quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

MEMÓRIA ORAL (265)


SEU WALDOMIRO, 89 ANOS, ESPERA PELA VACINA EM SUA CASA, ASSIM COMO MILHARES – ELAS AINDA EXISTEM? A VERDADE ESCAMOTEADA E A SAGA DE QUEM ESPERA
“Oi Henrique... Meu sangue ferve......quem vc acha que pode me ajudar fazer uma denúncia do que se passa com meu pai com relação a vacina?????”, recebo esse pedido de SOCORRO via redes sociais e fui me inteirar do que se tratava. Ligo a TV na hora do almoço e assisto algo em rede nacional da saga dos parentes dos idosos e a luta para que eles consigam tomar a vacina, dentro de um cronograma pré-estabelecido, mas pouco cumprido. De um ouço o mais interessante sobre as filas diante dos lugares de vacinação: “De que adianta todos virem até aqui. Datas foram estabelecidas, mas não existe mais vacina para todos. Existe só a vontade de dar a vacina, as equipes de trabalho estão prontas, mas não existe mais o material, a vacina".

Minha amiga Maria Aparecida Lopes quer que relate a sua situação, sua saga e a história de seu pai. Eu conto, pois retratando toda a aflição vivida por ela neste momento, algo servirá para demonstrar o todo, as reais condições daqui e da maioria dos lugares. O que ela vive está longe de ser uma caso isolado. Em Bauru, com a chegada deste desgoverno fundamentalista, as informações são as mais desencontradas possíveis e se antes, confiáveis, hoje deixam a desejar. Não se fala mais coisa com coisa dentro dos órgãos de saúde pública municipal. Ninguém ao certo sabe quando ainda existe de estoque e nem se quem de fato recebeu a vacina são todos os da lista dos primeiros da fila. Bauru não faz testes de covid adequadamente, ou seja, nem a certeza do número de infectados temos, muito menos o de mortos e recuperados. Ouço de um enfermeiro amigo: “Eu já vi bagunça dentro do serviço público, mas como agora não esperava ver. Tá todo mundo batendo cabeça e uma desorganização de dar medo. Estamos com medo de se manifestar, pois esse pessoal é estranho, vingativos e qualquer coisa, uma mera reclamação eles já levam pro outro lado e dizem que estamos jogando contra”.

“Veja a melhor forma de, oportunamente divulgar este despropósito vivido por mim. Além das ligações que te mencionei, falei com mais pessoas e alguns amigos lá na Saúde tentaram a todo custo amenizar a situação..... Deixei claro que não me convenceram.......e que está claro a falta de vacina está é a resposta camuflada. Bem ....Não sei o que vc acha...mas tive aidéia de divulgar uma parte importante de vida do meu pai.....aposentou-se como ferroviário na NOB, mas sua paixão o futebol (onde pensei em dar o foco pessoal). Após a aposentadoria fez parte da diretoria da Liga de Futebol Amador, onde atuou um bom tempo. Até seu Claudio Amantini já esteve aqui em casa em jantares, chegou a ser condecorado. Torcedor do Noroeste e do time do São Paulo. Trabalhou muito. Após completar 80 anos adoeceu ...diabético com Parkinson e outras tantas comorbidades. Está há 8 anos acamado aos cuidados da família. Foi um dos primeiros usuário da PROMAI Bauru, atendimento direcionado ao idoso e recebeu toda a atenção devida até a presente data”, me conta Maria Aparecida, emocionada e aflita por tudo tentar e pouco conseguir pelo seu pai.

Pergunto a ela sobre a programação da vacinação se seu pai e ela me diz: “Confirmei que partiu de lá a solicitação de seu agendamento no programa de vacinação da prefeitura e a informação. Disseram que viriam, agora não confirmam mais, dizem só algo assim: é aguardar e só”. Ela me diz mais: “Tenho quase certeza, as vacinas devem ter acabado e meu pai ficou sem nessa primeira leva. Estou exausta e fica aí a seu critério o que conversamos. Sei que a história dele será mais uma, mas servindo para denunciar algo no todo, vale a pena. Talvez me sinta mais aliviada”. E conclui: “Segue fotos do meu pai, Waldomiro Lopes, hoje com 89 anos e algumas durante o tempo que atuou junto da Liga de Futebol Amador de Bauru. Acho depreciativo ser divulgado mas serve mais para que outros se atentem para o que ele vivenciou. Olho pra ele é sei que cada dia que passa é visível o estrago, possivelmente fatal sem o direito à vacinação. Triste confluir que a dignidade não nos alcança, por interesses mesquinhos longe das possibilidades no final da vida. Imagina minha cabeça como fica diante das atrocidades de nossos dias atuais........Viver é preciso, mas a que preço?”.

Eu quero muito ajudá-la, mas não sei como. Fosse nos governos municipais anteriores, conhecia os secretários Fogolin e depois o Sergio Henrique, poderia até consulta-los e ver o que se passa, mas neste impossível algo sério. Não existe possibilidade de contato com a atual Secretaria da Saúde e se algo for feito em meu nome, temo posso mais prejudicar do que ajudar. Os tempos mudaram, a novíssima (sic) prefeita Suéllen prefere continuar com os embates com o governador e de forma irresponsável culpando-o de tudo e isentando o seu mentor, Bolsonaro, o grande culpado neste momento, pelo que todos clamam, as vacinas. Não foi o Governo Estadual e sim, o Governo Federal, Bolsonaro pessoalmente quem fez pouco caso da pandemia e das vacinas, culminando com o país todo no desespero de hoje. Infelizmente, estamos nas mãos destes, pois foram eleitos por essa Bauru, acreditando em carochinha, em conto de fadas, em Fake News e daí, são eles os responsáveis pela distribuição das vacinas.

Conto sua história e com sua saga agora exposta, talvez alguém se sensibilize e em breve o seu Waldomiro Lopes receba a visita em sua casa, possa tomar a vacina e com isso, todos por lá se acalmem. Eu queria muito poder contar mais detalhes da vida dele, mas creio não ser este o melhor momento. Sua filha, ela que não sai de perto dele um só instante neste momento, repassa muitas coisas, revê sua vida e me diz que, em alguns momento, relembra tudo em voz alta ao seu lado, para ele ir ouvindo. Ela acha que ele pode ir entendendo, que assim vai ganhando uma sobrevida, algo que seria preenchido também com a chegada da vacina, tão esperada por todos, mas o telefone e a campainha deles não tocam. Ela não desiste, continua ligando para todos os conhecidos e também desconhecidos, pois me diz que vai conseguir. Essa a esperança de tantas outras famílias nas mesmas condições, neste país tão sem esperança, de um povo que ainda crê, mesmo as perspectivas não sendo nada boas.


A MENTIRA DO PODER ECONÔMICO
O poder econômico, insensível até não mais poder, espalha faixas pela cidade, como essa, num dos pontos sempre com uma ali fixada - viaduto Duque/Nações -, desta feita a defender os interesses da classe abastada e neoliberal da cidade, uma que prega nada a favor da Ciência e Saúde - nem uma simples menção, mas de uma solução abrindo tudo, se infectando mais e encontrando um só culpado, o governador, fazendo vista grossa, ouvidos de mercador para os grandes culpados pela incidência do vírus tomar proporções alarmantes na cidade, um conjunto da obra maléfica em curso, tendo como expoentes, a novíssima (sic) prefeita Suéllen, o coronel Walace, o vidente Cafeo, o representante da Velha Klan, Pittolli e, evidentemente, o mentor maior, Bolsonaro. De nada adiantarão faixas bem confeccionadas, pois mais dia menos dia, a culpa acabará recaindo sob estes ombros. A foto é do jornalista João Pedro Feza, passando pelo local e também indignado.

PANDEMIA - POEMA DE LÁZARO CARNEIRO
MINHA VIDA ESTÁ DIFÍCIL
ESTOU ENTRE A CRUZ E A ESPADA
DE UM LADO O VÍRUS NA RUA
DO OUTRO A PRISÃO EM CASA
SE SAIO UM POUCO NA RUA
VOLTO MAIS PREOCUPADO
TOMO BANHO TROCO DE ROUPA
PARECE QUE ESTOU CAGADO

TROFÉU BOLSOMÍNION, LAVRA DE UM CONSCIENTE ARTISTA
Décio de Souza é artista de reconhecida cepa, da vizinha Lençóis Paulista e muito já escrevi dele em outras oportunidades neste mesmo espaço. Sente na pele o mesmo sentido hoje pelos bauruenses, vivendo em cidades onde a ideologia e modal bolsonarista estão fazendo de tudo e mais um pouco para prevalecer sobre a normalidade. Os que defendem a Constituição e a vigência das leis ainda nos dando guarida não podemos nos calar diante de tanta iniquidade sendo perpetuada em tempos como os atuais. Existem os que vão minando, pouco a pouco, degrau por degrau todas as conquistas na defesa de nossos direitos. Querem endurecer, tudo para favorecer o grupo autoritário, violento, miliciano, criminoso hoje se fortalecendo e querendo tomar conta do país. Décio é do time dos que resistem e colocam sua arte à serviço da defesa de nossos direitos. Semana passada publica pelas redes sociais algo dessa lavra, numa demonstração de quando a arte está á serviço do bem coletivo, ela é valorosa, imprescindível. Ele nos apresenta sua mais nova cria, o Troféu Bolsomínion. Ver artistas assim se posicionando, sem medo, corajosamente, colocando a cara para bater diante de tantos calados, contritos, se apequenando, isso se chama resistência, grandeza de caráter, honradez e hombridade. Não existe como deixar passar batido o que ele produziu. Seu TROFÉU é mais do que um marco, é algo para ser utilizado por todos nós, para irmos elencando e demarcando a quem tal honraria se encaixa. Sua produção não é para ser esquecida e guardada numa estante qualquer. São tantos os daqui e de lá de Lençóis a trair os interesses populares, jogando contra o bom senso, as regras mínimas da convivência, pessoas nas quais precisamos dizer na lata, que troféus como este foram feitos pensados neles, possuem a cara deles, a da iniquidade e perversidade. Décio fez a sua parte e agora, resta a nós, dar continuidade e distribuir a láurea para os desgraçantes destes tempos. E são muitos, hem!!!

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