segunda-feira, 18 de abril de 2022

FRASE DE LIVRO LIDO (176)


A MENSAGEM DA LAREIRA
Viajo no feriado da semana passada para as montanhas paulistas, clima mais frio, ótimo para o devido descanso. Chego e só daí percebo não ter trazido nenhuma lembrancinha para quem nos recebia com tamanha deferência. Saco da algibeira um jornalão do dia da chegada e com a tirada o entrego: "Como sei que gostas de se manter bem informado, eis o jornal do dia". Ele sorri, colocando o mimo na mesa da sala e logo a seguir o vejo num armário, sempre intacto.

O dia transcorre é nada muda. Chega a noite, temperatura esfria e quando me dou conta vejo a lareira da casa, aquecendo a todos, já acesa e numa das bordas, fogo se aproximando percebo o tal jornal. Não me contenho e comento, com todos já se aquecendo pela boa quentura advinda das chamas: "Agora percebo a utilização que deu para o jornal". O anfitrião não perde a oportunidade e assim encerramos o assunto: "Henrique, não dá mais. Tenho minhas fontes de informação e essas não vêm mais deste tipo de mídia. Eles, que já foram úteis no passado para embrulhar peixe, hoje me servem para acender a lareira. Nada como papel de jornal para essa finalidade". Ponto final.

PARA ENTENDER DAS ORIGENS DO CONSERVADORISMO BRASILEIRO
Da volta pelo giro recém encerrado, três cidades nordestinas, em Natal RN, o anfitrião Garoeiro me presenteia com uma verdadeira bíblia para se entender dos rumos deste país, o "Raízes do Conservadorismo Brasileiro - A Abolição na Imprensa e no Imaginário Social", do jornalista gaúcho Juremir Machado da Silva. Um catatau já devidamente instalado no retorno ao lar num lugar privilegiado na mesa de trabalho. Vou saboreando em drops e confirmando o que já sabia, agora ratificado e confirmando.
"Juremir aponta caminhos capazes de elucidar por que o Brasil é um país em débito com a própria história. Partindo da análise de discursos políticos e jornalísticos do início do século XIX, o autor identifica fundamentos conservadores que permearam o contexto da assinatura da Lei Áurea e sob os quais foi erigida, um ano e meio depois, a República brasileira. (...) Se hoje a mídia é vista como reprodutora da ideologia conservadora, que legitima a desigualdade social, ontem a imprensa era veículo de disseminação de teorias racistas e de ideologias de dominação", leio na orelha e quarta capa.

Não adianta insistir e tentar passar a mão na cabeça da mídia nativa, pois ela, com raríssimas exceções, continua atuando do mesmíssimo jeito e maneira. Leio o que eles querem, da forma como querem, suprimem o que não lhes interessa e assim, de forma fracionada, retalhado, recortada e muito parcial, continuamos nos informando e acreditando numa verdade dos fatos, que na verdade é somente uma versão dessa verdade, a deles, os donos da mídia. Muito nítido isso ontem, reforçado hoje, daí a importância do livro do Juremir. Nada como rever todo o ocorrido, desde os primórdios, para se entender bocadinho do que nos acontece hoje. A enganação continua em curso, matreiro, fáceis, ardilosa, mas cruel, insana e como sempre, muito mentirosa. Isso é histórico no Brasil.

CARMEM DO RECIFE E SUAS PRECIOSIDADES
Só hoje, passados muitos dias do retorno para Bauru consigo ir avaliando algo das preciosidades trazidas da recente viagem ao Nordeste. Rever lugares é uma coisa, mas pessoas, suas histórias, conviver com este algo mais que as movem, isso não tem preço. Em cada lugar, ser recebido por estes e perambular junto deles e até ganhar mimos, daí algo incomensurável. Foi minha reação, quando nossa anfitriã no Recife PE, abre sua matula e de lá tira uma cria sua, recém parida, um libreto lindo reverenciando alguém do povo: "Era uma vez Bezerra do Sax".

Mas quem é Bezerra do Sax? Nada mais foi que um dos ricos personagens das estranhas deste país, rico demais da conta, tudo por arregaçar mangas de suas camisas e ir à luta. Fez e aconteceu a vida inteira e não fosse gente da laia de Carmen Lucia Bezerra Bandeira, cairia no esquecimento. Adoro ler as histórias destes, os verdadeiros "bandeirantes" e desbravadores deste nem tão varonil Brasil. Sento é saboreio a obra, como diante de iguaria de alta sustância, dessa a encher o bucho. Resgatar a memória afetiva de um lugar, a como ela denomina "suas histórias e sua poética afetiva". Seu Bezerra tocou a vida toda seu sax e tomar conhecimento de sua caminhada me fortalece muito para continuar enfronhado no meio destes, os tais simples, desimportantes tão cheios de importância.

O PESADELO VAI ACABAR
Sim, o pesadelo pode terminar, mas mesmo pela via eleitoral, não será sem "sangue, suor e lágrimas". A campanha eleitoral, sabemos, mal começou e nela, previsão de acontecer de tudo e mais um pouco. Este período eleitoral não será nada fácil. Permanecer quieto, meramente votando e vendo a banda passar será de grande risco. Os que lutam por um país melhor, altaneiro e soberano, não temos como nos contentar, aguardando que tudo caia do céu. O pleito será duro e cheio de tramoias, bem a cara do capiroto hoje no poder. Portanto, esperar sentado, nem pensar...

ADIARAM MOÇÃO DE APLAUSO PARA ESSO MACIEL
"Hoje não teve moção mas motivos para aplaudir o Esso Maciel não faltam! Um sobrevivente, como ele mesmo se classifica.
Ele quis fazer um ensaio fotográfico depois de quase 10 horas se preparando pra solenidade que foi cancelada! Aplausos ao Esso Maciel !! Aguardemos a nova data", artista do teatro de bonecos e amiga do Esso, Mariza Basso.

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