sábado, 24 de julho de 2021

REGISTROS LADO B (55)


ALGO DA VIDA E LUTA DE ORLENE DARÉ, ENTRELAÇADOS A PSICOLOGIA E OS DIREITOS HUMANOS NO 55º LADO B
Quando fiz o convite para a psicóloga e ativista política MARIA ORLENE DARÉ para participar deste meu projeto, o LADO D – A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES, sua resposta foi das mais sensíveis: “mas existem muitas pessoas com mais bagagem e coisas pra conta que as minhas”. Não foi preciso muitos argumentos para convencê-la de que, as dela são tão ou mais importantes que todas as demais, enfim, estamos todos irmanados numa mesma luta, renovadora e transformadora, onde o que fazemos, onde estamos inseridos, nossa participação é o bocadinho, mais que necessário, para a chama se manter acesa e assim, a luta ter continuidade. Chego nesta semana aos 55 entrevistados e com orgulho trago mais alguém, com um rico cabedal histórico, de luta e resistência, algo pelo qual, os que a conhecem ficarão gratos de rever e os da nova geração, os que ainda não a conhecem, será de grande serventia tomar conhecimento de uma vida dedicada à luta e assim, espelho para tantos outros. Eis sua importância, esse não abandonar a cancha de luta, a contenda é de uma grandiosidade inigualável.

Pela primeira vez não gravo antecipado uma chamada anunciando quem seria o entrevistado (a) da semana, pois com a Orlene, tive que exercer um poder de convencimento maior, pois estava reticente, relutante e só na prorrogação, nos últimos minutos antes de encerrar o prazo acabei por convencê-la. Ela queria adiar e eu, chato como sempre, insisti, pois tenho a mais absoluta certeza de que, dessa conversa, algo de muito produtivo, um registro e tanto de pessoa mais do que admirável. Reconhecida por tudo e todos, a psicóloga Orlene nos contará não somente algo de sua trajetória, como nos dará uma aula, de vida e de como estar engajada, atuante e sempre flamejante na lida e luta. Não fizemos a gravação da chamada, mas ele envia algo sobre sua apresentação e aqui compartilho: “Psicóloga, trajetória voltada para a defesa intransigente dos Direitos Humanos e também uma militância por uma psicologia ética, com compromisso social e pautada nos direitos da pessoa humana”. Ela está com reforma no apartamento onde mora atualmente em Campinas, toda envolta com os cuidados para com o neto e com uma mudança prevista pra daqui duas semanas. Insisti e ela acabou aceitando.

Eu sempre enxerguei em Orlene um exemplo de vida e de luta. Aquela pessoa que se apresenta como frágil, na verdade é um rocha, algo que nem as mais fortes ondas conseguem ir dissolvendo ou transformando, enfim, ela é o que é e reside aí, a sua fortaleza. Esse seu modo de agir, sua postura profissional e pessoal, a palavra de incentivo e as lutas todas desfraldadas fazem parte de algo que não pode e não deve ser esquecidos. Relembrar isso faz parte deste projeto, o do resgate de histórias como as dela, de gente que, fizeram de suas vidas palco de grandes acontecimentos e só por causa disto, nunca mais serão esquecidas. Reverenciar isso é meu papel. Se hoje, ela está lá em Campinas, num outro momento de sua vida e todo o envolvimento de uma vida junto ao CRP – Conselho Regional de Psicologia de Bauru foi passado adiante, nada como a gente vir a público e contar bocadinho disso tudo. Se ela fez parte da história pulsante e envolvente desta cidade, ouvi-la é de vital importância. Espero estar à altura para ir travando uma conversa onde ela nos revele seus segredos, principalmente os de como conseguiu se manter ereta uma vida toda, sem se vergar e se deixar levar por modismos ou facilidades.

Enfim, gente como Orlene precisa ter sua história relembrada, contada em detalhes, pois isso serve de grande motivação para tudo, inclusive para os embates todos onde estamos enfronhados neste momento, o de reconquista deste país. Em 08/03/2016, só para terem uma ideia de sua luta, publiquei no meu blog, o Mafuá do HPA, este texto, de algo onde ela sempre esteve envolvida: “ONTEM O BARRACO SE DEU DESSA FORMA - UM NÃO SEI O QUE LÁ NA CÂMARA HOJE: Um grupo declaradamente de direita e junto de membros dos ditos skins, estavam marcando posição na Câmara dos Vereadores hoje e preparados para pressionar o vereador Roque Ferreira, depois dos acontecimentos da Batista no sábado passado, quando provocaram pessoal aglutinado na Esquina da Resistência, mas se deram mal. Foram enxotados no local aos gritos de "Fora Fascistas!". Pretendiam armar o circo hoje junto ao Legislativo. Em questão de minutos, com comunicações pipocando de um lugar para outro, a militância social dessa cidade baixou por lá e recolocou tudo no seu devido lugar. Não houve nenhum confronto, mas somente algo mais do que necessário, ainda mais nos dias de hoje: a necessidade de resistir ao que está surgindo pela aí, o monstrengo direitoso, com mil faces, junções mais do que surreais e com a balela de tentar impingir possuírem algo de democrático em sua composição. Nos escritos pelas redes sociais isso é facilmente desconstruído. Foi realmente algo valoroso ver muitos irem se achegando, ocupando espaço e não deixando que nada de ruim que, porventura estivesse sendo montado pudesse se concretizar. Por fim, todos assistimos a entrega de uma Moção de Aplauso para a Comissão da Verdade de Bauru, ali representada por Carlos Roberto Pittoli, Clodoaldo Meneghello Cardoso, Gilberto Truijo e Maria Orlene Daré”.


Orlene comprou muitas brigas e esteve envolvida em inúmeras, incontáveis questões, eterna batalhadora. Enfim, nada melhor do que ela mesma para nos contar isso tudo, tim tim por tim tim hoje numa reveladora conversa entre amigos de longa data. Esperamos tudo, todas e todos por lá. Vamos juntos?

Eis o link para assistir a gravação de 1h15: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/515640059716802

COMENTÁRIO FINAL: A gravação da conversa com Orlene foi para minha de grande honra, pois ela conta fatos de sua vida, que me disse, não havia nunca gravado antes. Quando relembra de sua infância e que, aos 12 anos, ainda morando em Vera Cruz, foi morar numa pensão, “desgarrei”. A partir daí, foi estudar em Assis, começou com Ciências Sociais, que lhe deu o arcabouço para o resto da vida, depois Psicologia. Terminou o curso e se bandeou para São Paulo, sozinha, sem conhecer ninguém, e por 25 anos ali se estabeleceu e se constituiu enquanto pessoa humana, verdadeiramente humana. Seus relatos destes tempos, a militância, o envolvimento político e sindical, surgindo também a questão com o CRP – Conselho Regional de Psicologia. Logo a seguir, a vinda para Bauru, conhecendo apenas uma pessoa e o recomeço, vida nova, gente nova e tudo sendo reconquistado, galgado aos poucos. Deste período, 22 anos, uma vida mais do que intensa, vibrante, quando despontou a Comissão de Direitos Humanos do CRP e todas as lutas, narradas uma a uma. Que vida! Uma narrativa para encher os olhos. E por fim, após tudo consolidado, o a pandemia e o convite da filha, para vir se juntar a eles em Campinas, cuidar do neto e ela recomeçando tudo num outro lugar. E diz que, por lá, tomando todos os cuidados, segue em frente, participando de todos os atos Fora Bolsonaro, manifestações e fazendo o que pode, continuando ativa e altiva. Fala também destes nosso tempo, da desesperança e da necessidade de continuar lutando, o nunca desistir, enfim, uma vida toda com os olhos e ação voltados para a luta. Ela sempre teve um lado, o da defesa dos desassistidos deste país. E assim continuará enquanto viver. Adorei a conversa.


QUANDO O MINISTÉRIO PÚBLICO É ACIONADO*

* Este é meu 23º texto para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, opção online disponível desde a madrugada de ontem:
Notícias fresquinhas dos últimos rounds da política bauruense. O assunto da semana em Bauru foi a aprovação a toque de caixa que a prefeita impôs ao vereadores, na base do ultimato. Foi mais ou menos assim. Vocês aprovam o que lhes enviei ou já a partir de amanhã a Prefeitura não terá dinheiro nos cofres para arcar com as despesas. E eles, votaram e livraram não as suas caras, mas a da prefeita. O imbróglio vem de muito tempo e desembocou na última sessão. São tantas coisas.

No roteiro, plantões médicos pagos pela Secretaria Municipal de Saúde e não realizados pela Fundação de Saúde (FERSB), na realização de encontro de contas para saldos do ano anterior, descumprimento da regra do contrato que exige que saldos do ano anterior sejam utilizados somente até 31 de janeiro do ano seguinte, apuração de cumprimento de jornada por médicos-servidores que também atuam como pessoa jurídica para a mesma Saúde Municipal, mas via Fundação.

Quem perdeu prazo não foram os vereadores e sim a novíssima (sic) prefeita da cidade, mais perdida que cego em tiroteio. Ops! Perdida não, pois algo mais foi feito e ela a partir de agora deve começar a ficar com a cabeça um pouco mais quente. Estes são alguns dos pontos levantados em representação encaminhada ao Ministério Público das áreas de Fundações, Patrimônio Público e Chefia Geral (MP SP) pela vereadora Estela Almagro (PT).

Para a parlamentar, a aprovação do projeto de lei que autoriza a Prefeitura a repassar, por mais 12 meses, R$ 5,5 milhões para custear plantões na UPA Geisel foi a “gota d´água” para a necessidade de apuração. Era uma rotina criminosa funcionando diária e sistematicamente sem que a gestão municipal, apesar dos controles que detém, nada fizesse.

Feita a denúncia a prefeita optou por uma "pedalada" recorrendo à Câmara servil e subserviente, que aprova um projeto de lei nas coxas, permitindo uma saída pseudo-legal para o deslize, que a vereadora petista considera crime. Na votação ocorrida na sessão da semana somente dois vereadores foram contrários, ela e Carlinhos do PS. Os demais – sem contar o presidente da Casa que só vota em caso de empate – referendaram a barafunda.

Mas acionado e instrumentalizado com dados pormenorizados do ocorrido, o Ministério Público não engoliu. Vai averiguar. Bom sinal e os próximos capítulos devem ser mais do que reveladores para começar a elucidar uma série de fatos onde ocorre o dito pelo não dito. Aguardemos, pois os próximos capítulos, após o pitado do MP devem ser de alvissareira movimentação nas hostes governamentais. Dizem que a incomPrefeita começa a perder o chão e justo na semana, que anunciam a vinda do seu mentor, o Senhor Inominável para cavalgada na cidade no próximo dia 28. O tempo ando frio e seco, mas nos bastidores, chuvas e trovoadas.

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