domingo, 20 de fevereiro de 2022

RETRATOS DE BAURU (261)


HOTEL CARIANI, FOTOS DA ENTÃO ESTUDANTE CLAUDINE GOTTARDO, 1988

"Essa é a fotografia mais “RAIZ” dos registros.
- Foi com KODAK mecânica e FILME de rolo.
- Eu mesma REVELEI no *quartinho escuro, bacia química e varalzinho*: vi ela aparecendo aos poucos no PAPEL feito mágica antiga.
- Foi na PRAÇA Machado de Mello.
- Era um *Trabalho da disciplina de Fotografia do 1º ano de UNESP. - Tinha q fotografar um prédio histórico da cidade e o escolhido foi o Hotel CARIANI 1907, tombado.
- Tem quem jure que é a NICOLE.
- Os ÓCULOS antiguidade (coloquei lente escura ), herança do baú da juventude da bisavó (perdi).
- Era 7:00 hrs da manhã, tínhamos saído as 5:00 do ARMAZÉM , do tempo que tinha um banheiro SÓ vanguarda / quase obsceno kkk
- Ressaca
- Eu era brava
- E com esse CABELO ficava fácil entender pq o apelido era CAPITÃO CAVERNA
- Créditos Luciana Pereira #tbt #fotografiaantigua #hotelcariani #bauru #1988 #fotoraiz", com este texto a hoje conceituada arquiteta Claudine Gottardo publica em sua página nas redes sociais uma foto sua e várias do ilustre hotel, tentando resistir ao tempo encravado no que ainda resta da praça Machado de Mello, centro velho de Bauru.

Quando vi as fotos não resisti e pedi se podia compartilhar e escrever junto algo de minha lavra. Ela não só permitiu como escreveu algo mais: "Nem fale em tristeza … e não só por ele mas por todos os imóveis tombados da cidade: despedaça meu coração de arquitetura e ser humano ! Eu já era apaixonada por ele em 88 … por isso o escolhi. Repare que tem Fotos onde quase dá pra ver os fantasmas kkk Eu tinha essa sensação lá. Muita energia boa e ruim de todos tipo em todo canto : me arrepio só de lembrar ! E olha que se foram 33 anos. Um frisson especial para o sótão e a claraboia heheh".

Assim como com Claudine, eu também me arrepio só de imaginar o contexto destas fotos. Fiz o mesmo, creio que pouco mais de década e meia atrás, quando o craque de bola Neizinho ali morava e trabalhava, fazia um bico de porteiro e aproveitei o ensejo para fotografar o local, com sua permissão. Tirei fotos já digitais e coloridas e quando as achar, publico novamente. Não me canso de falar destes locais, de tudo o que já tivemos, da altivez do lugar e da brutal transformação de hoje, quando além de fechado, o do lado, o Hotel Imperial, passa por um processo de empobrecimento o transformando numa pária viva e ainda em pé. Existia um projeto do Gazzetta transformando o local, mas ele foi abortado pela atual alcaide, a fundamentalista Suéllen Rosim e sabemos, nada virá destes com mentalidade bolsonarista. Eu não vivo de saudade, mas revivo o que já somos e abomino os que rejeitam e repudiam o que já fomos, não lhe dando a devida importância. Estas fotos da Claudine são daquelas de chorar, primeiro de saudade, depois de ódio por terem deixado isso perdido no tempo e no espaço. Quem sabe um dia ainda voltaremos a ter administradores sensíveis e olhando para Bauru com os olhos de que a cidade é mais do que merecedora. Torço e luto todo dia por isso. Basta de insensibilidade, de fundamentalistas, de genocidas e de bolsonristas, pois representam o mais cruel atraso onde poderiam ter nos metido. O Cariani há de resistir!







Em tempo: Fico imaginando como teria o trabalho dos colegas de turma da Claudine, todos feitos com fotos de igual teor e em cima de imóveis considerados por eles como históricos. Resgatar isso tudo seria uó do borogodó, mas creio um tanto impossível, enfim, lá se vão mais de trinta anos. Com o olhar de hoje, a gente observa o quanto poderíamos ter feito e o quanto deixamos de fazer por essa cidade.

O QUE FAZER PARA ATRAIR OS CONFORMADOS PARA A LUTA PELA DEVOLUÇÃO DESTE PAÍS À ALGUMA NORMALIDADE?
Saio agorinha mesmo de uma custa conversa com alguém, considerado por mim, como um intelectual de esquerda desta cidade e percebo em sua ação, algo mais do que necessário nos tempos atuais: ele resiste e põe a cara para bater enfrentando os fundamentalistas e genocidas no poder, quer aqui em Bauru ou lá em Brasília. Falamos exatamente deste tema, o de não se aquietar neste momento. Eu e ele, ambos com mais de 60 anos, já vivenciamos muita coisa nestes tempos e diante de tudo o que já vimos acontecer e quando olhamos para o retrovisor, uma só certeza, não nos falta assim tanto tempo de vida pela frente, daí, se aquietar é para os fracos, os que não possuem passado de luta e de enfrentamento.

Gostei da conversa e na troca de figurinhas, falamos dos tantos que poderiam engrossar este caldo, mas se acovardam e se fecham em copas, isolados por vontade própria e sem coragem para gritar. O grito destes seria de vital importância para fortalecer a luta pela derrubada deste triste momento vivido pela política nacional, quando desde 2016 foi ocupada por uma horda de gente totalmente desqualificada e todos com o intuito de fazer negócio, ganhar os tubos com a transformação que tivemos. O pior momento já passou, "eles", os perversos estão um tanto enfraquecidos, mas ainda no poder e se uma reação não ocorrer a contento, corremos o risco deles até continuarem, pois jogam sujo e farão de tudo e mais um pouco para continuar aprontando das suas. E vamos permanecer calados e vendo a banda passar?

Muitos dos que estão hoje contidos e fechados em copas já foram muito mais atuantes e por que, justamente agora, quando se espera de todos um levante contra a perversidade, estes não reagem? Seria medo nessa altura do campeonato? O que uma pessoa já aposentada, sem aqueles vínculos do passado, sem obrigação de continuar prestando conta para isso ou aquilo, o que movem estes e os fazem verem tudo se perder e não movem uma palha para se juntar aos que se encontram na luta para devolver alguma dignidade ao país? Uma difícil resposta, diante de tantas nuances. Destes, disse ao amigo na conversa de hoje, vejo uma covardia a denotar o quanto não crescemos como nação. Somos realmente um povo ainda fraco, medroso do que outro vai achar de mim se me posicionar contra os perversos. A indiferença é o pior no ser humano. Muitos são obrigados a assim se posicionar, pois vivem sob forte impacto de pressão econômica. Nã osaberiam como fazer sem o que amealham hoje e por causa disto se mantém calados. Entendo estes, mas não os que não possuem mais nada a perder. Na conversa falamos disso, de algo desse conformismo fazendo parte da história deste país. Preferimos não lutar, não sujar nossas vestes e assim deixa-se tudo ir rolando. O que precisa mais acontecer paar estes adentrarem o campo de jogo e lutarem, falarem grosso e mostrarem suas garras? Ou nunca o farão?
OBS.: Me parece que, os mesmo que se omitem à nivel nacional, se omitem a nível municipal.

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