sábado, 3 de setembro de 2022

REGISTROS LADO B (101)


HOJE NO 101º LADO B, NADA MENOS QUE IVY WIENS, SUA HISTÓRIA EM BAURU E A ECOLOGIA COMO PONTA DE LANÇA EM SUA VIDA E ATIVIDADES
Convivi uma década atrás com IVY WIENS em Bauru e tenho a mais grata recordação de sua passagem por Bauru. Foi e continua sendo uma dessas incansáveis batalhadoras pela maioria das causas que luto e lutamos. Tem a cara do ativismo tão necessário em todos nós, primeiro para mudar o mundo e depois, o engajamento transformador, isso que contagia uma pessoa e o faz lutar uma vida inteira. Passou por Bauru como um raio, deixou escola e ao bater asas, passado já um certo tempo, nada como rever isso tudo. É o que proponho neste 101º LADO B - A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES, minha semanal conversa com pessoas que fazem e acontecem pela rebarbas do poder.

Essa eterna menina - já passou dos 40 anos -, continua a mesma que conheci tempos atrás, com o mesmo sorriso e lutadora como poucos, dessas incansáveis, sem tréguas, 24h do dia e da noite. Sua carinha de européia a denuncia a origem, alemã, de seus pais, mas nascida em Itu, criada em Campinas e depois Bauru, onde até hoje faz questão de propagar, "continuo muito bauruense". Ela vai nos contar algo mais de sua origem, de suas andanças e a de Bauru tomará bom tempo na conversa, pois quem não se lembra dela atuando no Instituto Vidágua, sendo fazendo e acontecendo. Por aqui iniciou sua fase de estudos mais aprofundados sobre o tema ecológico e seu enfronhar com o mundo político. Após o envolvimento com as questões políticas, decidiu-se pelo mestrado em Gestão Ambiental, mas Bauru acabou ficando pequena, enfim, ganhar o mundo se fazia necessário. E assim se deu.

Foi para um lugar no Vale do Ribeira, Eldorado, que na época ainda não era conhecido como a terra mãe do atual presidente do Brasil, o miliciano capiroto Seu jair, o Senhor Inominável. Ela escolheu a cidade por outras muito diferentes razões e hoje, mesmo seu recanto estar bem próximo de onde ele cresceu, quase parede meia, ela resiste e diz ter fincado uma embaixada petista e de esquerda no lugar, transformando sua casa em ponto turístico. Diz que, muitos passam para fotografar sua porta, cheia de adesivos e algo bem ao contrário do que acontece na casa vizinha. Ela vai nos contar isso e muito mais.

Certa feita foi candidata à vice-prefeita em Eldorado, coligação PT/PV e de como acabou também tendo algo seu publicado e noticiado na BBC de Londres, no Le Monde de Paris e na Folha de São Paulo. Ela tem tempo para tudo e assim toca sua vida, dividindo e ocupando bem seus espaços e tempo. Adora futebol, torcedora do São Paulo e do Noroeste, essa nossa Alemão de Itu é pessoa mais do que vibrante e empolgante. Ouví-la é se maravilhar com as possibilidades dessa vida.

Ontem quando gravei uma chamada para o papo que ocorrerá hoje, ela estava envolvida com a pintura de sua casa, toda manchada de tinta, alegre como sempre e com disposição, recarregando-se para tudo o que sabe, sempre lhe acontece na vida. É anfitriã da Casa do Rio, um hostess naquela cidade, abrigando os dispostos a percorrer descaminhos pelo Vale do Ribeira. É também Embaixadora, eleita democraticamente, do bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é MiXto em Eldorado e região, tendo coleção de camisetas e fala também dessa sua paixão pelo Carnaval, nossa música e e culinária. Vai ter que explicar o que venha a ser isso de Sabor Xiririca?

Algo mais do que necessário é o entendimento de uma vez por todas do que foi e o que é o Vidágua para Bauru. Como foi criado e no que se transformou ao longo do tempo. Os erros e acertos, alé mde ver o que ainda pode ser feito, pois se a ideia foi boa, talvez nas mãos de gente comprometida, possa reassumir algo transformador. Bauru está sob parte do Aquífero Guarani e possui uma das maiores reservas de cerrado do estado de São Paulo. Juntemos isso tudo a deixemos contar algo dos bastidores de quem tratou de cuidar e zelar dessas maravilhas todas ao longo do tempo. Ou seja, como o lema do bloco carnavalesco, "a gente faz festa, mas tá puto da vida", Ivy falará de suas alegrias e também de suas tristezas, algumas mágoas e decepções. Enfim, uma vida muito bem vivida e cheia de coisas para serem contadas, distribuidas e compartilhadas.

Eu só sei que, a conversa deve render e se transformar em uma das melhores desta série, pois a danada tem cabedal para falar de temas com profundo conhecimento de causa. Vou tentar explorar isso tudo e deixar um registro inesquecível, não só de sua passagem por aqui, mas o depois, o que faz agora, seus envolvimentos e luta, essa que não cessa, pois ela bem sabe, entrou para nunca mais sair. No final, temos que falar também de alguém mais do que especial, o artista plástico Silvio Selva, recentemente falecido e algo da querência dela para com as atividades do bardo guerreiro.
Enfim, gostaria muito de contar com tudo, todas e todos.
Vamos juntos?

Eis o link da gravação, com 1h30:

QUANDO NEM COM TIRO A QUESTÃO É RESOLVIDA*
* Meu 75º texto para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição circulando hoje.

Os líderes de esquerda da América Latina correm riscos sérios de vida. São os que propõe alguma alteração no modal de vida da maioria dos habitantes de seu mundo. Existem os que não querem mudar nada e o negócio destes é manter tudo como está, ou até piorar mais, melhorando para ele e nunca para a maioria do povo. Felizmente existem os que, mesmo capitalistas enxergam as amarguras e injustiças cometidas e se voltam contra ela, ou contra a perversidade e injustiça social. Os que não querem mudanças pensam só em si, numa forma de ganhar mais e não estão nem aí para o resto. O resto é o resto é pronto. Simples assim.

Imagine alguém defender os interesses destes desvalidos, os trabalhadores, a massa, a turba. Num momento quando até os mínimos direitos dos trabalhadores estão sendo suprimidos, tudo em prol de um tal de progresso, alguém ousar fazer algo para prejudicar que o ganho dessa minoria sofra alteração, esse merece mesmo a morte. Por que ter compaixão com quem pensa naqueles que nasceram para trabalhar de cabeça sempre baixa, propondo que lutem e consigam um algo mais. O péssimo exemplo tem que ser contido, se não pela força, muitas vezes por um golpe, onde o que pensa em dar direitos para os que nada possuem é taxado mais do que louco, alguém a ser preso. Se não existe um motivo para prendê-lo, que o motivo seja inventado.

Inventar algo para prender um líder propondo ampliar direitos é hoje algo fácil. Os donos dos meios de comunicação pensam igual, ou seja, também não querem perder importância e não pensam em diminuir seus ganhos, sua forma de exploração. Se juntam a um Judiciário, que não julga segundo princípios mínimos de igualdade, mas cada vez mais, para favorecer os interesses dessa minoria, do qual também fazem parte. Pra que produzir um golpe sanguinário, quando tudo pode ser resolvido com algo dito como normal, dentro da lei? Lei essa criada para favorecer não a maioria do povo, a base da pirâmide, mas os poucos do alto, do qual fazem parte, os ungidos dos céus. Estes decidem e o fazem condicionados a nada alterar. Alterar é perder poder, dinheiro e força. E isso nem pensar.

Esses malucos que tentam agir contra os interesses dos abastados são num primeiro momento tentados a mudar de lado. São oferecidos mundos e fundos. Alguns se vergam, utros não, esses mais difíceis. Sim, podem acreditar, existem os que o dinheiro não compram. Esses são osso duro de roer. Quando investidos de poder olham e atendem algo inexpugnável. Isso incomoda, tudo é suportado por algum tempo, mas existe um limite. O capitalismo praticado hoje com essa fachada neoliberal não suporta por muito tempo alguém lhe fazendo perder grana.
Tentam uma, duas, três vezes, depois só mesmo impondo sua vontade coercitivamente, vergando o insolente. Quando nem isso é conseguido, só mesmo um tiro. As milícias no Brasil fazem isso costumeiramente. Nem avisam mais do que uma única vez, depois dão cabo. Em democracias de fachada como as nossas, para aparentar normalidade, suportam um pouco mais, mas quando percebem que não haverá mesmo jeito de controlar, daí só mesmo com a prisão ou um tiro. Pronto, se não entende por bem, o tiro resolve e acalma outros que ousem propor libertação.

Só que, em alguns poucos casos, o executor do tiro erra o alvo, não executa o combinado, perde a oportunidade, fraqueja e o combinado/contratado não se conclui, falha, nega fogo. Com CFK – Cristina Fernandez de Kirchner foi assim, ela escapou do tiro e agora, os que ela atende com seus atos, a defendem e estão a revolver a Argentina do avesso. O povo felizmente vence algumas vezes.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com)

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