quarta-feira, 11 de agosto de 2021

MEMÓRIA ORAL (271)


EMPRESAS DE BAURU DEVEM NO MÍNIMO UM PEDIDO DE DESCULPAS À POPULAÇÃO POR TER COMPRADO E ENTREGUE PARA PREFEITURA DISTRIBUIR REMÉDIO INEFICAZ CONTRA A COVID 19
Está em andamento hoje na CPI do Senado, depoimento dos mais elucidativos sobre se uso do vermífugo denominado Ivermectina teria alguma eficácia no tratamento precoce da Covid 19. O próprio proprietário da empresa disse em depoimento, constrangido, mas tendo que admitir ter incentivado esse uso, porém sem existir nada comprovado detectando sua eficiência. Ou seja, o que ocorreu foi estelionato contra a população. Foi feito propaganda enganosa, principalmente por parte do Presidente da República e a empresa fabricante, no afã de lucrar mais, bancou propaganda e pagou para médicos receitarem a mesma. O resultado é conhecido por todos. O medicamento bombou no mercado e vendeu muito além do que já havia produzido em anos de sua comercialização. Hoje a comprovação, ele não tem utilizade nenhuma, pois está comprovado não existir nenhum tipo de tratamento precoce eficiente, ou seja, de nada adianta tomar esse ou aquele medicamento de forma antecipada, pois todos até aqui utilizados não previnem a infecção quando a pessoa tem contato com o vírus.

Dito e esclarecido isso, vamos ao que ocorreu em Bauru. Como em muitos lugares do país, aqui o medicamento foi e deve continuar sendo ministrado por alguns médicos da rede pública municipal, irresponsáveis, diga-se de passagem. Durante o boom dessa distribuição, quando o presidente alardeava sua utilidade sem papas na língua e movidos por interesses ainda não revelados, algumas EMPRESAS DE BAURU, compraram esse medicamento e o entregaram graciosamente para a Prefeitura fazer a distribuição. Não quero citar nomes, mas agora, quando tudo vem à tona, deveriam estes, eles mesmos virem à público, até pelo bem do que representam e oficializar um pedido público de desculpas à população bauruense. Se não o fizerem, estarão passando um péssimo atestado contra a reputação de suas empresas, podendo até ser consideradas como negacionistas, fundamentalistas ou algo parecido. Além do pedido de desculpas, creio eu, poderiam também bancar estudos sérios ou mesmo adquirir medicamentos para este ou outra enfermidade, como forma de compensação pela tremenda pisada na bola e doarem, desta feita de forma correta. Por outro lado, a própria Prefeitura Municipal de Bauru precisa vir a público e se explicar sobre essa utilização e as compras efetuadas serem objeto de ação de devolução aos cofres municipais desses valores gastos inutilmente. Os nomes das empresas são facilmente localizados quando se clica no google: "ivermectina distribuída em Bauru". A Justiça deveria, poderia e teria que entrar em ação para reestabelecer a dignidade nessas relações do poder público com a população.

EXISTE UMA BAURU TOTALMENTE ATRELADA AOS DESMANDOS BOLSONARISTAS
Isso é muito perceptível. Sabe aquilo que o ministro Salles disse naquela reunião ministerial, do aproveitar da pandemia para "passar a boiada". Esse passar a boiada, pelo que se vê beneficia muitos e estes, pouco se lixam se isso é benéfico ou não para a população, se importando somente com os seus anéis e o resto que se dane. Estou acompanhando o desenrolar de um grande empresa regional nestes tempos e das relações trabalhistas com seus funcionários. Antes, a fiscalização ocorria, quase todos registrados e direitos existiam, hoje tudo mudou, a fiscalização quando ocorre, a empresa é antecipadamente comunicada, poucos são registrados e estes não tem a quem reclamar. Por que antes agiam de uma forma e hoje o fazem de outra? O que mudou? Mudou tudo e hoje, a maioria dos empresários preferem seguir os novos tempos, afrouxaram a legalidade, pois possuem costas quentes para deixar de cumprir com muitas obrigações. Ganhando mais, pensam em si e nada mais. Este o país bolsonarista, onde a parcela rentista e muitos empresários se beneficiam dessa transformação para pior, ganham mais e assim, sem se importar com nada mais, apoiam o irracionalismo reinante.

Latente isso. Vejam o caso do SinComércio, que hoje investe suas forças contra o governo estadual, mas apoia tudo o que venha de Brasília, mesmo sendo algo indefensável. Estes escolheram um lado e pela benesses estão perfilados com a destruição do país enquanto nação soberana. Se o presidente pedia tudo aberto e sem restrições, por que se manter fechado um período e em isolamento? Assim foi feito e muitos continuam a fazê-lo abertamente. Hoje ouço advogado bauruense, Olavo Pelegrina pela rádio, ele junto do indefectível Alexandre Pittolli desmerecendo todos os que votaram e foram vitoriosos, contra a aberração proposta por Bolsonaro, como se as última eleições brasileiras tivessem sido todas fraudadas. Fazem um contorcionismo e cham de traidores do país os que se posicionam contra os interesses bolsonaristas. Rodrigo Agostinho, nosso deputado federal não ´pe nenhum santo, mas quando acerta vota contra os interesses bolsonaristas e daí, para gente como Olavo e Pittoli passa a ser o ser mais detestável do mundo. Estes dois fazem parte do time dos que defendem o capiroto, mesmo com todas as aberrações já cometidas.

Muitos outros pensam e agem como eles. Para essa parcela, a continuidade de Bolsonaro, mesmo destruindo o país, parece lhes ser favorável e o apoiam por conveniência. Fazem parte do seleto time dos que cravam a estaca nos interesses nacionais e se aliam a alguém declaradamente miliciano, contra as instituições democráticas, contra a Educação, a Cultura e pregando o avanço do fundamentalismo religioso como mola mestra de um país desgovernado e sem rumo. Quando estes resolverem abandonar o navio não o farão sem máculas. Muitos o fizeram, a ficha caiu e para tanto não precisam ser petistas, mas simplesmente amar de verdade este país e não apostar nos piores. Quem percebeu a tempo a cagada onde se meteram merecem alguma consideração, mas estes todos, mesmo diante de tudo, ainda junto de Bolsonaro, estes não terão como recuperar a credibilidade já no lixo.

MEMÓRIA ORAL DE BAURU
QUEM DE FATO FEZ ALGUMA COISA PELO ANIVERSÁRIO DE BAURU – LEANDRO GONÇALEZ E AS PINTURAS SOBRE OS PRIMÓRDIOS DESTA CIDADE
Um pouco de ironia não faz mal a ninguém. Vamos a ela. Acompanhei com toda a atenção o extenso calendário festivo dos 125 anos do aniversário de Bauru, algo muito festivo, cheio de muita pompa, com inaugurações mil e eventos dentro de multiplicidade de opções, tudo propiciado pela revigorante novíssima (sic) administração da alcaide, também vista como incomPrefeita Suéllen Rosim e diante da quantidade até abusiva de proposituras, enumeradas aqui por mim, fiz questão de juntar todas e aqui divulgo o número estratosférico do que consegui anotar: ZERO. Isso mesmo, nada foi feito, nem um evento, uma inauguração, um show, um mero bolinho, um cordão cortado, enfim, em sete meses os competentíssimos novos administradores chegaram a uma marca record em toda a História da cidade Sem Limites. Esse pessoal está mesmo de parabéns. Creio se, tivessem bocadinho de expertise, um pequeno tino para a coisa, poderiam ter pescado algo aqui e ali, com algo para rufar os tambores e soltar uns estampidos pela página oficial da alcaide. Se fingiram de mortos e é como se Bauru tivesse pulado dos seus 124 diretamente para o próximo ano, o do 126.

Eu, na qualidade de mafuento mor tenho um grande evento para demarcar mais um ano de vida desta imodesta Bauru. Sempre tem alguém fazendo algo, sem incentivos e prosopopeias, na raça e coragem e neste exato momento tem um cidadão ali na rua Bandeirantes, um abnegado artista, destes que não entrega os pontos, mesmo na adversidade, desenhista de quatro costados, rei do traço e criador entre outros do super-herói bauruense, o Guardião, pois bem, este artista oriundo de Ourinhos, montou um atelier nos fundos, entrada apertada, bem na quadra onde numa ponta é a Delegacia de Polícia Civil e na outra a agência central dos Correios e ali é seu bunker criativo, de onde apronta e sobrevive. Seu nome é LEANDRO GONÇALEZ, um cara que saiu de Ourinhos há uns vinte anos atrás e disse pra si mesmo, “eu vou viver fazendo o que sei e gosto, vou viver desenhando”. E assim toca sua vida, dá aulas, desenha para jornais, faz charges, pinta quadros por encomenda, aparece em eventos para fazer caricaturas e faz até faixas sob encomenda. Ou seja, faz de tudo um pouco e na somatória de tudo, consegue pagar o aluguel, sobra algum pra comer e pra namorar, pois o danado conheceu tempos atrás outra do mesmo quilate dele, a Fátima Napolitano e juntos eles levam a vida adiante da melhor forma possível, sem lenço e sem documento. Ele já a colocou em muitos quadros por lá, um bem na entrada, portão de entrada para seu túnel do tempo.

Gonçalez nas horas vagas pinta quadros e de uns tempos para cá resolveu que iria pintar algo da história de Bauru. Queria fazer algo representativo, que marcasse sua trajetória na cidade, a que escolheu para viver. Coisa de um mês atrás ligou para mim e perguntou algo mais da história de Bauru, algumas dicas para não desenhar algo fora do contexto. Achou um livro num sebo, “No Velho Bauru – Crônicas do Bauru Antigo”, leu de cabo a rabo e o deixa em cima dos desenhos, como fonte de inspiração. E assim foram surgindo quadros e mais quadros sobre a história da cidade, mas a bem lá do início, a com poucos registros. Dei uma dica para ele ir atrás de um conhecido historiador, pois este poderia lhe falar algo mais para fazer tudo dentro de algo bem como de fato se deu. Era para ir atrás do Luís Paulo Césari Domingues, mas ontem me disse que não conseguiu falar com ele. Segue procurando algo pela internet, ouvindo um aqui, outro ali e vai produzindo. Já fez mais de dez quadros, todos telas grandes, pinturas dedicadas, a óleo, feitas pra durar e pensa em começar a expor. Imagina fazê-lo primeiro ali mesmo no seu corredor e depois, em lugares externos, como o Bar do Genaro e outros lugares. Passei ontem por lá e me encantei com a disposição e a forma como, sem nenhum apoio está predisposta a contar em quadros, tantos quanto conseguir fazer e tiver dinheiro para comprar telas, recontar em imagens o que muita gente não sabe sobre como seu deu o começo desta cidade.

O gostoso disso tudo é ser ele um cara mais do que abertos, disposto sempre a ouvir o outro, corrigir algo que fez errado ou desfocado, ou seja, pode introduzir um algo a mais, até refazer, mas está com baita disposição para tocar o barco adiante e fazer algo onde poucos estão devidamente empenhados neste momento. Desde que conheci o danado, perto de uns vinte anos atrás, estamos juntos em muitas paradas e sempre que pinta algo onde ele pode colocar seu traço, ligo, o contato e damos prosseguimento numa duradoura parceria. Já passamos de 150 Guardiões, no começo dois por mês e agora um a cada novo mês. Somem aí e vejam há quanto tempo estamos juntos, ele desenhando e eu escrevinhando. Agora, nessa nova empreitada ele alça um novo voo solo, onde quer deixar uma marca, o reconhecimento por algo de grande valia para a cidade. Para algo assim, muitos buscam grana de fora e só tocam o projeto quando conseguem um patrocínio ou alguém bancando tudo. Com Gonçalez é diferente, sempre foi, ele bota uma ideia na cabeça e ninguém mais tira. Agora ele encafifou de querer desenhar a Bauru como era lá seu começo de vida. Quem foram os primeiros colonizadores, como foi o massacre dos índios, os tais famosos que hoje dão nome de ruas, os lugares históricos e precisa de um algo mais para tocar tudo a contento adiante.

Escrevo dele e me lembro do Baccan, com seu atelier e desenhando a cidade e arredores também sem recursos. É de gente assim que gosto de escrever e seguir junto, dando força, incentivando, botando lenha nessa fogueira. Bauru, como se sabe, nada ocorreu por aqui para lembrar os 125 anos da cidade e lá, escondido de todos, no fundo do seu atelier, o Gonçalez vem produzindo algo mais do que grandioso e enaltecendo Bauru sem que quase ninguém saiba. Ele para de fazer algum serviço quando lembra de algo para pintar numa das telas começadas e de cada tem muita história para contar. Seria muito legal se pintasse para ele algum incentivo para ele não parar e seguir em frente. A sua exposição já está pronta, tem quadro já para dar um baita de um pontapé inicial, mas por enquanto, está tudo lá, empilhado e ele produzindo mais. Ganho algum aqui e vai comprar tela para botar a ideia nova que teve em ação. Queria que alguém mais se interessasse por ele e pelo que faz, divulgasse mais, pois o que faz é único. Nestes 125 anos de Bauru ninguém merece mais o reconhecimento do que ele, pois para aqueles que acham não existir nada para enaltecer essa cidade nos seus 125 anos, eis tudo o que já fez. Fosse vocês passava lá só para dar uma espiada e conferir se falo demais ou o cara é bom mesmo. Topa?


FIQUEM ATENTOS
Amanhã tem chamada ao vivo para o 58º LADO B - A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES, depois das 14h.
E na sexta, 13/08, 17h, ao vivo aqui pela minha página do facebook, o bate papo de uma hora com ele, o bauruense que bateu asas e foi ser gauche na vida, GILBERTO MARINGONI.

Na foto, eu e ele juntos num das idas para Curitiba PR, ato contra a prisão do ex-presidente Lula.

Conversa instigante, provocante e cheia de gás sobre Bauru, mundo do traço, América Latina e esse cruel e insano momento vivido pelo nosso país.

Vamos juntos?
HPA

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