segunda-feira, 23 de agosto de 2021

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (173)


A SITUAÇÃO NÃO ESTÁ LÁ MUITO BOA, MAS PODE MELHORAR – OU PIORAR*
* Texto para ser lido com alguma esperança e dedos devidamente cruzados.
Resistir é preciso. A luta, todos sabem, não termina nunca. Só quando os olhos se fecham. Insisto na contenda, arrefeço os cuidados, não esmoreço um só segundo. O lado de lá, o da perversidade se move e tenta um algo novo a cada dia. As articulações dos cruéis e insanos são intensificadas a cada novo anúncio de algo pérfido. Agora são os comandantes da Polícia Militar paulista, ontem um após anunciar apoio a tentativa de enaltecer o ex-capitão no dia 7 de Setembro, hoje mais um, ou seja, tem algo no ar além dos aviões de carreira. Muita atenção nessa hora, pois está sendo tentado um algo novo, que vai além dos respeito às instituições. Está mais do que claro uma movimentação golpista no ar, extrapolando a normalidade. Leio que no dia 7, o governador Dória já reservou a avenida Paulista para os bolsonaristas. Coisa boa esses não irão fazer por lá. Quem pode nos salvar é novamente a Fiel Torcida, que já anuncia intenção de voltar pra Paulista e enfrentar os vendilhões e vendidos a defender o que de pior temos.

Digo e reafirmo que a situação não está boa e reverbero algo por mim. Dei uma rápida passada na Feira do Rolo no domingo passado e de duas pessoas que lá atuam, tentei iniciar uma conversa e ambos animados com a cavalgada marcada pra Bauru no dia 28. Diziam de levar o cara para um bar conhecido e me disseram, assim na cara dura, cientes de meu total repúdio, não só ao ato, mas a tudo o que já foi comprovado do capiroto e de sua família. Com alguns, percebo, não adianta mais insistir. “Quem roubou o país foi o Lula, quem destruiu o país foi o PT”. Tentei, mas percebi ser sem sentido continuar. Sabe o que fiz? Abandonei a conversa pela metade, virei as costas e fui embora. Tentaram me chamar, perceberam ter me chateado, mas nem olhei para trás. Não sei mas como agir com estes, os que mesmo diante de tantas evidências, não conseguem enxergar um palmo diante do nariz.

Nem tudo é ruim. Saio todo dia com uma camiseta, um adesivo ou a máscara me posicionando contra o perverso e as reações são positivas. Se existe os que rejeitam minha manifestação, estes se calam e quem de mim se aproxima, o faz apoiando. Ganhei algumas máscaras vermelhas do Genaro, o do bar da vila Falcão, com dizeres “Tô com Lula”. Já voltei duas vezes pegar mais e voltarei amanhã, pois quem as pede, faço questão de dar. Comprei uns bottons da Nádia da CUT e não tenho mais nenhum, pois todos distribui pela aí. Me pedem e dou, pois ver alguém corajosamente querendo sair envergando algo contra o malversador é para mim um sinal de resistência. Pode ser pouco, mas quando alguém se mostra favorável, esqueço de tudo o mais e converso.

Aqui onde moro, num prédio na Zona Sul, vejo tremular bandeiras do Brasil em algumas janelas e sei que não são nada nacionalistas, sendo símbolos de algo como vi hoje o vereador Borgo, quando se enrolou numa e assim falou da tribuna da Câmara. As bandeiras verde-amarelo de hoje são de bolsomínions, todas, nenhum por causa das Olímpiadas ou coisa parecida. Criei caso por aqui, pois onde moro é proibido hastear bandeiras nas varandas. Éramos dois, eu confeccionei uma diferente, com um escrito bem grande no meio, “Fora Bolsonaro”. Adivinham qual das duas criaram caso? A minha. Alguns pouco conversam comigo por aqui e a maioria me evita. Prefiro assim, pois desta forma, não me irrito. Estou num campo minado, situação desfavorável e creio, seria diferente na periferia. Lá pelos lados do Mafuá, próximo da Baixada do Silvino converso com vizinhos e a maioria rejeita o banditismo do desGoverno. Eis meu alento. Torço para que o mesmo ocorra por outros lugares, principalmente os bairros populares, os que mais padecem nestes tempos.

Abro o jornal local, o JC e ali algo abominável. A defesa diária da perversidade, ali contida numa forma velada de jornalismo que esconde suas reais intenções. Percebo isso neste momento quando dão em manchete o fato do presidente ter pedido a cassação do ministro do STF, com muito destaque e poucas linhas para a defesa deste, ou seja, a intenção é agradar o seu fiel público leitor, hoje declaradamente bolsonarista. Sinto o drama pelos bons jornalistas que ali resistem e tentam algo para fugir do adesismo dos patrões. Por ali, vejo como guerra perdida, pois a linha editorial da publicação sempre foi elitista, exclusiva de apoio ao donos do poder local. O mesmo se dá pelas rádios locais, se existe diferença entre o que ouço na Velha Klan, na 94FM, 96FM e mesmo na 87 Comunitária, todas abominam provável volta da esquerda aso poder e sem outra opção, veladamente ou abertamente, estão com a perdição. A saída são as redes sociais e os meios alternativos, pois nos massivos, perdemos de goleada. Nada confiável pelas ondas do rádio.

Não sei se vivo numa bolha, mas nas redes sociais, tenho 4.300 amigos e a maioria coaduna do mesmo sentimento do país e da aldeia onde moro. Trocamos muitas ideias e com estes tenho uma percepção das coisas, que não sei é o que de fato ocorre pela maioria dos locais da cidade. Voltei a circular por alguns lugares e sinto também o descontentamento latente, mas todos muito acomodados, sem poder real de reação. O triste é isso. Percebo bem nítido que o cara está em declínio, mas poucos são os com disposição para por a cara a tapa. O Brasil continua inerte e esperando que as suas instituições façam por eles o que não estão em condições, nem coragem. A propaganda, por exemplo, contra o STF, hoje corajosamente resistindo será suficiente para conter o avanço dos armados bolsonaristas dispostos a defender seu mito nas ruas? Creio, teremos que fazer algo mais, pois estamos todos numa encruzilhada e esperar sentado, sempre dá merda. Não dá para ficar quieto, esperando sentado a coisa se resolver. Eu não aguento isso e creio, meus problemas de saúde estão agravados neste momento por causa do pouco que tenho feito para resistir e enfrentar os malversadores deste país. Sinto que “eles” não são e nunca foram maioria, mas são espalhafatosos e perigosos. É contra estes que teremos que ir pras ruas.

É impossível crer que o povo, o trabalhador brasileiro possa apoiar isso que estão fazendo contra seus interesses. É muita maldade, tiraram muitos dos seus direitos, o deixaram hoje praticamente sem legislação trabalhista e numa tanga de dar gosto. Não tem como comparar o que os governos petistas fizeram e deixaram como legado e toda a perdição e destruição que fizeram com o país após o golpe de 2016. Foi muita crueldade e assim mesmo, tentam impingir a noção de algo salutar. As reformas até aqui passadas em forma de boiada, deixaram o país numa nhaca mundial, desacreditado, verdadeiro pária, mas o problema é aqui dentro. O brasileiro, com o passar dos anos, perdeu a capacidade de entender o que de fato se passa com o país e quando vejo alguns, principalmente os mais sofridos, defendendo o seu algoz, sei que a luta precisa ser intensificada. Regredimos muito e a desesperança não pode nos vencer. Ando cada dia mais cansado, mas sei ainda ter alguma lenha para queimar e não a guardarei para outra oportunidade, pois o momento é hoje, agora, já. Ou fazemos algo ou o país entrará em algo incontornável e daí não terei esperanças de ver em vida o algo transformador. Daí, saio da minha zona de conforto e estou à disposição para o que der e vier.

Obs.: E olha que desta vez, nem quiz citar a incomPrefeita bauruense, hem! Bauru vivem um momento dantesco onde o fundamentalismo religioso dá a cartas e nos afunda num buraco sem fim.

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