domingo, 29 de agosto de 2021

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (106)


REPERCUSSÕES DA CAVALGADA
01.) O QUE É DE FATO O AGRADECIMENTO DO AGRONEGÓCIO AO DESGOVERNO BOLSONARISTA
Acabo de ler matéria do Jornal da Cidade, edição dominical, 29/08, escrita pela minha amiga Tânia Morbi, “Cavalgada da Família agradece o apoio de Bolsonaro ao agronegócio”, com entrevista do deputado estadual Frederico D’Ávila PSL, quem estava à frente da organização e realização do Ato. Cito entre aspas a fala do deputado: “É a primeira vez em 36 anos, que nós (empresários do agronegócio) somos realmente ouvidos pela administração federal e o homem do campo passou a ser valorizado pelo governo em sua integralidade, o que não acontecia em outros governos. (...) Uma das nossas principais causas é nos livrar dos grilhões que foram colocados ao longo de 30 anos, principalmente nas questões ambientais, impedindo o desenvolvimento do Brasil em várias áreas, inclusive na geração de energia e reservação hídrica. (...) Estamos vivendo um momento de crise hídrica e não temos condições técnicas e burocráticas de armazenar água por conta de legislações absurdas que foram colocadas no passado. (...) Esse é o principal ponto que temos que lutar hoje, uma vez que a reservação é a água propriamente dita, para animais e para a irrigação da agricultura, é energia elétrica e também a reserva das águas das chuvas, para o período de estiagem como este”.

Fiz questão de citar quase tudo o que li dito pelo deputado e contesto item por item. O que na verdade eles, os tais do agronegócio estão comemorando é o LIBEROU GERAL, pois desde que Bolsonaro assumiu o país, a legislação existente passou a ser desrespeitada, vilipendiada, ultrajada, negada e modificada – para pior, como se verá a seguir. O que existia e era defendido por legislação era área de preservação ambiental, hoje devastada e invadida a cada dia por novas ocupações, nada mais impedindo a devastação. Os níveis de devastação hoje estão muito acima dos permitidos e o agronegócio sempre querendo mais. Como com Bolsonaro tudo é permitido para eles, só podem estar aplaudindo mesmo. Na verdade, quem é ouvido não é o homem do campo, mas o grande proprietário do campo. O homem do campo continua ultrajado e contido, porém o grande agricultor, este é hoje quem dá as cartas e altera tudo ao seu bel prazer. Os grilhões que o deputado diz estar se libertando é a permissão para fazer o que quiser com suas terras, sem controle ou fiscalização. Estocam água sem controle e fiscalização, construindo barragens perigosas, como as que anos atrás, numa chuva muito forte lá pelos lados de Lençóis Paulista, ruíram e devastaram o centro daquela cidade e Bauru. Ninguém até hoje foi culpado e é isso que eles querem e fazem. A liberdade deles é o dane-se para o resto da população. Pensam somente nos seus botões e se não forem contidos, além de restringir cada vez mais a atividade do pequeno agricultor, farão de tudo e mais um pouco só visando altos lucros, sem nenhuma consciência ecológica. A natureza para esses pouco importa. Não pensam no coletivo e sim, neles, somente neles. São perversos até a medula e precisam ser contidos, pois a reação da natureza se dá neste momento exatamente por causa do trabalho insano e sem controle destes junto da natureza. Nossas reservas naturais correm sérios riscos de serem totalmente aniquiladas prevalecendo essa mentalidade do agronegócio sobre todas as demais. Tratam-se de pessoas mais do que PERIGOSAS. Ou seja, o Agro não é nem um pouco POP.

2.) A PROMESSA DE EMENDAS FEITAS SEM COMPROMISSO QUASE SEMPRE NÃO VINGAM
Quem não se lembra de alguns meses atrás quando o ainda ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles veio à Bauru só para criar caso com o deputado federal bauruense Rodrigo Agostinho. Cumpriu seu papel e dias depois perde o cargo, pois seu nome está mais sujo que pau de galinheiro e não se sabe até agora por que cargas d’água continua solto. O fato é que naquela oportunidade prometeu para a cidade um trator de grande porte, se não me engano para ajudar na dragagem dos rios, auxílio da captação esgoto na Estação de Tratamento que nunca termina. De lá para cá ninguém mais falou disso. O ex-ministro chegou sexta em Bauru, deu entrevista para o pior rádio do mundo, a Velha Klan e ninguém sequer lhe perguntou do assunto. O que fizeram foi só puxar seu saco, falar bem de Bolsonaro e mal de João Dória. Ficou tudo o dito pelo não dito, ou seja, a promessa foi mesmo de palanque, sem sentido, projeto ou algo com algum encaminhamento.

Agora vejo outro, o da mesma linhagem, defensor intransigente do capirotismo em curso, fundamentalista e golpista até não mais poder, o deputado federal que se intitula como capitão, Augusto, oriundo de Ourinhos, meio que expulso de lá e abrigado aqui na Sem Limites. O gajo estava também ontem em cima de um potro e tecendo loas a tal da cavalgada, sem citar do fracasso, quando tinha mais gente em cima do palanque das autoridades do que na frente dele. Foi uma decepção e tentaram encobrir, mascarar o fato nas fotos divulgadas pelas redes sociais e imprensa massiva. O balão de ensaio do dia também ficou por conta dele quando anunciou um Emenda Parlamentar para – pasmem – o Recinto Moraes e não para cidade. O agronegócio como gosta de anunciar é bom de grana e assim mesmo merece mimo do deputado negacionista. O pior não é só isso. Tem mais. Trata-se de mais uma promessa, nada oficializado, só da boca pra fora. O Jornal da Cidade já deu em manchete, “Durante inauguração de pista coberta, deputado prevê R$ 500 mil ao Recinto”. A jornalista Marcele Tonelli foi honesta e conseguiu emplacar um “prevê” no seu texto, pois deve conhecer bem as peças. Aconselho, assim como na promessa do trator do Salles, agora do derrame para o Recinto, acompanhamento, pois esse pessoal vive de promessa, poucas cumpridas. Seria até o caso de perguntar para o nada nobre deputado: “Previsão para quando deputado? Poderia nos adiantar”.

3.) A TENTATIVA DE NARRAR O COPO VAZIO COMO SE ESTIVESSE CHEIO
Foi hilário, diria mesmo cômica a narração da Cavalgada da Família feita pela rádio Jovem Pan, ops, digo, Velha Klan ontem quando saíram em disparada atrás dos poucos muares perfilados para a magnânima e arrebatadora cagação produzida pela avenida Comendador da Silva Martha. Na voz do novato LEONARDO DE SOUZA, ele tentava se mostrar para seu chefete, o diretor da rádio e assim narrava algo inexistente. Dizia ao microfone estar diante de uma multidão de pessoas no trajeto, muitos acenando das janelas, saindo às ruas, gente aos borbotões nas calçadas, mas para quem de fato estava ali e presenciou o desfile nada cívico, o que aconteceu foi exatamente o contrário. Muito pouca gente nas ruas. Sim, havia muitos, mas Policiais Militares, em grupos armados e dispostos em cada esquina, numa suposição de que toda a corporação bauruense teria sido colocada de prontidão e nas ruas. Esse era o público que assistiu de fato aos poucos muares e a carreata que veio em seguida, colocada às pressas nas ruas para não depreciar demais o ato. O próprio narrador fazia questão de frisar, modificando o sentido inicial e dizia, a “Cavalgada Carreata”. Ele tentou tapar o sol com a peneira, mas ficou pior a emenda que o soneto.

O fato é que o evento não conseguiu atrair a atenção da cidade e levar público para presenciar algo que, na verdade, não lhe dizia respeito. Pra começo de conversa, eles devem ter percebido – tardiamente, creio – que, esse negócio de cavalgada não atrai assim tanta gente, pois poucos possuem muares em cidades. Quem os possuem são os donos do agronegócio e eles lá estavam, impondo aos seus funcionários a participação, nada espontânea, diga-se de passagem. Via-se pela expressão de muitos, a contrariedade em ali estar. Mas o tal do Leonardo se mostrou o quanto é um jornalista a serviço do que lhe manda fazer sua empresa e tentava mostrar o copo vazio como cheio. Foi um dos atos mais lamentáveis e grotescos do jornalismo bauruense e algo assim, convenhamos, só conta negativamente no currículo do profissional. Uma pena para ele, tão novo na profissão e tendo que se sujeitar a algo tão constrangedor. Percebia-se que, o que falava não condizia com a verdade, pois falava de muita gente, mas não entrevistou ninguém no caminho. Foi um blá blá blá desses para fazer corar qualquer um. Senti vergonha por ele, enfim, trata-se de um ser humano e não precisava passar por tamanha humilhação. Mais um ponto negativo para a tal da Velha Klan, campeoníssima em falta de credibilidade.
OBS.: Todas as fotos publicadas são do Jornal Dois de Bauru.

OUTRA COISA
ENCONTROS E REENCONTROS DOMINICAIS
Amigo Paulo Betti, te reencontro hoje, domingo, na Feira do Rolo de Bauru:
Você estava lá no meio de tanta coisa, todas interessantes e me provocando coceira, comiseração, loucos para irem dar com os costados em minha casa. A Banca do Carioca, nosso livreiro de rua, preciosidades espalhados no chão de paralelepípedos nas manhãs dominicais é um deleite para os amantes de livros e música. Hoje chego e ele me mostra seu livro: "Achei que iria querer". A cada semana, logo na chegada ele sempre tem uma novidade, enfim, sabe meus gostos e preferências. Não resisti a tentação e te arrematei por R$ 5 reais. Neste momento, garoando aqui na Cidade Sanduíche, tenho bons motivos pra sentar na varanda, botar na vitrolinha uma Maria Creusa ou Simone, ficar variando a leitura entre um Oscar Niemeyer e sua biografia, escrita por Teté Ribeiro. Assim passo meu domingo, eu, Ana Bia Andrade, afazeres domésticos, algum jogo na TV e, é claro, tramando como vai se dar a necessária resistência pra esse bestial golpe tramado contra nossos costados. 

Resistir é preciso...

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