sexta-feira, 3 de setembro de 2021

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (153)



NÃO TINHA COMO DAR EM OUTRA COISA: ESTÃO URINANDO E DEFECANDO NO ENTORNO NO VITÓRIA RÉGIA SEM SANITÁRIOS PÚBLICOS
Quando dias atrás a incomPrefeita Suéllen Rosim pessoalmente mandou demolir os banheiros públicos do movimentadíssimo parque Vitória Régia, tudo porque estavam em petição de miséria, ao invés de reformá-los, era inevitável acontecer o que hoje relata o Jornal da Cidade em manchete no Caderno Geral, “Após fim dos banheiros no Vitória, calçadas viram sanitários ao ar livre – Moradores e comerciantes dos entornos do parque reclamam que situação piorou muito após a demolição dos espaços”.

Não se faz necessário ser nenhum bidu para chegar na triste constatação de que, era inevitável tudo chegar na situação atual. Com o parque aumentando sua movimentação, devido também ao declínio do isolamento social na cidade, sendo um dos únicos pontos de lazer na cidade, era evidente que, com muito mais gente ali circulando, principalmente à noite, a quantidade de pessoas não tendo como fazer suas necessidades básicas, tudo seria feito nas portas das residências no entorno e também debaixo das árvores do próprio parque. Isso tudo demonstra o infantilismo de como se dá algumas das relações administrativas da alcaide bauruense, ou simplesmente, um intenção pouco usual e não revelada explicitamente.

Quando ocorreu a demolição dos banheiros, a alcaide veio a público e disse textualmente que, estaria colocando e a disposição da população banheiros químicos. Sim, alguns estão, mas somente nas quartas-feiras quando ocorre no local a feira noturna. Nos demais dias, todos os em situação de urgência sanitária estão sujeitos a evacuarem no primeiro lugar que encontrarem pela frente. Essa é uma pequena amostra da Bauru gerada pela nossa fundamentalista e negacionista administração, também bolsonarista.

REUNIÃO PÚBLICA - ATO EM MEMÓRIA DO EX-VEREADOR ROQUE FERREIRA 03 09 2021
Aconteceu hoje de manhã na Câmara Municipal de Bauru, propositura da vereadora Estela Almagro PT e com a fala emocionada de muitos que, ao longo do tempo, conviveram com Roque Ferreira. Alguns dos depoimentos são mais que contundentes e merecem ser ouvidos. Foi uma atividade política das mais emocionantes o ato de um ano sem a convivência com Roque.
https://www.youtube.com/watch?v=4v6n6V894ao

NÃO É POSSÍVEL PENSAR FORA DA HISTÓRIA, TEMOS QUE ACENDER LUZES*
* Meu 29º artigo para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição virtual publicada hoje:

Ocorreu hoje em Bauru homenagem ao político Roque Ferreira, eterno defensor dos trabalhadores e atuante nas causas populares, falecido exatamente um ano atrás e dentre as homenagens ocorridas hoje num ato na Câmara Municipal de Vereadores, uma das falas merece ser aqui compartilhada, a do professor Clodoaldo Meneghello Cardoso, professor aposentado da Unesp Bauru e presidente emérito do Conselho Municipal dos direitos Humanos de Bauru. Não consigo escrever nada hoje e essa fala, por mim transcrita, diz muito do que precisamos hoje:

“Nós estamos aqui fazendo um exercício de memória. Nós estamos cultivando a cultura histórica que este país não tem. E não temos porque exatamente uma educação que silencia a História ou passa uma História dos dominantes. E a História dos dominantes é estranha para nós. Eu me lembro quando eu estudava, era História do Brasil, uma coisa que não dizia nada a mim. Nós não estudamos a História do povo brasileiro. Então, esse exercício aqui é muito importante, porque existe a história oficial, a história como ciência e existe a história do tempo vivido. Essa história do tempo vivido que temos que passar para as novas gerações. E temos que registrá-la. Temos uma história aqui nessa sala, porque é o tempo vivido que nos traz identidade e que nos dá consciência que a realidade é mudança.

Isso é que é fundamental. Quando se fala da importância da História na Educação é porque ela muda o conceito de ser humano. O ser humano muda, ele está se construindo. Se eu estou me construindo, nós estamos nos construindo, eu tenho que estar aberto à mudança, aberto ao questionamento crítico, da realidade e de si mesmo. Isso é que é Educação na História e pessoas como o Roque fizeram isso o tempo todo. O Roque nunca abandonou em nenhum passo que ele deu a história do tempo vivido.

Essa é a marca do ser humano. O ser humano é um ser das distâncias. Ele está no passado, no presente e no futuro. Não é possível pensar fora da História e nós temos que passar isso para as novas gerações. Eu estou educando um neto e estou falando disso. Não é o um memorialista dizendo que foi assim em Bauru, não é isso. Qual a história do povo de Bauru, qual é a identidade que nós temos. Nós temos um grande foco de identidade que é a ferrovia e está se perdendo. Uma cidade sem identidade, sem força. E o Roque tinha uma sensibilidade da identidade política, cultural e histórica de um povo na cidade de Bauru.

A vida é feita de dias claros e de noites escuras. Nós não podemos ter ilusão que é diferente. Que dia claro eu posso lembrar aqui do tempo vivido. O tempo de 2005 a 2015 em Bauru. Foi um tempo de dias claros. Não que resolvemos o problema de Bauru, mas avançou a consciência dos Direitos Humanos, da dignidade humana, na Educação, na Saúde. O que nós tínhamos na conjuntura. Tínhamos um governo Lula iniciando, tínhamos as conferências nacionais. Tivemos nesse período um Plano Nacional de Direitos Humanos, nós tivemos a Comissão da Verdade e isso repercutiu em Bauru e o Roque fez essa ponte. Ele estava aqui em Bauru de olho no nacional, ele estava antenado, tinha uma informação diária. O que nós fizemos aqui, começamos justamente nessa época um movimento dentro da Câmara e avançamos no movimento popular. Existia uma ponte de dentro da Câmara com os movimentos sociais.

A gente ia dialogando e avançando, criando comissões. Então, foram tempos de dias claros. Tínhamos a sensibilidade do executivo. É importante isso. Porém, estamos vivendo noites escuras. E a noite escura faz parte da vida. Nós sempre teremos dias claros e noites escuras, mas o sol vai nascer de novo. O importante na noite escura é saber o que vamos fazer nela. Vamos ficar relembrando os dias claros? Precisamos porque o tempo vivido nos dá lições, ensinamentos, nos dá força, porém, exige mais. Quando estamos no carro e escurece o que fazemos? Acendemos a luz, botamos o farol. Muitas vezes a luz é baixa, pequena, mas te quem acender sempre. O Roque articulou sempre, ele não trabalhou sozinho. Então, na noite escura não basta esbravejar que a luz se foi. Não basta uivar como os lobos que uivam para amedrontar ou pra buscar alimento. Nós não queremos concorrer com os lobos. Nós temos que acender luzes. Essas luzes que temos que acender. Isso aqui é uma luz.
A noite escura começou com o golpe de 2016. Essa noite está aprofundando, mas temos que acender luz. Não é combater com uivo, nem com ódio. Ignorar. Temos que acender luz. Nós somos a soma das nossas vivências, experiências e lembranças, porém, nós somos também os nossos sonhos”.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

A CEREJA DO BOLO

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