terça-feira, 17 de agosto de 2021

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (152)

ENVELHECENDO SEM SAIR DA LIDA...

A cara já não é a mesma e a disposição deixa a desejar, juntando com o período de pandemia, quando o isolamento social prevalesceu, tudo conspirando contra, mas assim mesmo, diante desses desGovernos capirotistas nos níveis municipal, estadual e federal, a necessidade de não perdermos o país de vez. Me faz driblar as adversidades e insistir na luta. Cá estou, ao meu modo e jeito. Aos trancos e barrancos, amparado por alguns comprimidos e unguentos milagrosos, sigo em frente. A luta pede e exige braços e disposição, pois esses capirotos são renitentes. Vamos pro pau, cambaleando, mas sem nem pensar em sair da luta.
Obs.: Todas as duas fotos são de baita amiga, Tatiana Calmon Karnaval.


SEU FÉLIX E OS CAMINHOS MOSTRADOS PELA RUA
Das cenas surpreendentes e arrebatadoras desta vida ontem no Ato defronte o Teatro Municipal mais um capítulo. "Seu Félix pediu licença, tocou uma autoral, se emocionou, chorou, chorei...", escreveu Tatiana Calmon. Eu conto algo mais. Ele apareceu assim do nada, nos achou pelo som ali na calçada numa manhã de segunda, num lugar pouco improvável, dia de trabalho, parou, assuntou, gostou e foi ficando. Puxou conversa com uns e outros, por pouco não empunhou também o microfone, mas diante do teclado não resistiu, esperou uma pausa e conseguiu a autorização para sentar e se soltou. Viajou, foi longe e com ele todos presenciando a rica e única cena. São destes detalhes impagáveis da vida. Pouco depois o ato terminou, ele colocou a puída mochila nas costas e se foi assim como veio, sem destino fixo. Deixou a lembrança de algo sentido também pela Tatiana, desse sentimento de que muitos se perderam e o caminho era para ser bem outro. Quem vivencia a rua sente isso a cada olhar mais profundo diante de tudo o que vai presenciando. Seu Félix é só mais um rico personagem, destes tantos que gostaria imensamente de poder conversar mais, conhecer algo mais de sua história, pois existe tanta coisa embutida ali naquele senhor surgido como um sopro e ontem descobrimos só bocadinho.


"SE SERVE A ESTE GOVERNO NÃO SERVE AOS ARTISTAS"
Essa frase dita ao final do ato de ontem, o "Silêncio, a Cultura dorme!", lá defronte a entrada do Teatro Municipal, na manhã de ontem é de uma profundidade imensa e incomensurável. Quando o ato estava nos seus estertores, Tatiana Calmon pede o microfone ainda mais uma vez e diante da Secretária de Cultura, Tatiana Sá, ali presente junto de dois assessores, desfere junto de breve fala, algo servindo como uma luva para este e muitos outros procedimentos, variados e múltiplos, de aproximações e permanências junto à administrações como a atual de Bauru, fundamentalista e negacionista até os últimos fios de cabelo.

Fazer acordo com a parte contrária já é uma aberração, dizia Nei Lopes num antológico samba e quando ocorre o além disso, ou seja, não só o acordo, como o atuar junto, daí, como diria o grande ator Paulo Autran quando diante de embaraços, "Sem palavras". Eu vi a secretária ontem ali ouvindo todas as falas, ela e dois de seu staff, rebarei bem e achei tudo simpático, mas não passou disso. Ouvir é uma coisa e fazer é bem outra. Tatiana Sá atua num desGoverno onde a Cultura representa o raspo do tacho, ou seja, menosprezo total e absoluto, algo muito parecido do que ocorre com o atual desGoverno Federal do ex-capitão. Ela, a secretária sabe que, irá só ouvir, pois se ousar fazer algo, colocar em prática algo em prol dos artistas estará ferindo o compromisso selado quando aceitou assumir a pasta. Ao aceitar, estava implícito o nada fazer e ir empurrando tudo com a barriga.

Ontem mais um passo neste sentido. Foi elaborado um edital de última hora, contemplando algo, sem que os artistas fossem consultados, tudo de cima para baixo, feito nas coxas e a toque de caixa, bem ao estilo de quem, pressionado precisa mostrar algo, apresentar algum resultado. E o fez, com a clara intenção de desmobilizar o movimento dos artistas, mas o tiro saiu pela culatra, pois o apresentado é de péssima qualidade, elaborado numa insólita reunião, quando tentaram só neste momento apresentar algo. Quem age assim não trabalha com propostas e sim, engambela tudo à sua volta.

Ea frase dita em alto e bom som pela Tatiana, a outra, a Calmon, cantante destes tempos, dessas que não possui nenhum receio de dizer o que precisa ser dito, doa a quem doer e na frente de quem quer que seja. Essa frase serve para muitas outras situações e neste momento, muitos nela se encaixam. Sem entrar em detalhes, mas escrevendo este texto e torcendo para que seja lido em lugares inimagináveis, talvez sirva de reflexão para outros tantos, hoje servindo a patrão algoz de trabalhador, algoz de justas reivindicações e algoz dessa luta onde todos precisam estar inseridos contra tudo o que está posto e atuante contra o país. Que ao menos sirva de reflexão para muitos e muitas pela aí. Ela é maias profunda do que possa supor muitos, se fingindo de mortos para poder continuar atuando do lado de quem nos crava a estaca. Já deu, né!

DOIS TEXTOS QUE ESCREVERIA SEM TIRAR UMA SÓ VÍRGULA
1 - O CAPITALISMO PROVOU DO SEU PRÓPRIO VENENO
"A notícia de que a Zara fechou 1200 lojas e a Starbucks outras 400, que a Victoria's Secret e o Cirque du Solei declararam falência, que a Chanel, Hermes e Rolex interromperam a produção, que a Nike já se prepara para sua segunda onda de demissões pelo mundo e que o fundador da AirBnb disse que 12 anos de seus esforços foram destruídos em seis semanas; me fez refletir sobre algumas questões. Mas todas elas podem ser resumidas em uma só: Que sistema capitalista é esse, criado há séculos, que não se sustenta por cinco meses sem a força do trabalhador e o consumo da sua produção?

A resposta parece lógica, e é. O capitalismo vive da exploração do trabalho e vende seus produtos a quem pode pagar. O novo coronavírus minou esses dois pilares. Os trabalhadores, que já não tinham dinheiro para consumir além do necessário ao seu sustento, adoeceram; e os ricos não viram mais sentido em consumir produtos que não podem exibir. Sem a força produtiva e consumidores, o capitalismo provou do seu próprio veneno", do carioca, hoje jauense FERNANDO TOBGYAL.

2 - DA ESPECULAÇÃO E CHUTES DESTES TEMPOS
"Eu nunca conversei com um afegão ou uma afegã. Não sei se as coisas melhoraram ou pioraram sem o Taleban, com a “intervenção” dos Estados Unidos.
Portanto, não me sinto em condições de fazer qualquer tipo de comentário sobre o que está acontecendo em Cabul. O resto é pura especulação, como se faz com muita maestria nas redes sociais. Aliás, só se faz isso nas redes sociais.
É um chorume diário de opinião sobre o que não se sabe. E sim, eu prefiro não falar sobre algo que não conheço. Na minha cidade já existe uma multiplicidade de pessoas vivendo/tentando viver suas vidas de formas que eu desconheço.
Prefiro tentar adquirir empatia por pessoas que, apesar de homo sapiens como eu, possuem outra cultura, religião e vestimentas.
Só sei que as imagens falam por si, e são tristes demais. Se uma pessoa se despe de toda a sua individualidade para se jogar na frente de um avião para sair de um país, é porque algo está muito errado por lá.
É isso.
O resto é eucentrismo", do bauruense, quase uruguaio, crítico literário e musical BRUNO SANCHES.

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