quinta-feira, 19 de novembro de 2020

BAURU POR AÍ (183)


PRESSÃO
Ela já começou e estará incontrolável nos próximos dias, tudo para que os que se mostram dispostos a não votar nem num, nem na outra, o façam escolhendo o menos pior. Mas qual representa um lado e qual o outro? Não teria sido melhor se houvéssemos rejeitado a ambos antes de me propor aberrações neste momento?

SE O PAU COME FEIO NA QUESTÃO POLÍTICA EM BAURU, IMAGINE NUMA PEQUENA CIDADE...
Andei acompanhando com a devida atenção como se desenvolve as questões de relacionamento político entre as partes opostas nas diversas cidades na região no entorno de Bauru e uma constatação se faz necessária, a de que se o pau como feio aqui por Bauru, com quase 400 mil habitantes, em cidades de menor porte, desde as minúsculas até as de médio porte, o grau de ódio entre as partes é muito pior, algo irreconciliável. Já havia percebido isso bem nítido quando tive o prazer de escrever um livro sobre a cidade de Reginópolis, 85 km de Bauru, na época com aproximadamente 3500 habitantes. Os lados não se bicavam de jeito nenhum, a ponto de nem se cumprimentarem, quando menos frequentar lugares públicos onde o outro marca presença. Eu, que estava ali de passagem, quando visto conversando pelas ruas com alguém de um dos lados, já era interpelado pelo do outro, se havia me debandado, ou seja, a câmera a filmar tudo e todos permanece ligada nas 24h do dia e de forma ininterrupta capta tudo o que se passa nas relações com o outro. Nada escapa no crivo e na visão do outro. Situação bem Big Brother, estilo 1984, de George Orwell.

Nessa eleição algumas cidades merecem um olhar mais profundo de como se deram essas questões. Agudos uma delas. Mesmo com tudo o que ocorreu num passado não tão recente com a família Octavianni, depois os últimos acontecimentos e envolvimentos de vereadores em algo sendo tratado no âmbito policial, um membro dessa família volta ao poder local. Os bastidores por lá estiveram pegando fogo. Outra cidade foi Paraguaçu Paulista, 30 km de Marília e onde um candidato teve folhetos de fake news circulando pela na última hora com ataques descabidos a um candidato de cunho mais progressista, envolvendo a família deste, onde lá escrito que a mãe do candidato possuía vinculações petistas, como se isso fosse demérito incomensurável. Quero em particular contar algo por aqui dessa história e talvez ocorra nos próximos dias, até para que no conhecimento de uma realidade, uma história, tenhamos uma panorâmica de tudo o mais. São relações nada amigáveis, algumas por demais violentas e ao relatar algo delas, ir demonstrando como, se achamos que o bicho pegue aqui em Bauru, algo muito pior ocorre em outras localidades, lugares onde se você visitar neste momento, possa se iludir e achar que tudo caminhe normalmente, belo lugar, aprazível, vida monótona, porém, tudo com cenário fictício, enganoso, pois debaixo do pano o horror se reproduz.

Em breve algo mais por essa via e meio...

O EMPREENDEDOR DO SINAL FECHADO NO PROGRAMA DA ANA MARIA BRAGA NA TV GLOBO
Ana, a companheira de todas as horas me chama para ver o final de uma matéria no programa matinal da Ana Maria Braga, na indefectível TV Globo. Ela falava de empreendedorismo nos tempos modernos, os atuais. Apresentava para o país um jovem do bairro de Campo Grande, zona tórrida do subúrbio carioca, que até antes da pandemia trabalhava com carteira assinada, vendedor de uma loja de calçados. Despedido, sem eira nem beira se virou e criou seu próprio negócio inspirado em outras experiências. Arrumou roupa de garçom e foi para os sinais de trânsito munido de bandeja, com balde fixado na ponta, onde de camisa de manga comprida o dia inteiro, num calor de aproximadamente 40º, consegue vender com seu jeito extrovertido de 180 a 200 garrafinhas de água sem gás – R$ 2 cada, água com gás – R$ 3 cada ou suco natural R$ 3 cada. Numa conta simples, 180 por dia numa média de R$ 2,50 arrecada aproximadamente R$ 450, tirando as despesas, fica no final de cada dia com algo em torno de R$ 200 a R$ 250. Façam as contas disso no final do mês, em algumas semanas trabalhando cinco dias, noutro seis.

Muitos tentam fazer o mesmo, sem o mesmo sucesso. O rapaz de Campo Grande virou exemplo na TV e ao ser entrevistado se apresenta como um “verdadeiro empreendedor”, dizendo ter também ”agregado valor já na compra da roupa de garçom”. Ele estava muito feliz por ter tido sua experiência levada para a TV e o que não sabe é que a partir de amanhã terá junto de si, talvez até nos mesmos lugares onde atua, outros tantos em busca também de um lugar ao sol. O que não sabe também é que para que obtenha sucesso, outros tantos iguais a ele, centenas ou mesmo milhares não conseguirão obter o mesmo rendimento. Os fatores são muitos, falta de empenho, o lugar escolhido, a concorrência acirrada, etc. Mais que isso, um algo mais sobre o tal do empreendedorismo destes nossos tempos. Falta hoje emprego no capitalismo para fechar a conta e quando muitos estão sobrando, algo precisa acontecer para explicar ou mesmo dizer que, a roda continua girando e com chances para todos. O que poucos ressaltam – ou mesmo fingem não enxergar -, que os tais empreendedores não possuem mais carteira assinada de trabalho e não recolhem mais para a Previdência, assim sendo, estão desprovidos da assistência natural em caso de incidentes e intercorrências no que fazem. Estão atuando ao “deus dará”, sem nenhuma cobertura, a não ser a da sorte. Quando essa continua soprando a favor, grana continua entrando, se ficar doente, chover, envelhecer e perder o pique, estará restringindo e limitando tudo.

O termo EMPREENDEDOR é muito forte para ser empregado a estes, como todos os sem emprego, fazendo de tudo e mais um pouco para continuar ganhando algum. São na verdade renegados do atual sistema neoliberal. O que ainda não captaram é que, se nada mudar, nunca mais terão a tranquilidade de antes. Disseram adeus para toda uma legislação trabalhista que o defendiam, pois hoje não fazem mais parte do sistema legal. Mesmo com suas MEIs – Micro empresas em pleno funcionamento, não fosse o SUS, estariam descobertos em todos os sentidos. Independentes, o Estado não os enxerga mais sob seu guarda-chuva e daí, resta somente se desdobrarem cada vez mais e mais para que nada de ruim lhes aconteça. Termino de assistir, converso a respeito com Ana, ela empolgada pela força demonstrada. Concordo e tento demonstrar que, mesmo ganhando hoje, com essa informalidade instituída nunca conseguirão sair do moto contínuo a eles estabelecida. A TV massiva, aqui na pele de Ana Maria Braga só reforça o quão duro será a coisa pros lados do trabalhador daqui por diante, sem tréguas, descanso e muito menos aposentadoria.

Um comentário:

  1. Sobre "empreendedores":
    Não Há mais contato partidário e sindical com as bases e quando há alguma fala é sempre na superfície e nunca ir para águas mais profundas.
    Você diz que antes era melhor devido a lei trabalhista, só que mais da metade da população não era coberta por esta lei. Além do mais, lei nunca é garantia de dignidade, o trabalhador entrega sua força de trabalho aos patrões, com lei ou sei lei, é a lógica do capital que precisa ser discutida e atacada, coisa que progressistas jamais fizeram, o sonho e a vida do trabalhador não é dele, e sim, de outros, a vida do patrão. Depois não sabem os motivos que levam muitos trabalhadores a buscarem uma "esperança" no outro lado. O termo empreendedor é apenas uma canetada nominal atual para designar o desempregado.

    Sobre eleições é a tragicomédia, a pseudo-esquerda que deixou há tempo de ser propositiva para ser apenas reativa e se agarrar a qualquer merda que se acha "progressista" não consegue ir além de lugares comuns e só fortalece o caminho para mais e mais fracassos.
    O bordão "menos pior" usado e abusado por essa suposta esquerda e muito presente no mafuá, agora levou ao ponto do "de menos pior em menos pior" ver vocês considerarem voto no Raul.

    Como dizia o velho Marx: 'a prática é critério da verdade" e "a história se repete, primeiro como farsa, depois como tragédia". Vocês viraram a esquerda João Gilberto, adoram uma repetição e levará à gigantescas tragédias.

    Declarei voto nulo no primeiro turno e no segundo nulo a décima potência.

    Camarada Insurgente Marcos

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