domingo, 29 de maio de 2022

BAURU POR AÍ (203)


CENA QUE SE REPETE BRASIL AFORA E BAURU NÃO FICA DE FORA
Esquina da Duque com Gustavo, segurança de uma farmácia pede para verificar conteúdo de bolsa de cliente negra, sob alegação de "algo ter caído aí dentro". Racismo, boletim de ocorrência policial e fatos sendo divulgados pelas redes sociais, gerando ato defronte o local. Ninguém solta da mão de ninguém.


NA FEIRA DO ANDARAÍ, TU ENTRA CAJÁ E SAI CAQUI
Na cidade do Rio de Janeiro, depois de dois anos e meio de pandemia, dia de Fla Flu no Maraca, impossível não querer circular pela feira dominical do Andaraí, bem defronte o famoso hospital, o tal que Aldir Blanc dizia que o sujeito entrava cajá e saia caqui. 

Ver o feirante desfiando (descascando, cortando em bifes...) um fígado inteiro de boi é como se estivesse presenciando uma peça teatral, dessas um tanto surreais. 

Eu adoro esses lugares e hoje em especial, desfile de personagens com as camisas destes dois times, que logo mais, final da tarde vão estar se enfrentando no campo de jogo. Saio daqui sempre revitalizado. 

Viva o Rio e suas possibilidades. Praia, nem pensar...

OS "CHINOS" ENTRE NÓS, TUDO JUNTO E MISTURADO
Ontem quando entrevistava o padre Herman Voz, para o Lado B, ele, belga, passando só três meses por ano no Brasil e em Bauru, disse algo, como bom observador que é, sobre os antigos comerciantes do centro bauruense, principalmente do Calçadão, muitos fechando as portas ou preferindo abri-las em outro lugar. E concluiu, ele mesmo respondendo quem hoje está lá no lugar da Casa Carvalho, esquina com Rio Branco: mais um chinês. Vale como pura constatação, os "chinas" estão dominando o mundo, inclusive o nosso mundo.


JC REPERCUTE SOBRE VIAGEM DE TURISMO COM COBRANÇA DE PASSAGEM, EM ÔNIBUS CEDIDO PELA EDUCAÇÃO E A PEDIDO DA CULTURA
https://www.jcnet.com.br/.../803309-denuncia-de-viagem-de...
A coisa finalmente ganhou a amplitude que merece, ou seja, ser motivo de ampla investigação e punições. Inadmissível ônibus público ser emprestado para um particular, no caso ex-presidente do Clube da Viola, sob fajuta alegação de apresentação cultural e o mesmo ser utilizado para viagem turística, com cobrança de passagens, ou seja, lucros, pois o ônibus foi conseguido sem custos. Como a Educação e a Cultura cairam nessa, só mesmo investigando para saber. Tomar conhecimento do conteúdo dos ofícios de solicitação do ônibus e os de sua liberação já seriam reveladores, para se ir constatando o que de fato ocorreu. O fato é que a SMC - Secretaria Municipal de Cultura, quem solicitou o onibus para a prima rica, a Educação, para a tal viagem - dizem ter outras -, até o momento se finge de morta e não se prtonuncia. Aguardaremos até quando?

JESSICA MORETTO, 35 ANOS, SE FOI QUASE ANÔNIMA
Outro dia um amigo me interpela dos motivos de não ter escrito algo sobre o falecimento de um figurão da cidade. Respondi que, não tinha afinidade nenhuma com o cidadão e que, minha preferência de escritos é exatamente para os totalmente diferentes dele, os que labutam de uma forma impiedosa, uma vida praticamente inteira na adversidade e fazendo de tudo e mais um pouco para sobreviver, conseguir ir se safando das agruras e tentando tocar suas vidas da melhor forma possível. Estes eu não só escrevo, como vou atrás de suas histórias e as publico, pois quero cada vez mais enaltecer os considerados pelos donos do poder local como "desqualificados" e como denomino quando criei os meus bate papos semanais, os "desimportantes". Desimportantes para os graúdos da cidade, mas importantes demais para quem, como eu e tantos outros que os observam e sabem do valor de cada um na construção desta aldeia, diversa, confusa e a viver no embaraço.

Eu não me sentiria nem um pouco a vontade de escrever do cara citado pelo meu amigo, mas faço questão de escrever de uma pessoa que se foi por estes dias, aos 35 anos, tão nova e tão pouco conhecida, a JESSICA MORETTO. Jessica lutava muito para tocar sua vida dentro dos padrões aceitos pela cidade como normais (sic). Ela se lixava com isso, pois queria mesmo é viver e bem. Tentou até quando deu. Lutou muito. Eu a conheço muito pouco e como morei no Gasparini mais de uma década atrás, sei que ela também ali morava, foi quando começou sua transformação para o atual estágio, uma bela mulher trans. Eu a via garota, muito jovem no bairro e depois, alguns anos na frente, a revi já em outro lugar. Fisicamente deu um salto e estava altiva, senhora de si e querendo vencer na vida. Lutava muito para isso.

Ela conseguiu seu intento em partes, pois teve a vida interrompida nesta semana. Não me perguntem do que morreu, pois isso é o que menos interessa. Não sei e não quero saber. Quero saber dela, da Jéssica que sonhava e teve todos eles interrompidos. De agora em diante ela não mais será vista labutando pela aí. Eu faço parte do time que mesmo não a conhecendo direito, irei sentir muita saudade dela, pois ao passar no lugar onde a via e também a observava, sei que não mais a encontrarei. Ela hoje já está em outro patamar, partiu para outro plano. Faz parte dos time dos que lutaram, sonharam e pensaram que um dia poderia até chegar lá, mas tiveram o sonho interrompido. A menina lá do Gasparini viveu somente 35 anos. Muito pouco para uma existência humana. Queria escrever muito mais dela, mas sei tão pouco e do pouco que sei, espero tê-la homenageado a contento com este texto. Ela merece. Os todos que dão murros em ponta de faca pela aí merecem toda minha estima e consideração.

COMENTÁRIO DE DIEGO COELHO: "A Jéssica deixou um legado imenso, sempre ajudando as meninas a sua volta! Uma pessoa de caráter 100 igual, vou sentir falta dos cafés e das conversas. Mais uma mulher, que chega apenas aos 35 anos, parece loucura pensar nisso, mas essa é a expectativa de vida das pessoas trans no Brasil. A luta dela e tantas outras é diferente, as dificuldades de acesso ao básico tbm! Que ela vá em paz, e tenho certeza que "do outro lado", estará melhor que qualquer "humano" aqui na terra".

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