Lembro deles, mas não para falar especificamente deles, mas dos motéis populares. Em Bauru existiram muitos hoteizinhos de alta rotatividade - esse o nome dado para o entra e sai -, muitos no centro da cidade e creio, alguns devem ainda servir para essa desafogo sexual, enfim, deve mesmo existir mercado para todas as finalidades. Conhecia um, hotel que antes foi de viajantes, depois virou nesse formato imediatista de livramento sexual. Hoje deve manter as portas abertas como hospedaria para aposentados. Fica ali na quadra 1 da Agenor Meira, num dos portões de entrada da antiga Estação da Cia Paulista. Um senhor que ali trabalha há décadas, já tentei entrevistá-lo, mas ele se esquiva, prefere se manter calado. Uma pena.
Mas também não é deste segmento que quero escrever. Queria mesmo lembrar de um motel, talvez o mais famoso, o que foi durante bom tempo o mais utilizado pelos muitos frequentadores e que se serviam do sexo, buscando parceiros nas ruas da cidade, tanto as do centro, como a Nações Unidas e imediações. Foi o mais frequentado por mulheres e travestis, pois o preço, pelo que se sabe, sempre foi o mais convidativo e acessível. Falo do Mc Love, cuja localização toda pessoa que já buscou serviços sexuais na cidade deve necessariamente ter já tido contato. A pessoa sobe a Nações, passa por debaixo do viaduto da rodovia Rondon e segue até lá embaixo, faz a curva a esquerda, adentrando aquele bairro em frente, perto da Servimed e ali, numa daquelas ruas, o motel. Mais precisamente na rua Nicanor Del Masso, Jardim Contorno.
Seu proprietário foi meu amigo de Escolinha da Rede, o tio Lino - assim sempre o chamamos, desde os tempos de cueiro. Pessoa discreta, dessas que até te conta histórias por lá já ocorridas, mas nunca o nome do santo. Esse é um dos cidadãos que mais sabe da vida íntima de parcela significativa de bauruenses, pois como seu negócio não era dos maiores, ele era coringa no que fazia, ou seja, batia escanteio e corria pra fazer gol. Atendia também como recepcionista na entrada e saída e daí, impossível não ver a cara do cidadão, muitas vezes amigo de outros lugares, mas ele ali impassível, fingindo-se de morto. Certa feita lhe perguntei sobre histórias e ele educadamente se esquivou, ria e dizia ser "a discrição a alma do seu negócio". Temo que tudo o que já viu com esses olhos que um dia a terra há de comer irá com ele como segredo para sua sepultura. Uma pena, pois pelo menos as histórias devem ser deliciosas, saborosas e divertidas, principalmente para quem não as viveu, pois muitas devem ter sido esfregas fantásticos.
Pois bem, toda a cidade sabe que, por ali já aconteceu de tudo e mais um pouco. Tudo dentro da normalidade da noite e de seus segredos, ocorrências muitas vezes inenarráveis. Passo por lá essa semana no meio de uma tarde - desacompanhado, viu! - e vejo tudo com um aspecto de abandono. Desço do carro e fotografo, registros feitos com a cabeça girando em 180º, enfim, o que terá acontecido com o Mc Love? Por onde andará Tio Lino? Terá sido ele mais uma vítima dos efeitos danosos da pandemia e não resistiu à queda do movimento? Sei lá, não tive ainda como checar esses dados, pois não tenho o fone do contato do meu amigo e quando voltar a vê-lo, vou propor uma conversa sobre essas histórias - a cerveja ficaria por minha conta.
Não tive certeza se o motel estava fechado ou estava funcionando meia boca, com pouco zelo, pois vi muito mato crescendo por todos os lados. Fico triste com a ideia do Mc Love fechado, pois vivemos tempos de grana curta e ali um dos lugares mais em conta para aqueles momentos. Se lá fechou, aqueles que hoje de lá se serviam, precisam gastar mais nos demais motéis da região, mais caros ou rodar mais em busca de outros a módicos preços, ou mesmo de um lugar tranquilo, sem muita movimentação, para executar o serviço proposto e combinado entre as partes.
Pois bem, esse texto tem por finalidade uma só coisa: tomar conhecimento se o Mc Love fechou mesmo e do paradeiro do Tio Lino. Me ajudem, pois essas histórias muito me interessam. Não que queira saber da identidade dos frequentadores, longe disso, mas conhecer bocadinho mais da entranhas da noite bauruense, onde aquele lugar teve lugar de destaque por décadas, isso iria para os anais - ui! - da vida noturnica da "sem limites". Creio até que Tio Lino seja merecedor de um Título de Cidadão Bauruense e o Mc Love, Destaque Empresarial. Às avessas ou não, fazem parte da história noturna dessa Bauru ainda pouco descrita.
O BAURU SEM TOMATE É MIXTO CONVOCA TODOS PARA O PONTAPÉ INICIAL NA CONTENDA DE 2021
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Eyyy, o Mc Love está sobre minha administração, adorei a crônica!
ResponderExcluirkkkkk
Vamos conversar, me mande um e-mail, vamos marcar....