 

COISAS QUE NÃO ME ENTRAM NA CABEÇA - O QUE PODE E O QUE NÃO PODE SER DIVULGADO PELA IMPRENSA MASSIVA
Acontece todo santo dia, mas não consigo entender e se alguém o conseguir, que o faça, pois as coisas não batem aqui no fechamento da minha cachola. Leio jornais, vejo TV e ouço rádios e em todos estes meios de comunicação massivos algo como um escamoteamento das informações, saindo truncadas e para favorecer alguém. Impossível pensar diferente. Pensem comigo. Uma farmácia de manipulação do centro de Bauru é autuada por produzir fórmulas se utilizando do nome de médico. Denunciada por este, a polícia entra em ação, investiga e ontem escancara o negócio, prende o proprietário do estabelecimento e o farmacêtico responsável. Maravilha, tudo dentro dos conformes. Mas, cadê o nome dos tais presos e o da farmácia? Os que lesaram os códigos de ética e normalidade funcional e o fizeram para uferir lucros desmedidos. A justificativa de toda a imprensa é que os nomes não foram divulgados pela polícia, daí não foram informados. Sou de um tempo que, jornalista não esperava a notícia cair no seu colo e quando vinha truncada, faltando exatamente a parte mais saborosa, ele ia atrás, investigava e tudo saia no dia seguinte em manchete. Hoje, pelo visto, não mais. Se ela não chega completa, vai ao ar pela metade mesmo. De que vale algo truncado dessa forma? Pra mim, denigre o jornalismo e o órgão que divulga pela metade.

Esse caso acima pode ser considerado o Caso 1. Teve também o Caso 2, mais ou menos ocorrendo da mesma forma e jeito. Quase no mesmo dia uma Operação da Polícia Federal cumpre buscas em empresas de Bauru, postos de combustível, na desarticulação de braço financeiro que há mais de dez anos (informações da imprensa) atuavam em conluio com facção criminosa paulista. Li, ouvi e vi tudo o que pude e não ouvi a menção do nome da tal facção criminosa, apesar de até as pedras do reino mineral saber qual se trata e não citam em nenhum momento o nome ou localização dos tais postos de combustível. Ou seja, matéria truncada, pela metade, faltando o principal.
Teve também o Caso 3, esse a envolver o mundo da política e de outros interesses em questão. Foi no caso da prisão do vereador de Agudos e seu irmão de Paulistânia. Em tudo o que li, vi e ouvi a clara alusão de que não agiram sózinhos, pois seria mesmo impossível fazer tudo o que fizeram, só um isolado vereador. Esse nome saiu, mas nada mais. Ontem num vídeo, não divulgado pela mídia, um bate boca entre vereadores, acusações gravíssimas, que se fosse algo a envolver a oposição, para ser mais claro, alguém do PT, estariam todos com seus nomes na lama. Existe reservas na divulgação de alguns nomes. Não chamo isso de zêlo, mas é que casos dessa natureza acontecem costumeiramente e não podem ser considerados casos isolados. Resvalando em alguém com algum poder local, inclusive com influência e até mesmo sendo também anunciante, ou fomentador de jabas, daí pouco e nada sairá.

Escrevo sobre essas três ocorrências, quase todas no mesmo espaço de tempo e em todas, algo muito parecido, diria, procedimentos idênticos. Mudou a imprensa ou mudou eu? Que isso sirva de uma boa discussão sobre esses procedimentos na esfera jornalística. Aguardo alguma repercussão...
                      Depois de ler tudo, eis dos motivos da importância de Mafalda...

Um comentário:

  1. COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK DO PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS:
    Ricardo De Callis Pesce - O jornalismo interiorano não é investigativo. Funciona somente à base de "releases". O que noticiam é fornecido pela própria fonte geradora do fato. A imprensa interiorana não divulga nomes, principalmente quando se trata de crimes do colarinho branco. E o motivo é simples: em muitos casos, os envolvidos - "gente de bem" que se descuidou momentaneamente de ser discreta - vão dar a volta por cima. Serão inocentados por um Judiciário que existe só pra condenar os "ppp" da vida. E, uma vez "reabilitados", esses "senhores" continuarão sendo anunciantes potenciais desses veículos. E, do ponto de vista das publicações interioranas, também é melhor tê-los como anunciantes potenciais do que, eventualmente, enfrentá-los em uma ação por reparação de danos decorrente da citação nominal, após a inarredável absolvição ou, simplesmente, do esquecimento do caso. É muito interessante o combate à corrupção no Brasil.

    Dino Magnoni - Ricardo, não há jornalismo, há jornalistas investigativos que exercitam mais ou menos a sua disposição e coragem investigativa, conforme tem mais ou menos liberdade e suporte para realizar as suas investigações. E quando o árduo trabalho é realizado e publicado, os veículo fatura a maior parcela dos louros e ainda exige que o profissional abra mão de direitos autores (principalmente na TV) para que possa ser reapresentado indefinidamente. O jornalismo "liberal", desde a metade do século XIX, quando a venda de anúncios passou a sustentar a maior parte dos custos editoriais, sempre foi um arranjo da classe dominante, para formar opinião e ideologia; jamais, para informar isentamente as populações abrangidas por um veículo. Desde quando o antigo arranjo começou a ser definitivamente desarranjado pelos buscadores e outros oligopólios da internet, os jornalistas e as outras categorias que sustentam os veículos foram os primeiros a serem dispensados, achatados, precarizados. Aliás, o modelo trabalhista sem direitos, que desde a "deforma trabalhista" de bolsonero aflige todos os trabalhadores, parece que teve como modelo os jornalistas, que há muito tempo trabalham absolutamente precarizados!

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