UM LUGAR POR AÍ (160)

ESCAPULI

1.) ESTÂNCIA TURÍSTICA DE SALTO É LINDA, MAS A POLUIÇÃO ESPUMOSA PROVENIENTE DO RIO TIETÊ É AVASSALADORA

Estive por lá neste final semana, me encantei com muita coisa por lá presenciada, conheci belas experiências em curso, aplaudi apresentação de dança no Teatro Palma de Ouro, percorri suas ruas e conversei com pessoas pra lá de admiráveis. Hoje, domingo, seu museu aberto para visitação, ou seja, uma cidade funcionando, sem buracos e administradores fundamentalistas atravancando o seu caminhar. Só aquela espuma proveniente de poluição no rio que corta o centro da cidade, o Tietê, com formação rochosa linda, porém espalhando um mal cheiro insuportável (no frio é menos intenso). Volto triste quando comparo uma cidade redondinha, nos trinques, com o que vejo acontecer em Bauru.

Na beirada do rio que corta toda a cidade, lindo passear pela ponte pensíl, ladeando lugar onde hoje está uma faculdade, pedras rochosas fincadas desde sempre junto ao rio Tietê. Mesmo com toda a poluição presente, o lugar é magnífico. Destaco os painéis contando a história do lugar e como na maioria dos lugares, uma exaltação para alguns de seus algozes, os bandeirantes. Estes, como se sabe, foram os dizimadores da civilização então existente no lugar, os indígenas. Não os coloco no mesmo patamar dos índios, pois mesmo levando em conta o momento e como se dava o entendimento naquela época, não tem esconder o genocídio. Ele continua bem presente em nossa historiografia e até hoje, quando relatada seguindo essa versão dos vitoriosos, nos leva a creditar aos bandeirantes louros pelo progresso, pouco acentuando a mortandade provocada.

No mais uma cidade limpa, sem buracos, lugares gostosos de visitar e rendendo boa conversa por onde passei. Um fina lde semana agradável, uma só pernoite na cidade, pouco tempo para avaliação, mas dando tempo para espairecer e botar os olhos em algo fora de meu alcance habitual. Faço isso, sempre que posso, com galhardia, em busca de aprender mais e mais. Mesmo com tudo de bom encontrado pela frente, não tem como não destacar a espuma no rio, algo já bastante relatado, décadas de estragos, como algo ainda sem solução e a manchar um roteiro dos mais saborosos. Poder sair de casa, ainda ter o prazer de desfrutar dessas caminhadas é sempre revitalizante.

2.) EM SALTO NA ESTREIA DE "FRIDA", TEATRO PALMA DE OURO, PRODUÇÃO FACES OCULTAS

Toda viagem tem um motivo e o deste final de semana tinha como algo participar, convidado que fomos, eu e Ana Bia, do espetáculo marcando os 25 anos  de uma livre e audaz companhia de dança, a Faces Ocultas, de Salto. Seu diretor, Arilton Assunção, vez e outra está por Bauru, trocando figurinhas com Sivaldo Camargo, o diretor da Cia Estável de Dança de Bauru. Ambos trabalhos são dignificantes e divulgadores de suas cidades. Hoje, o Faces Ocultas completa 25 anos e o de Bauru, completou dez de existência. A diferença entre ambos é que, o de Bauru é público, criado por decreto e desde então junto da SMC - Secretaria Municipal de Cultura e o Faces é privado, criação do Arilton, sem nenhuma dependência de dinheiro público. As propostas são ambas ótimas, cada uma no seu quadrado. Não me canso de enaltecer por aqui o trabalho do Sivaldo e mesmo já tendo presenciado alguns trabalhos do Arilton, não conhecia sua casa e desta feita surge a oportunidade de fazê-lo. Viemos, com Sivaldo junto e nos maravilhamos, eu e Ana Bia, pela primeira vez na cidade. O Faces conseguiu algo inusitado em sua existência, uma doação feita por um mecenas que ao falecer deixou como herança para eles uma sede, uma casa toda transformada e hoje o local de apoio para tudo o que acontece. A casa respira e transpira dança, assim como Salto sabe reconhecer o trabalho do Arilton e de seu grupo. O prefeito comparece em todas suas apresentações e numa fala curta, antes da apresentação, deixou claro o prpósito cultural de fortalecimento de algo a divulgar o nome da cidade por onde passe. Ah, se a atual prefeita de Bauru ao menos entendesse da importância da valorização da dança e da continuidade de uma Cia pública neste sentido, mas isso já é demais da conta e até compreensível diante de um desGoverno fundamentalista e só pensando em amealhar, nunca em dividir e expandir. Assistimos o espetáculo Frida, montagem com coregrafia toda feminina e fomos acolhidos por todos, agradecendo o carinho e atenção. Papos culturais rolaram pela noite fria, porém cheia de calor humano.

NO RETORNO PARA BAURU, NOITE DE DOMINGO

FUI PRESENCIAR O ÚLTIMO ESPETÁCULO EM BAURU DO "EMCENA BRASIL"

Trata-se de um grupo teatral com 15 anos de atuação país afora (não consegui por mais que tentasse localizar a origem, sua procedência, nem no próprio site deles) e neste final de semana estiveram de passagem por Bauru. Vieram se apresentar ao público bauruense de forma gratuita, com espetáculos distribuidos das 16 às 21h, sábado e domingo. Patrocinados pelas leis Rouannet e Proac estadual, contam em Bauru também com apoio da Tanger e da Prefeitura Municipal, na retaguarda da cessão do espaço e alteração no trânsito. Alguma divulgação pela mídia, muito pouca, inclusive pelo site da Cultura e Prefeitura. Pelo ontem e o que vi hoje, pouco público. Nenhuma linha saiu no Jornal da Cidade e quase nada nas rádios e TVs locais, comprovando o desprestígio da atual administração da SMC - Secretaria Municipal de Cultura neste quesito e em todos os demais. Eventos deste porte, necessitam de um algo mais, uma exposição maior, uma amostragem maior, pois do contrário, ocorre o que foi visto nas apresentações, pouca gente sabendo e pouquíssima repercussão e público. Triste ver todo o aparato montado no parque Vitória Régia para quase nada. O esforço dos artistas, o empenho de alguns funcionários públicos, os designados para atuar nos bastidores e como a Cultura local anda divergindo dos divulgadores culturais da cidade, algo dessa magnitude não é nem notado pela cidade. Triste presenciar isso tudo. Hoje no encerramento, "Ariano - O Cavaleiro Sertanejo" e pouco menos de 50 pessoas no local. Credito o fracasso ao desprestígio da Cultural municipal. Sem mais comentários, só constatação. Percebam o quanto algo assim não chega ao lado de lá, o interessado em consumir Cultura. Os canais de comunicação estão rompidos, quebrados, fraturados e praticamente incomunicáveis. O que foi visto ali no parque Vitória Régia neste final de semana é, com exatidão, a imagem do triste momento vivido pelos detentores da área administrativa da Cultura pública municipal. Dissonância e distanciamento entre as partes só podia dar nisso: quase ninguém sabia do que estava em curso e aos que passavam pela rua e notavam algo, parando, só assim tomavam ciência do que ali ocorria. Muito triste tudo isso...

Eis o link da gravação feita por mim, início da apresentação noturna do Emcena Brasil, com "Ariano - O Cavaleiro Sertanejo": https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/436798275115399

EXPLICAÇÃO PELO SEGUNDO ADIAMENTO DO 87º LADO B COM BIA BASSAN

Bia passou mal, HPA se atrasou no retorno de viagem para Bauru e na junção das duas coisas, preferimos adiar o 87 Lado B para amanhã, segunda, 23/5, 19h. O textão estava pronto para ser aqui publicado e enaltecendo a convidada, as loas merecedoras para alguém não desistindo da luta. Um dia mais pra gente poder soltar o verbo com toda pompa e fogo. Vamos juntos? Desculpem por hoje, mas de amanhã não passa...