quinta-feira, 17 de junho de 2021

UM LUGAR POR AÍ (149)


SUÉLLEN E WALACE FINGEM QUE FAZEM, FINGIMOS QUE ACREDITAMOS
“O nosso amor é tão bonito/ Ela finge que me ama/ E eu finjo que acredito”, este o trecho do samba “Falso amor sincero”, do imortal mangueirense Nelson Sargento, recentemente falecido. Ele ilustra magistralmente o que ocorre neste momento em Bauru e na maioria das cidades brasileiras em relação as atitudes tomadas pelas autoridades na contenção da propagação do coronavírus entre a população.

Esse fingimento aqui em Bauru tem um prócer, um mandatário e tudo recebe o respaldo deste indefectível SinComércio, o órgão patronal do comércio local, capitaneado pelo nosso Zeca Diabo, o seu presidente, Walace Sampaio, alguém que desde o início deixou bem claro, “o comércio de Bauru não fechará suas portas”. Acima da própria imPerfeita ele continua ditando as regras e normas da cidade. Hoje mesmo, com o caos mais do que instalado, vagas inexistentes nos hospitais, ele tenta se mostrar o dono da solucionática, ao apregoar em carta publicada na Tribuna do Leitor do Jornal da Cidade, onde diz ter dado a solução para o governador – sempre ele -, mas não foi atendido. Ele clama por mais vagas hospitalares, mas não cogita fechar nada e assim sendo a cidade com tudo aberto e escancarado, ônibus circulares sempre abarrotados, incentivo para o povo estar nas ruas, a proliferação do vírus continuaria sempre em alta. Um cara de pau, que um dia, se Justiça for feita receberá a devida punição. Se algum promotor se interessasse seria banana no mel, pois juntando tudo o que já disse e fez, estaria enrascado com a legislação vigente, mas não, todo quietos, calados e iguais ao apregoado no samba do Nelson.

Nas hostes da Prefeitura Municipal quem deve se pronunciar é a novíssima (sic) e também declarada imPerfeita (sic), Suéllen Rosim e ela o faz para engambelar tudo e a todos. Diz que a fiscalização continua atuante, que a Prefeitura está atenta, que algo está sendo feito, mas no frigir dos ovos, até as pedras do reino mineral sabem ela fazer vista grossa e tudo continuar como dantes no quartel de Abrantes. Ela como devota seguidora do capiroto, segue o seu mentor e com o sabemos, este abomina máscara e precauções, daí ela diz que faz, mas faz quase nada, preferindo também se fingir de morta. O Jornal da Cidade edição de dois dias atrás tinha no alto a manchete “Caos de Covid batem novo recorde e secretário quer dobrar vacinação”. No de ontem “Demanda cresce e UPA do Geisel será a primeira só para Covid-19” e no de hoje algo mais da situação “Bares e restaurantes vão ter horário reduzido em novo decreto municipal”. Neste último a grande sacanagem em curso: por que só os bares e restaurantes? Por que não também as igrejas e tudo o mais, ou seja, a Prefeitura age igualzinho no samba do Nelson.

Encerro essa prosopopeia de lamento para informar que nesta cidade está institucionalizada a POUCA VERGONHA. Ela nos domina e assim seguiremos, infectados e se fingindo de vivos. Neste reino do FAZ DECONTA, prevalece o fingimento como mola mestra, o seu Manual de Boa Conduta. Sem tirar nem por, Bauru se encontra naquilo que podemos denominar de MATO SEM CACHORRO. Teríamos tudo para ter atitude diferente, sensata, seguindo o que nos diz a Ciência, mas preferimos o apregoado pelo Senhor Inominável e seus próceres, aqui muito bem representados nessas duas figuras tétricas, repugnantes e abomináveis. Com eles ditando regra, o caos já instalado se ampliará. E portanto, como muito bem mostra Nelson em seu samba, eles fingem que fazem e nós fingimos que acreditamos. Para deleite de quem me lê, eis o link com Nelson Sargento cantando seu samba: https://www.youtube.com/watch?v=6vL1iPlVvdw

HADDAD HOJE NA JOVEM PAN, OPS, DIGO, VELHA KLAN
A entrevista foi boa, muito por causa de Fernando Haddad não permitir espaço para perguntas capciosas ou sem sentido. Do outro lado podem ter pessoas odientas e preparadas para misturar o joio com o trigo, mas com Haddad isso é complicado, pois diante de alguém com um discurso diferente do de ódio propagado pela rádio, tiveram que se conter e tudo rolou a contento. Parabéns aos envolvidos com o convite para Haddad dar o pontapé inicial de entrevistas para os meios de comunicação local, dentre eles Claudio Lago, presidente do PT, Luciano Assis, diretor da Macro região PT Bauru e a vereadora do PT Bauru Estela Almagro. Deu para sentir que até a Velha Klan se curva diante de algo mais nobre...
Eis o vídeo completo da entrevista: https://www.youtube.com/watch?v=J8wEr_u59Cc

AS HISTÓRIAS QUE REALMENTE INTERESSAM
Leio uma hoje no melhor jornal impresso do nosso mundo, o argentino Página 12 - pelo modal virtual e ao fazê-lo não resisto, tenho que compartilhar, pois o ali descoberto é dessas coisas que não pode ficar só para um único leitor. Passo adiante e assim, multiplico a belezura do feito dessa família de italianos abrigando seis imigrantes africanos junto aos seus, como fosse da própria família, os tirando das ruas e os acolhendo. Na foto, todos abraçados é aquele estalo necessário para gente se tocar e perceber da existência de algo que ainda não foi feito.
Eis o link para a leitura e deleite da matéria: https://www.pagina12.com.ar/348956-italia-la-ejemplar...


EM TIBIRIÇÁ A TRADIÇÃO DA BANDEIRA PRA SANTO ANTONIO É MANTIDA MESMO EM PLENA PANDEMIA
Passei por lá hoje para levar Ana Bia para sua primeira dose de vacina e, evidentemente, não tinha como, marcar algo para ao menos botar os olhos em cima dos queridos amigos da família Cosmo/Baté. Contatamos a Dulce Baté e ela nos disse: “Assim que saírem do posto, passe aqui na casa de minha mãe Irene. Estaremos esperando por vocês”. O antigo Posto de Saúde está naquele moroso processo de reforma, iniciado e sabe-se lá quando terminado e tudo foi transferido para a o Centro Rural, o antigo local de festas, confraternizações e encontros do povo de Tibiriçá. Deu tudo certo, pouca gente e com a missão cumprida, vamos rever os amigos.

No portão Dulce nos esperava e tocando a ponta dos cotovelos nos cumprimentamos. Ivone também estava por lá e foi um conversê danado de bom, desses revitalizantes, magnetizantes e emocionantes. Pra colocar as conversas todas em dia seria necessário mais que um dia inteiro. Foi um tal de um olhar pro cabelo branco do outro e notar as diferenças do distanciamento após quase ano e meio de obrigatório distanciamento. Quem chega também e se junta ao grupo é o Dail Baté. Tomo conhecimento que tanto ele como Dulce se aposentaram e agora estão inteiramente dedicados pras coisas tibiriçoeanas. Ela foi agora, começo do ano e ele, já um ano atrás. Continuam na ativa, fazendo e acontecendo, mesmo plena vigência da pandemia. Ela, que já foi sub-prefeita nos contava de quando gerenciava o distrito, pouquíssimos caso de covid, pois ia em pessoa pra praça e impedia festas, arruaças e quetais. Era espécie também de delegada, pronta pra não deixar aquela população se perder. Comprou brigas e essas envolveram toda a família. Ela nos conta isso e ri, mas fica preocupada, pois hoje diz ter famílias inteiras contaminadas e a situação meio fora de controle. Nada diferente do que vemos acontecendo no restante da cidade.

Foi quando olhei prum lado e vi o mastro de Santo Antonio com tudo novo lá no alto. Pergunto pra eles se fizeram festa pro dia de Santo Antonio, como fazem todo ano. Dulce me dá um pito e diz que “festa de jeito nenhum, aqui levamos a coisa a sério, mas também não podíamos perder a tradição. Juntamos os mais próximos. Tinha uns quatro homens da família, mais umas quatro mulheres, fizemos as rezas de praxe, eles abriram o buraco, tiraram o mastro velho e trocamos pelo novo”. É isso, com esse pessoal não tem tempo quente, nem isso de deixar pra depois, esperar a poeira baixar. Não disseram nada pra mais ninguém, tudo para não causar alvoroço e o evento em prol de Santo Antonio foi realizado e tudo certo, continuam de bem com o santo, com as promessas e tudo o mais. Dona Irene, a matriarca diz que podemos mantendo distância tirar umas fotos antes da despedida ali junto do mastro, até para mostrar que tudo por ali continua como dantes. E assim fizemos.

Saímos de lá encantados e maravilhados, pois Tibiriçá continua como dantes, com a mesma calmaria de sempre, tudo tentando seguir pelo mesmo caminho de antes, agora mais resguardados, porém, “sem perder a ternura, jamais”. Eles estão se cuidando, tanto que dos Cosmos, me disseram só dois pegaram a covid, ambos morando em Bauru e já recuperados. Dos de Tibiriçá, me contam que um cuida do outro e quando percebe algum destes saindo das linha e se arriscando, pegam no pé, puxam a orelha e o reenquadram, pois, “os tempos não estão para brincadeira”. Foi bom demais rever a todos com saúde e poder, por alguns instantes rir e rever histórias, como a da Dulce contando que até hoje mantém contato pelo whatts com a médica cubana, a última que os deixou quando o capiroto os retirou do pais. Diz da saudade que sentem daquela assistência e de um sonho, que ajudarei a cumprir, o de ir conhecer a ilha. Pedi pra ela ir guardando dinheiro desde já, pois tão logo passe isso tudo, vamos juntar forças, caraminguás e bolar uma excursão dessas para lotar um avião inteiro e todos irmos juntos aprender com os Hermanos cubanos como é isso de ser pobre e feliz ao mesmo tempo. Nos despedimos novamente tocando os cotovelos e prometemos nos rever quando tudo isso passar, para tanto promessas coletivas de todos continuar se cuidando. Voltamos muito dos alegrinhos.

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