terça-feira, 15 de junho de 2021

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (138)


HOJE DEIXO AS AGRURAS PROVENINETES DO COVID E DE SUÉLLEN DE LADO E CONTO HISTÓRIAS DAS ENTRANHAS DESTA TERRA
1.) GERMANO, O SAPATEIRO DO GEISEL
As histórias fluem assim do nada, bastando sair para as ruas e elas pipocam, sendo impossível tomar conhecimento delas e se mostrar indiferente. No meu caso, impossível. A cada uma, já quero reunir dados, consigo um pedaço de papel e ali anoto tudo, os dados fundamentais para depois construir um texto e junto das fotos poder fazer o que gosto, escrever das pessoas, suas atividades e assim multiplica-las. Essa aconteceu semana passada, quando eu Rose Barrenha e Claudio Lago estivemos no bairro Geisel para ver uma questão lá com a Biblioteca Ramal ali na sua avenida principal. Justamente no meio do caminho, ou parte dele, me deparo com a história deste rico personagem. Ei-la aqui, com os detalhes que consegui captar no momento.

JAÍLSON DE OLIVEIRA GERMANO exerce o ofício de sapateiro e ao lado de alguém que ensinou a profissão, sentindo muito orgulho de sua presença ao seu lado, a filha. Pernambucano de nascimento, desde muito cedo esteve envolvido com algo misturado com couro e sapatos. Não parou mais. Ainda muito jovem veio parar em São Paulo, capital e lá prosseguiu atuando no que já tinha algum conhecimento. Na verdade, veio a passeio e acabou ficando, gostou do ritmo da metrópole e aproveitou para não só trabalhar, como se aperfeiçoar no ofício. Trabalhou em fábricas famosas, como projetista de calçados, destacando algumas delas: Don Diego, Babette, Gripp, Brunella, Marielly e outros. Quando chegou em Bauru já estava formado, casado e com três filhas pequenas. Numa delas, a Don Diego, do Rubens Coube, quando esta encerrou suas atividades recebeu em sua casa uma máquina de presponto, com nota transferida para seu nome. Ele viu ali a sua independência, mas faltava algo, uma lixadeira e os cavaletes. Como já estava bem enfronhado no meio, não demorou e vieram outros presentes, estes dados a ele por Jorge Freitas, da Gripp Calçados. Foi a partir deste momento, quando conseguiu conquistar a filha Jaqueline para, não só aprender, como estar ao seu lado, aprendendo com o professor Germano a arte de recuperar sapatos, sandálias, bolsas, mochilas, cintas e artigos de couro em geral. Trabalhou em alguns períodos em outras atividades, mas quando se ficou no Geisel, conquistou além do ponto tradicional e famoso, a segurança de estar ao lado dos seus e de gente confiando nele e no que faz. Além de tudo, a vivência e sapiência de continuar de portas abertas, resistir ao tempo e as intempéries, sua sapataria, na rua Alziro Zarur 5-31 se transformou num local de muita conversa. GERMANO irradia simpatia, esbanja segurança no que faz e assim toca sua vida, independente e soberano, um dos mestres de um ofício dos mais necessários.

2.) QUEM ESTÁ DE PASSAGEM POR BAURU E MERECE TODO CARINHO, RESPEITO E ATENÇÃO
"Essa é Dona Otília de Londrina, é artesã e estará em Bauru durante essa semana com seus trabalhos originários em cestagem e balaios, todos a venda! Dona Otilia também esta precisando de mantimentos alimentícios e o que mais sentirem de doar, portanto, nós da Araci através da parenta @pxtmarginal (MARIANA) estamos aqui divulgando pra vocês e pra quem quiser doar, pode comparecer até onde ela esta alojada, em baixo do viaduto da Duque de Caxias,e fazer sua contribuição e suas compras", Mariza Basso.

Impossível passar pela Nações Unidas e ali bem debaixo do viaduto da Duque, pertinho do Confiança Nações, no espaço que a Prefeitura recentemente reformou e continuando sem ocupação aparente, está novamente necessitando de reparos, pois abandonado foi ocupado e se deteriorando. Desde muito tempo quando esse agrupamento indígena passa por Bauru ali se instala, ou seja, eles circulam por vários lugares do país, vendendo sua arte, a forma que encontraram de sobrevivência. Já os vi ali no mesmo lugar, acobertados pela marquise do viaduto, com os balaios todos expostos e aquele mundão de cores se oferecendo para Bauru. Virou algo da identidade deles. Os vejo na cidade, ora na feira dominical, ora no Calçadão da Batista, ora na praça Rui Barbosa ou nos sinaleiros, esquinas e calçadas, vendendo sua arte e expondo algo da dureza desta vida, onde conseguir unir a arte do fazer com a venda nem sempre se resume em algo dos mais agradáveis.

Assim como dona Otília está linda aqui na foto, todos os demais estão pela aí, cidade afora, em mais um curta temporada. Ela é do time que fica ali debaixo da marquise o tempo todo, cuidando da produção, produzindo mais e aguardando no final de cada dia o retorno de todos, para unidos convergirem as histórias auferidas e o conquistado com as andanças. Flui dali histórias de vida como nenhuma outra, cheias de garra e da pujança do trabalho indígena. Eu já comprei peças deles e estão lá no Mafuá, penduradas mais como ornamentos, pois desde que as obtive, não tive coragem de colocá-las em uso. Fazem parte da decoração do lugar. Vê-las trabalhando, com a agilidade adquirida ao longo do tempo é pra parar e ficar tentando entender isso da trajetória de cada agrupamento dentro deste imenso país continente.

3.) CHICÃO TERENA REUNIU FORÇAS E ESTÁ HOJE EM BRASÍLIA NA LUTA DE SEU POVO CONTRA AS INJUSTIÇAS DESTES TEMPOS
Ontem numa reunião partidária do PT, ressalto algo, quando Roberto Claro, sindicalista ligado aos Eletricitários nos disse que, hoje estaria envolvido no movimento grevista de sua categoria, nessa luta contra o desejo desse genocida desGoverno Federal de privatizar a Eletrobrás. Seriam 48 hs de paralisação e conscientização e de todos, deu para perceber, algo do desejo de "boa sorte" e muito mais, não pela greve em si, um direito como outro qualquer, mas pelo momento vivido, quando as liberdades estão sendo cerceadas e até impedidas de acontecer. Enfim, hoje precisamos desejar "boa sorte" para qualquer movimento grevista, mesmo sendo ele o mais natural do mundo, como o que está sendo feito pelos eletricitários neste momento.

Lembro dessa historinha, para entrar em outra. Hoje acontece em Brasília, a capital federal, outro momento de luta, resistência e algo mais do que necessário diante das atrocidades cometidas repetidamente pelo pessoal instalado em Brasília após o golpe de 2016. "Cerca de 700 indígenas, de 25 povos de todas as regiões brasileiras, mobilizados contra a agenda anti-indígena no Congresso Nacional e pela derrota do Marco Temporal marcharam essa manhã rumo ao Ministério da Justiça. Ao final da caminhada, estenderam um bandeirão pedindo justiça aos povos indígenas. Siga @apiboficial nas redes e fortaleça a luta dos povos indígenas.
Apoie o acampamento clicando no link na bio: http://bit.ly/levantedoe e fortaleça a mobilização dos povos indígenas"
, leio hoje e aqui compartilho.

Acompanhei toda a "luta" do cacique Chicão Terena, da vizinha aldeia de Avaí SP, reunindo forças para estar junto das nações indígenas hoje em Brasília e quando o vejo por lá, enfrentando a covid, as adversidades e tudo o mais, movido pela causa maior, a sua luta, a de seu povo, sinto renovadas as esperanças. Ele, nosso cacique conseguiu, ele está lá, lutando por todos e cumprindo o seu papel, o que todo brasileiro deveria fazer neste momento, resistir e enfrentar o touro a unha, tudo para defenestrar os genocidas e milicianos do poder. Ao ver a foto do cacique aqui de nossa região ao lado de Guilherme Boulos, eu sei ele estar empreendendo a boa e necessária luta e o parabenizo em nome de todos os que ainda estão dispostos a lutar pela devolução deste país, hoje capturado e sequestrado pelo que de pior temos. Viva Chicão Terena e a luta indígena!

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