MARCELO BORGES, PRÓCER TUCANO SE FOI AOS 62 ANOSMarcelo era diferente de tudo o que temos de oposição - ao que eu represento, ele foi situação por muito tempo - em Bauru. Primeiro, alguns amigos me confirmam ter sido a ficha nº 1 do PT na cidade - existe controvérsias - e depois todos os descaminhos, quando se aliou aos tucanos, participando de todo o desastre na sequência, seguindo perfilado até este momento, quando se encontrava no ostracismo, cuidando de sua defesa em atividades pouco honrosas onde havia se metido. Reafirmo, ele foi diferente, pois muitos destes tucanos e outros adversários, enxergavam os do lado de cá como verdadeiros inimigos e nem se davam ao demérito de cumprimentar desafetos. Ele não, pois continuava conversando e trocando opiniões.
A primeira lembrança dele, uma vez que estive fora de Bauru no final dos anos 80, começo dos 90, trabalhando fora da cidade, foi dele ao me ver por aí esbravejando, num destes encontros, que não me lembro qual veio até mim e disse: "Você está trabalhando dentro de qual instituição mesmo?". Ele me achava enfurnado numa Cohab, Cesp ou qualquer outra. O desapontei, dizendo trabalhar por conta própria, o que impedia algum tipo de retaliação ou mesmo perseguição. Depois nos aproximamos, afastamos, digladiamos, mas sempre mantivemos contato. Inesquecível quando ele, muito tempo depois de ter sido vereador, estava ali no Mosquim, a Bauru Cópias, na rua Rio Branco, tirando cópia de seus projetos e me disse: "Você não imagina o barulho que produzia o Guardião, principalmente aquele quando nos colocou, eu e o Segalla como Duas Caras". Naquele dia ele tentou me explicar os seus motivos lá no Residencial Pamplona. Tinha as plantas nas mãos. Disse que, o melhor era não se explicar a mim, mas para a cidade num todo. Ele tentava fazer isto, pois de algo tenho certeza, lá naquele grupo tem personagens muito mais nefastos e perniciosos que ele. Muito mais.
Em outras oportunidades, encontros casuais, conversávamos numa boa, ele especulando, assuntando, trocando opiniões. Fez assim com muitos, a maioria gente que havia militado ao seu lado quando na oposição. Ele se tornou situação, defendeu FHC, Aécio, Alckmin e tudo o mais. Não havia como estar ao seu lado, mas Marcelo não queria perder o vínculo, algo bem diferente de gente como o Ladeira, Lourenço e mesmo Pedro Tobias, por exemplo. Roque me dizia sempre ter sido ele uma pessoa do outro lado lá na Câmara, dentre tudo o que lá existia, dos poucos onde dialogava, conseguia estabelecer conversas aproveitáveis. Essa a imagem que mantenho dele, alguém que gostava de dialogar. Até hoje não sei ao certo e creio ter alguma razão, ele se bandeou para o outro lado, mas sabia estar errado, pois sempre manteve conversas e amizades divergentes. Foi, mas mantinha laços, um pé do lado de cá. Esteve metido em ações lamentáveis e nem por causa disto deixava de conversar, se explicar e tentar dialogar. O hábito sempre foi mantido.
Guardo isso do Marcelo. Certa feita se insurgiu contra mim, quando ainda vereador, me chamando a mim outros dois que lá na Câmara protestávamos (eu, Tristan e Ademar) de os Três Patetas. Anos depois me parou na rua, rimos da situação daqueles dias, foi como um pedido de desculpas. Ele era propenso a atos dessa natureza. Ontem, Marcelo se foi, cedo, pois com 62, ainda tinha lenha para queimar. O fato é que, mesmo ele, militando pela direita, se achava cansado - no caso dele, pelas escolhas feitas, algumas lhe trazendo transtornos - e sem esperanças, pois homem de visão, sabia muito bem, dos erros e culpas cometidos pelo que defendia. Mesmo ele tendo sido pérfido em alguns momentos, não nutro nada além de neste momento, sentir falta das conversas, daquele seu jeitão de se aproximar e estar enfurnado junto de todos os em outro campo político - veja bem, ele não se perfilava, como nós, junto a muitos dos perversos predadores que hoje pululam pela aí. Marcelo, mesmo com tudo de ruim, deixa muita saudade. Poucos são os predispostos à boa conversa hoje em dia, ele era conversador.
OBS.: A última vez que o vi e com ele conversei, naquele dia muito rapidamente, foi no Bar do Genaro, quando Gilberto Maringoni lá esteve hablando sobre sua trajetória e ele lá esteve pelo mesmo motivo que eu, ouvir e conversar (A foto antiga, dele junto a petistas, Apolônio de Carvalho e Lula, faz parte do maravilhoso, único e histórico arquivo pessoal de Pedro Romualdo - o que possui vale quase por um museu inteiro).
Digo e afirmo isto embasado em tudo o que vejo, leio e me informo. Ontem mesmo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio afirma categoricamente que, "o auxílio ao setor cultural não terá continuidade no pós-pandemia, é para este momento e não existe planos de continuidade ou programa análogo". Entenderam? Está tudo tão claro. Passado quase nove meses de pandemia ninguém recebeu nada, a pandemia para eles deve perdurar somente até o final deste ano, quando encerrarão os estudos e quem conseguiu conseguiu, quem não conseguiu sifu.
Apregoaram ser 3 bilhões para pagamento de auxílio emergencial, que até o momento não veio a trabalhadores da cultura, além de subsídios para espaços culturais, editais e prêmios. Com gente como Bolsonaro tomando conta das chaves do cofre, do secretário especial da Cultura, o inculto Mario Frias, o militar presidente da Funarte Lamartine Holanda e mesmo o já citado ministro do Turismo, tenham absoluta certeza, fomos todos engambelados, ludibriados, nos passaram mais uma vez a perna, pois acreditamos em história de carochinha, na boa vontade de pérfidos. Caíamos todos na real, pois já cansei de perder tempo com algo que, decididamente não ocorrerá. O que temos que todos fazer, bem unidos, coesos e compactos é combater esse desGoverno que tanto nos prejudica, apunhala e aniquila. Desculpe, mas reafirmo o que venho dizendo há muito tempo, a Lei Aldir Blanc nunca existiu!
Em tempo: O que mais gostaria de ver acontecer neste momento é queimar minha língua, mas pelo que vejo, isso não ocorrerá. Torcia para isso, mas até isso já descarto. E abomino o uso que fizeram do nome de Aldir Blanc para algo tão pérfido.
O vento forte que poderá abalar as estruturas construídas não se sabe bem como, só serão desanuviadas se algo for feito já e com coragem. Candidatos que se opõe à essa chegada ao poder, como Jorge Moura PT, Gerson do PDT, Renata do PSOL e Crusco do PCO, dos quatorze no páreo precisam mostrar a que vieram e cravar algo contra o que está em construção para governar a cidade nos próximos anos. É agora ou nunca. Faltam três dias de campanha eleitoral pela TV e se nada for feito, estarão jogando a toalha, o que é lamentável. Campanha política é também confronto e isso pouco está ocorrendo nesta. Sem debates e tudo sendo justificado por causa da pandemia, estes que possuem telhado de vidro e poderiam ser alvos de críticas mil e confrontos olhos nos olhos, estão rindo à toa. Se nada ocorrer no horário eleitoral de hoje, vejo que nada mais ocorrerá e nem a ventania, ainda possível, derrubará quem de fato deve ser vergado, podado e posto no chão. A ventania não fará nada sozinha sem a ajuda destes candidatos, os únicos que se opõem ao que se avizinha como desGoverno bauruense. E aí, vão assoprar a coisa ou deixar tudo como está? Reclamar depois de nada adiantará. Tá tudo morno demais e desse jeito, sem vento forte nada se quedará...
Pensei bem se faria esse comentário, fiquei reticente mas acho pertinente se algo de reflexão sair dele, embora não alimento mais esse tipo de esperança.
ResponderExcluirGostaria de nunca ter que escrever um texto sobre sua partida porque quase tudo que escreveu do lado e das escolhas do Marcelo é exatamente nessa mesma situação que se encontra politicamente.
Talvez seja mais fácil eu partir primeiro.
Camarada Insurgente Marcos