quinta-feira, 28 de outubro de 2021

MEMÓRIA ORAL (273)


BAURU, UMA DE SUAS PRECIOSIDADES, A ESTAÇÃO DA NOB E O DESPREZO DOS ATUAIS MANDATÁRIOS – TUDO DEVIDAMENTE DISSECADO NUMA MESA DE BAR
Tudo se resume num casual encontro numa mesa de bar – onde acontecem discussões de teor elucidativos e esclarecedores. Todos os quatro possuem algo em comum, amor desmedido pela Estação da NOB, aquela preciosidade incrustrada ali na frente da praça Machado de Mello, um dos locais no passado denominado como a boca de entrada do progresso desta cidade. O assunto veio à baila após todos tomarem conhecimento de que, no dia anterior havia ocorrido nas dependências da Câmara Municipal de Bauru, de mais uma Audiência Pública, desta feita por propositura da vereadora estela Almagro PT, tentando fazer com que a atual administração municipal se sensibilize e possibilite sua devolução dentro de toda importância que essa edificação possui. Todos estavam tristes, pois perceberam que, todos os que ali estiveram em nome da atual gestão, a da novíssima (sic) incomPrefeita Suéllen Rosim já chegaram para a reunião com as cartas marcadas, ou seja, a estação permanecerá interditada e abandonada, sem planos para restauro ou algo parecido.

Como estávamos num bar e muito à vontade, o diálogo eu publico, mas como tenho certeza, todos teriam dito e repetido a mesma coisa – e até mesmo insistido na mesma tecla, fica tudo sem identificação.

- Vocês viram essa Audiência sobre a estação da NOB, pois bem, a vereadora bem que tentou, mas dessa administração atual, não adianta, não sai nada de bom. Desconversaram e a manterão lacrada, bem ao estilo de como Bolsonaro trata a Cultura, a preservação do patrimônio e tudo o que resvale em atendimento de causas populares ou nobres para as cidades.

- Eu prestei bem a atenção foi na fala da sectária, ops, digo, secretária de Educação, quando deu seu jeito para escantear de vez a estação. Para eles, os que trabalham para os fundamentalistas, mesmo não o sendo, não existe meio termo, a linha é uma só, abandonar e deixar cair. Nossa estação, a que um dia Ignácio de Loyola Brandão, quando por aqui chegava de trem num horário, permanecia esperando na praça o seguinte, o que traria sai namorada, a atriz Joana Fomm, disse ser essa a mais bonita estação de todo interior brasileiro. Um desprezo sem precedentes para com o mais importante prédio público desta cidade.

- Meus caros, alguma novidade? Vocês sabem muito bem quem é a alcaide e o que representa? Esperava que algum dos seus gendarmes viesse a público propor algo pelo qual não existe interesse, o do amor pelas coisas do passado, aquilo que representou algo vital para nossa história? Vocês são mesmo bobinhos.

- Somos mesmo, pois insistimos nessas coisa da antiga. Gostamos de velharias, mas não somos velhacos, nem traímos o passado desta aldeia, que tanto deve à ferrovia e a essa estação e deveria chorar sangue ao vê-la no estado em que se encontra.

- Meus caros, eu sou filho e neto de ferroviário e preservo minhas origens. Sei por osmose, pelos meus ancestrais que, não existe uma só trinca na estação inteira e que a tal interdição é política, incentivada por interesses ainda não muito bem esclarecidos. Talvez alguns problemas no telhado, cobertura antiga e caindo telhas, mas paredes intactas. Aquela construção foi levantada para suportar abalos de trens passando ao seu lado. Só não suporta a politicagem dos que querem ver algo diferente no lugar, talvez para atender a especulação imobiliária.

- A tal da secretária não informou sobre o tal dinheiro que o ex-prefeito Gazzetta deixou reservado, carimbado para viabilizar um projeto revitalizando muitas edificações no entorno da praça e restaurando a estação. Ela se finge de morta e prefere usar a grana em outros gastos, sem especificar direitinho.

- E os nobres vereadores de legislaturas passadas que tiveram em suas mãos a oportunidade de ver um andar inteiro daquela edificação transformada numa pomposa Câmara de Vereadores, mas preferiram rejeitar o projeto, pois almejavam levantar uma edificação nova lá pelos lados da avenida Nações Norte. Queria é gastar os tubos, mas no final, ficaram chupando o dedo e hoje não tem nem uma coisa nem outra.

- Vi na Audiência de ontem o Avelino Cortellini, nosso velho conhecido, pois foi através dele que foi viabilizado o Boulevard Shopping e por pouco, um preciosismo caipira e ultrajante, também um projeto ao lado da estação da Sorocabana, com edificações populares. Ele sabe do que pode ser feito e como conseguir recursos e investidores. Ele foi ouvido, mas se tudo parar por aí, estarão desperdiçando mais uma chance de fazer vingar algo sério na Estação. Ele conhece caminhos que muitos daqui nem sonham, pois não são do ramo.

- Você falou em caipirismo e aproveito para te dizer algo. Persiste em Bauru esse modo caipira de querer derrubar o velho, sem lhe dar chances de permanecer em pé e com outra roupagem, revitalizado. Preferem os caixotes arquitetônicos que hoje dizem ser a cara da modernidade, mas expressam também muito da pobreza de espírito do homem moderno, um que não consegue olhar para seu passado com respeito e consideração.

- Quem estava presente é o arquiteto Nilson Ghirardello, que já atuou nos Conselhos de Patrimônio, conhece muito da área e escreveu muito a respeito. Disse alguma coisa, mas teria que ser dele a pegada mais pesada, dessas a demonstrar a besteira que estão fazendo deixando a estação apodrecer em praça pública. Ele, se quiser, desmonta os argumentos todos da administração que representa como secretário governamental, mas preferiu ficar na superficialidade.

- As muitas universidades e cursos de Arquitetura e Engenharia poderiam neste momento instigar a Prefeitura com propostas arrojadas, projetos contínuos, deixando claro das possibilidades ali existentes. Sei que algo assim já existe, porém são menosprezados e engavetados. Por que não tirá-los das gavetas e fazer uma exposição deles todos, para tocar fundo no que ainda resta de sentimento ferroviário dos bauruenses?

- Perceba que, predomina hoje, na mídia local, principalmente a massiva, representando os interesses de uma minoria, a vontade expressa do que impõe a especulação imobiliária. Esses, todos sabem, nunca irão defender a cidade e sim mais grana no caixa. Quando o poder público se alia a estes e não preserva o que ainda nos resta, daí danou tudo. Com a alcaide atual, pode perceber, vai ser a derrocada de muitas outras edificações. Já ouço que estão pensando em rever até os tombamentos feitos pelo Codepac. Sabiam disso? O Segalla falou disso outro dia na sessão da Câmara.

- Aqui em Bauru tem muita gente especializada nisso de preservação de patrimônio, conhecedores de legislação daqui e do exterior, porém existem outros tantos que só pensam em negócios. E existem também os que, fazem acordo com a parte contrária. Aparentam estar de um lado, mas sentam na mesa e selam acordos emperrando que algo diferente possa vicejar.

- Sei disso. Conheço uma história de um proprietário de prédio histórico, que numa reunião sobre o assunto, disse que isso de preservação é lindo lá na Europa, mas aqui não. E disse mais, o que é irônico, quando se mostrou incrédulo quando queriam tombar uma edificação de sua propriedade. Seria para rir se não fosse trágico.

- Pelo que vejo, enquanto perdurar o desgoverno fundamentalista da blogueira prefeita, a estação nem receberá a devida atenção para tentar torná-la desimpedida. Essa interdição mereceria um time de advogados, os tais do Jurídico da Prefeitura, que coletivamente poderiam fazer um barulho numa defesa conjunta. Porém, a alcaide nem pensa nisso. Seu propósito é bem outro.

- Meus caros, em breve não restará pedra sobre pedra, culparão o Roque por ter possibilitado a Prefeitura de ter em mãos a Estação, vão encontrar argumentos para coloca-la abaixo e depois dos vinte anos não lembrados, muito menos comemorados da Maria Fumaça, esperar o que mais? Sugiro uma ocupação de quem de fato defende e pretende algo viável para devolver o seu funcionamento. Sensibilizar na base da porrada, do soco no estômago. Aqui só assim.

- Como percebem esse assunto é de infindável e continuada prosa. Poderíamos ficar por aqui por horas. Peça para o Genaro descer mais uma gelada, pois já começa a sair fumacinha da minha cuca. Damos por encerrada a contenda, pois como se sabe, o lema da atual administração é “deste mato não sai coelho” e como se sabe, de onde não se espera nada é de onde nada sairá mesmo. Vamos beber que é melhor. 

A ESTAÇÃO É VIÁVEL, ADMINISTRAÇÃO SUELLEN INVIABILIZA BAURU
"ESTAÇÃO FERROVIÁRIA: QUAL O FUTURO?
Lamentável que fechando um ano de governo, a administraçáo Suéllen Rosin não manifesta vontade política de investir na recuperação da Estação Ferroviária.
Essa indisposição política ficou clara na Audiência Pública chamada por mim nesta quinta-feira, dia 26, para discutir o futuro do prédio histórico da Estação Ferroviária.
Em Audiência Pública, em janeiro, discutindo revitalização do Centro, a secretária de Educação Maria do Carmo Kobayashi tinha na Estação uma prioridade para investimento de sua pasta.

Em nova Audiência, nesta quinta-feira, Kobayashi informa que o cenário agora é outro e que irá priorizar ampliação e construção de escolas.
Contrariando seu posicionamento anterior, revitalizar o centro agora com foco no destino do prédio que deveria sediar a secretaria, é somente algo a se pensar para o futuro , disse a secretária de Educação do governo Suéllen. Kobayashi diz que não tem previsão de verba para reforma da Estação, e descartou a possibilidade de uso da Estação em 2021 -2022.
Esclareci que vou levantar os gastos da Prefeitura de Bauru com locações de imóveis, pois o impacto financeiro certamente não é pequeno.

Roberval Duarte Place, do Sindicato dos Ferroviários, criticou falas de representantes da Prefeitura de Bauru.

"Lá na Zona Sul não faltam projetos prioritários para o governo, acelerados a toque de caixa e sem discussáo com a sociedade, como na Praça Portugal onde se destrói árvores, e se justifica. No centro tem projetos e justificativas para não fazer. "
Falando da importância da ferrovia para o desenvolvimento de Bauru, Roberval relembrou que no auge do Brasil sobre trilhos, quase 5 mil trabalhadores atuavam na RFFSA em Bauru. Destacou também os da Paulista (FEPASA).
CUSTOS

O secretário de Obras Leandro Joaquim projeta em mais de 12 milhões de reais para adequação Gare e pátio da Estação.
Cita que para acabar com alagamentos na Estação é necessário uma intervenção a partir da avenida Duque de Caxias. Somada à drenagem do córrego Ribeirão Bauru.
SETOR PRIVADO
O investidor Avelino Cortelino (Grupo Marca) disse que pretende reapresentar em 15 dias projeto privado de prédios nas áreas próximas à Estação. O projeto privado não envolve execução de drenagem. A contrapartida seria para a reforma de uma pequena e histórica estação.
Esse investimento imobiliário foi interrompido devido a dificuldades com o processo de tombamento.
Encaminhei uma reunião técnica para envolver a concessionária da ferrovia o Grupo Rumo, cobrando dela investimentos que nos levem a superar os problemas com a drenagem, obra necessária independente da Estação. O esforço coletivo para juntos encontrarmos soluções para revitalizar o centro de Bauru, deve ocorrer nos próximos dias", vereadora Estela Almagro.

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