sexta-feira, 1 de outubro de 2021

MÚSICA (203)


PLANOS DIRETORES ESTÃO SOB ATAQUE EM TODO O PAÍS E EM BAURU NÃO PODIA SER DIFERENTE*
* Meu 33º texto para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo:

Alguém já reparou que, nestes tempos bolsonaristas tudo mudou e "eles" estão aí não para flexibilizar, mas para destruir tudo o que encontrarem pela frente. A legislação de proteção das cidades das cidades é só mais um destes itens. A perversidade é completa, absoluta e se deixarmos não escapará mais nada, ou seja, terra realmente arrasada. Aquele outro Brasil com alguma soberania e altivez será coisa do passado, tenhamos isso mente.

Explico onde quero chegar no item específico dos Planos Diretores das cidades. As cidades estão sob ataque cerrado. "Fazem parte dessa tentativa de mudança da regulação socioterritorial propostas como ocupação de áreas ambientais frágeis, flexibilização de índices de construção e de ocupação do solo, rebaixamento da contrapartida paga pelas empresas imobiliárias para aumentar o potencial construtivo e ampliação do perímetro urbano, entre outras", denuncia os professores Ermínia Maricato e Pedro Rossi, ambos enfronhados e estudiosos do tema.

Até pouco tempo existia um espírito democrático, um ambiente favorável na gestão das cidades e hoje, algo mudou e para muito pior. Passam por cima de legislação de proteção, tudo para favorecer as grandes transações imobiliárias. Mandaram para as cucuias algo pensado lá atrás, utopia de cidades justas e sustentáveis. O neoliberalismo predatório e agora com essa bestialidade bolsonarista a regressão além de certa, é sem limites. Na linha de ataque, os planos diretores e leis de uso do solo passam a ser negociados em forma de barganha entre Executivo, Legislativo e o mercado imobiliário. Ou seja, uma pouca vergonha. As operações urbanas hoje não possuem mais bom senso e levando em conta a qualidade de vida, mas interesses econômicos de grupos, grandes corporações, construtoras e grana, só grana, nada mais. No final, no frigir dos ovos a descaracterização dos espaços urbanos.

Mas onde Bauru entra nisso tudo? O que ocorreu na Praça Portugal é o exemplo mais gritante e escandaloso de tudo o que está em curso. Acima de tudo o que existe de legislação ambiental hoje, para os atuais administradores das cidades, está o que é imposto pelo poderio econômico. Ele dita as regras e joga pesado para mudar a legislação. Lembrem que, semanas atrás uma deputada paulista com sobrenome Bolsonaro passou por aqui e está batalhando na Alesp exatamente para isso, flexibilizar a lei de proteção ambiental do cerrado, para ampliar área para especulação. Nada mais que isso. Falam sempre em nome de uma tal de “progresso”, que para eles é ganhar dinheiro. Dane-se a natureza, esse o lema destes. O negócio destes é só um, lucro.

Temos leis boas no quesito ambiental, mas elas estão sendo brutalmente podadas, com o intuito de permitir mais e mais negócios. Hoje padecemos, mesmo tendo leis boas, de falta de efetividade. Todos sabemos, o Brasil passa por processo de total dilapidação pelos atuais governantes e mudar isso faz parte do imblóglio. Se quisermos pensar em alguma forma de reconstrução deste País, impedir esse avanço descomunal e criminoso sobre o meio ambiente é parte do todo. Percebam como se dá a movimentação desses interesses na formulação da discussão dos Planos Diretores país afora. A crueldade é a mola mestra. Denunciar esse avanço é o mínimo, dando nomes aos bois, pois ao invés de defender as cidades, estes propondo flexibilização total destroem tudo e não pensam em futuro razoável. A grana não é tudo, tenhamos sempre isso em mente. O crime ocorrido na praça Portugal, pelo visto, é só o começo de um plano diabólico e em plena execução. Vem muito mais por aí.
Henrique Perazzi de Aquino - jornalista e professor de história (www.mafuadohpa.blogspot.com).

"EU SINTO O SUL COMO SEU CORPO EM PRIVACIDADE"
Fui na padaria buscar pães aqui em Sampa, dia amanhecendo e pássaros cantando pelas árvores (Sampa tem muito mais árvores nas ruas que Bauru). Na padaria a atendente me diz em voz baixa para não ser escutada pelos demais, "adorei sua máscara" - estava claro, com uma estampado o Fora Bolsonaro - e o senhor do caixa para puxar conversa decifra minha camiseta, "não é o Piazzolla?". Digo que sim, e completo: "Ele estaria completando 100 anos de nascimento nestes dias". Conversamos um bocadinho e lembro que outro dia com a mesma camiseta, um gaiato me aborda e diz gostar muito de Luiz Gonzaga. Fiquei sem entender, pois gosto muito, mas não sabia o motivo, até cair a ficha. Ele achou que o acordeonista argentino fosse o nosso rei do baião. Voltei querendo ouvir ASTOR PIAZZOLLA, daí vasculhei no youtube e escolhi o clássico VUELVO AL SUR. Eis o que acho assim rapidamente junto ao link: ""Vuelvo al Sur" è una canzone di tango argentino, la cui musica è stata composta da Astor Piazzolla ed il testo da Fernando Solanas. fa parte della colonna sonora di "Sur", di cui è regista lo stesso Fernando Solanas". Viajo sem tirar os pés do chão. Tenho essa em várias gravações. Numa delas, o CD de 2004 quase morreu afogado numa enchente no Mafuá, mas o recolhi e mesmo com as páginas do encarte grudadas, o guardo, pois o som continua saindo lindo de suas entranhas.

Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=z5SLbNid2E4

Eu volto para o sul Como o amor sempre retorna/ Eu volto para você/ Com meu desejo, com meu medo/ Eu carrego o sul/ Como um destino do coração/ Eu sou do sul/ Enquanto o bandoneon vai ao ar/ Eu sonho com a lua imensa do sul , o céu de cabeça para baixo/ Eu procuro o sul/ O tempo aberto, e depois/ Eu quero o sul/ Seu povo bom, sua dignidade/ Eu sinto o sul/ Como seu corpo em privacidade/ Eu te amo sul/ sul te amo/ Eu volto para o sul/ Como o amor sempre retorna/ Eu volto/ para você/ Com meu desejo, com meu medo/ Eu quero o sul/ Seu povo bom, sua dignidade/ Eu sinto o sul/ Como seu corpo em privacidade/ Eu volto para o sul/ Eu carrego o sul/ eu te amo, sul/ eu te amo, sul".

POUCAS PUBLICAÇÕES, ESTADA EM SAMPA ATÉ DOMINGO - IMPROVISAÇÕES...
Melhor refúgio do mundo para a chuva paulistana de sexta à tarde: eu e Ana Bia Andrade

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