sábado, 26 de março de 2022

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (115)


BATENDO ASAS...
Tem momentos em que, bate aquela canseira e tudo só se resolve com estrada, poeira, vento na cara, gastança de sola de sapato. Eu e Ana Bia estamos batendo asas e deste sábado, 26/3 até dia 11/04 estaremos pela aí, sem lenço e sem documento. Desta forma, meus escritos que são até de certa regulares, numerados, não vão ter no período a sequência e a peridicidade de sempre. Entendam, estamos nos recarregando e se tudo der certo, a gente vai enviando notícias. Até mais ver...

ESTRADA
Estamos nela, perdidos pela aí. A primeira parada foi em Salvador BA. A diferença é sentida logo na chegada, impactados por tudo o que representa ganhar o mundo, conhecer pessoas, ouvir histórias de vida. Eu e Ana Bia teríamos mil histórias nossas, mas essas interessam só para nós. Vou postar aqui nos próximos dias o algo a mais encontrado. Sou um ajuntador de pequenos casos, escrevinhador das pequenas coisas, seguidor do lema do historiador carioca Luiz Antônio Simas, "historiador das insignificâncias".
Das trombadas pelas ruas o que irei postar aqui nos dias pela frente não versará sobre esses dois viajantes e suas andanças, mas a história dos outros. Nem sei se encontrarei tempo para escrevinhações de grande monta, mas como são elas que me movem, algumas sairão por aqui. Todas com cheiro de povo e das ruas. Nas primeiras andanças na capital baiana, já deu para sentir que o "capiroto" não tem chance nenhuma por aqui e isso muito me alegra. Escrevo isso nem sei como, pois tudo neste momento me seduz e conduz para as ruas. Por todo lugar onde vamos, pedem o passaporte vacina, comprovante de todas as doses tomadas. Aqui esse negócio de impor não obrigatoriedade da apresentação não cola. Não apresentando o passaporte vacina, o sujeito terá que comer pizza na calçada, fora dos estabelecimentos, como fez Seu Jair, excluído em Nova York. Vamos que vamos.

ELAS FAZEM E ACONTECEM, MAS ATRÁS DAS GRADES
Quando um "negócio" é comandado pro mulheres, elas o tocam com uma sapiência a ser ressaltada. Vivenciei algo aqui hoje, quando eu Ana perambulamos aquei pelas beiradas do Rio Vermelho, o bairro boêmio de Salvador BA. Aqui tem música em cada esquina e para todos os gostos e genêros.
Estamos ainda um tanto perdidos, mas procurando pelas brechas o algo mais, ou seja, se encontrar sem se deixar levar. No pequeno hotel onde estamos hospedados, quando dizemos da intenção de trazer um algo mais para o frigobar, a moça da recpção nos indica um pequeno "mercadinho", como ela mesmo diz. Traça um roteiro e lá vamos nós. No local, três mulheres atuando e um homem sentado lá no fundo observando tudo. Elas se movimentam para lá e para cá, resolvem tudo e batem nas onze, ou seja, todas coringas. Uma delas me vendo deslumbrado com o que vejo nas ruas, me alerta: "Você não é daqui, né? Cuidado viu, fique com pisca alerta sempre ligado, viu! Aí do lado de fora tem de tudo e eles te sacam...". Saquei e Ana ria, pois me vê sempre com o flanco aberto. Olho para elas, as três atrás das grades, num começo de noite, que sei, vai longe, atentas e atuantes. Da dica recebida, já ficamos amigos e desde já, estabelecemos uma parceria pelo tempo em que estaremos por aqqui. Serão nossas fornecedoras de tudo o que precisarmos. Só faltou sairem de seus postos e sairem atrás de nós, como anjos protetores. Estamos nos garantindo por aqui e já começamos bem, com essas da foto, atrás de grades, protegidas e atentas, nossas guias por essas bandas. Garantidos desde já, começamos a garimpagem com elas no nosso encalço. Somos mesmo srtudos por ir trombando com gente deste quilate pela frente.

VALDEMÁRIO É GUARDIÃO DE MALAS PERDIDAS
Tive o prazer de conhecer seu Valdemário hoje em Salvador, pelas vias tortuosas desta vida. Eu e Ana antecipamos um voo e chegamos mais cedo na cidade. Quando achávamos que tudo estaria perfeito, eis que descobrimos nossas malas ficaram para trás e atreladas ao primeiro voo. Chegamos com a roupa do corpo e com a promessa de que, elas seriam entregues no hotel. Fomos desfrutar das ruas, porém preocupados. Começo da noite, ligam da recepção e lá seu Valdemário, da Coopertáxi. Explica sua função, a de recuperador de malas antes perdidas e por ele devolvidas, entregues pessoalmente, num serviço prestado pela Azul. Faz isso há um bom tempo e do que faz, aprendeu a repetir para os antes desesperado, algo construído por ele: "A gente vem ao mundo despido. Hoje estamos vestidos e não podemos mais ficar despidos, ainda mais numa viagem. As malas estão novamente em suas mãos". A partir daí, ele e eu no saguão do hotel começamos a prolongar a conversa. Ele me conta variadas histórias e lugares onde vai entregando as tais malas antes perdidas. "Tenho um sexto sentido, até para encontrar as pessoas. Quando o endereço não bate, não desisto e vasculho nas redondezas até encontrar a pessoa, pois sei o desespero em que se encontram". Cada um tem histórias vividas no seu ofício, dessas que juntadas dariam um livro. Ele tem muitas e todas com final feliz. Este é mais um dos que, sem querer trombamos por aqui e é como se fossemos amigos de longa data. Histórias como essa se repetem e tornam qualquer viagem mais arrebatadora. Eu não viajo só para conhecer lugares, mas também sempre querendo ter a possibilidade de boas trombadas como essa.

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