quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

MEMÓRIA ORAL (275)


ENCONTREI ONTEM SEM QUERER QUEM REPRESENTA O MUNDO QUE ADORO ESTAR INSERIDO, FERNANDO LIMA
Quase véspera do Natal, dou o breque e quero escrever sobre alguém, uma pessoa, contar uma história e com ela homenagear todas as demais que me rodeiam e que, assim como a da história aqui contada, são os tais labutadores diários, os que enfrentam o touro à unha. Pensei muito antes de escolher de quem falaria nessa véspera de final de ano, alguém realmente representativo. Eu acredito em coincidências, pois elas acontecem e ontem, aconteceu novamente comigo. Como como seu deu.

Precisei ir na vila Falcão ontem no final da tarde e cruzo sem querer, assim virando uma esquina, eu de carro ele a pé, o reconheço e nos cumprimentamos. Percebo que, ele me chama, gesticula na rua. Paro o carro, dou ré e vou até ele. Trata-se de um dileto amigo de tantos anos, FERNANDO LIMA, um cara que faz de tudo um pouco e assim na junção das tantas coisas que faz, vive e deixa viver. Eu não me canso de contar uma história que travei com ele, dessas mais que inesquecíveis. Eu era o diretor de Patrimônio, da Cultura Municipal e estávamos restaurando um vagão de passageiros do projeto Ferrovia para Todos. Muitas empresas doaram algo para viabilizar o restauro e por fim, não estávamos conseguindo ninguém para fazer os estofados do bancos do carro. Tentamos com os da grana da cidade e nada e quem se ofereceu para fazer o serviço, foram justamente eles, FERNANDO e o então seu parceiro, Renato. Tinham um ateliê na vila falcão, modesto, casa de madeira e foi ali que o serviço foi feito. Eles merecem por isso uma placa lá junto do vagão, pois são os tais abnegados, anônimos, pois eu é que revelo seus nomes e se não o fizesse, poucos saberiam do que fizeram. Fernando sempre foi assim, um sujeito de bem com a vida.

Durante anos morou ali ao lado da antiga sede da Cultura Estadual ali na rua Amazonas. Uma casa de madeira onde aconteciam festas homéricas, como uma encerrando um Festival internacional de Bonecos, quando dali saiu uma macarronada - teria sido, nhoque? - dessas inesquecíveis. Os dois sempre se doaram para atividades onde achavam deveriam estar. A vida seguiu, cada um seu caminho e hoje estão vivendo ao lado de novos companheiros, continuam amigos e cada qual sendo, fazendo e acontecendo. São maravilhosos. Fernando é mais rueiro, pois o vejo mais pela aí e sempre que podia esteve junto do pessoal do bloco do Tomate, nas descidas anuais no Calçadão e nos embates todos, ou seja, as brigas contra os poderosos de plantão. Ontem o reencontrei e parece que um filme passou na cabeça.

Ele me chama e faz questão que desça do carro, mostra sua casa, também seu ateliê e conta algo do que faz. Na verdade, o danado faz de tudo um pouco. Continua fazendo estofados diferenciados, com estampas que ninguém mais encontrará nesta aldeia, mas produz também artesanatos, faz pequenos consertos, rearranjos e agora, é também funileiro. Sim, pelo que vejo ali na frente de sua casa, com carros estacionados na beirada da calçada, pois não cabem no seu quintal, ele recupera lataria de carros. Começou por um seu, um antigão, desses lindões, Del Rey, comprado, como me diz, de outra igual a ele, rueira e de bem com a vida, a professora Alexandra Ayello. Esse ele usa como modelo, mostra os detalhes pela internet e o remodela, peça por peça. Ao final – não sei quanto tempo isso durará -, deverá entregar a si mesmo uma peça rara, lindona como o seu coração. Fernando é mais que um querido, é um lutador, um bravo guerreiro, desses que não entrega os pontos, faz e acontece, inova e assim, sobrevive.

Essa conversa fiada de final de ano eu dedico a ele e gente como ele, os tantos que arregaçam as mangas da camisa e vão à luta, ou melhor, estão na luta. Fernando é desses que, é praticamente impossível vê-lo, onde quer que esteja, não parar e conversar um pouco, trocar ideias, saber das novidades e assim, se atualizar. Quando o vi ontem, dei a ré no carro, tinha a certeza de estar diante de mais um assunto para lá de saboroso para contar aqui nos meus escritos. Eu ontem acabei me esquecendo de atualizar os contatos do Fernando, pegando seu endereço e saber mais profundamente de tudo o que faz. Isso quem fará será ele mesmo, aqui nos comentários que certamente virão, dele e dos tantos amigos. O Fernando é do time dos que não param e na verdade, não podem parar, pois se o fizerem serão atropelados. Com esse texto tecendo loas para ele, digo que AMO gente como ele, simples, sinceros, abnegados, fazendo de tudo e mais um pouco para viver a felicidade plena e absoluta. Sei não deve estar nada fácil, mas ele continua tentando, assim como tantos outros. Quero que ele saiba que, mesmo aqui distante, estarei sempre com ele pro que der e vier, pois ele é dos bons desta terra, os que não se entregam. Foi mais do que ótimo reencontrá-lo ontem.
OBS.: Eu queria e devia escrever muito mais do Fernando, mas o tempo urge, vim pra Sampa e a rua me chama. TIve que apressar e reduzir o escrito. Se ainda puder, volto e complemento com algo mais, pois histórias boas não faltam na vida deste intrépido cidadão.

AMENIZANDO OS ASSUNTOS - VARIANDO E COM ESPÍRITO DE FINAL DE ANO
MUDEI
Não, não é nada disso. O Mafuá continua no mesmo lugar, mesmo após a última enchente. Ele se aguenta, como pode, mas resiste, persiste e insiste. Já o HPA, este que nos escreve, este não tem mais jeito e diante de tantos credores e cobranças, resolve MUDAR. 

Escolheu um disfarce para adentrar o ano novo e os embates todos que virão pela frente. Modificou a carcaça. Não por inteiro, mas somente do pescoço para cima. Espera passar incógnito daqui por diante, driblar cobradores e tudo o mais. Talvez não consiga, mas se o fizer, pelo menos até o começo do ano, já terá obtido algum sucesso, pois de hoje até o último suspiro deste triste ano de 2021, passando desapercebido, talvez obtenha algum sucesso em suas empreitadas. 

Cai no mundo e se me acharem, talvez não me reconheçam. É tudo o que quero...

OBS.: Gostaram? Não aceito risadas como resposta, viu!!!

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