quinta-feira, 17 de novembro de 2022

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (169)

 HISTORIADOR DAS MIUDEZAS

DELÍCIA DE REENCONTRO - COM MINHA MELHOR PROFESSORA, LIDIA POSSAS
Almoçava com Ana Biá pela aí, quando alguém se aproxima e diz algo sobre admirar meu trabalho escrevinhativo. Estava mascarada, demorei para reconhecer e quando o fiz, tomado pela emoção não consegui me levantar da cadeira. Pura emoção. Eu que a elogio sempre, sendo por ela homenageado. Ela repetiu diante de Ana, diante do que faço, como me qualifica: "Garimpeiro Urbano". Adorei, mas achando excessivo, digo a ela que, seguindo denominação do historiador carioca - como ela e Ana Bia -, gosto de me intitular "historiador das insignificâncias". Ela me corrige e sugere "das miudezas". Ainda ganho uma rápida explicação dos motivos. Aceito todas e incorporo desde já, todas três qualificações, ou diria, especialidade. O fato é que, Lídia Possas me arrebatou desde os bancos escolares, mestra dos meus tempos de Curso de História na USC. Certa feita como prova, pede para discorrer no formato de redação sobre o tema "Golpe de 1964". Deitei e rolei, carreguei na tinta e por fim, minha nota, "Dez", com anotação de rodapé me elogiando. Para mim foi o máximo. Guardei em local seguro, até certo tempo, depois sumiu, escafedeu-se nas entranha do Mafuá. Lídia me arrebatou, melhor, continuarei arrebatado ad eternum. Foi uma das professoras mais marcantes em minha vida. Culpada de ter concluído o curso e, por fim, ter-me tornado o "historiador das miudezas". Ganhei o dia. Eu não escrevo nada perto dela, produção irretocável e receber este afago, é para mim mais do que marco, a confirmação de que ter amigos na vida é mesmo tudo de bom. 

REVITALIZAÇÃO DO CENTRO VELHO DE BAURU - SERÁ? DE QUE FORMA? EM QUE CONDIÇÕES?
Fico fora de Bauru por quase uma semana e na volta, folheio o JC para espiar o que mudou no andamento das coisas pela cidade. Nada de tão novo, ou seja, continuam tocando tudo do velho jeito e maneira. Algo me chamou a atenção. Marcada por dois vereadores e contando com algumas entidades de classe, uma reunião com participação da incomPrefeita Suéllen Rosim e sua equiepara tratar da revitalização do centro velho, mais precisamente do entorno da praça Machado de Mello, chaga hoje ululante na região. Desde que assumiu, Suéllen decidiu engavetar projetos existentes e em andamento, como os propostos pelo Gazzetta, prefeito anterior. Preferiu ir às compras, em muitos in´puteis imóveis, salvou a vida de alguns conhecidos propriet´parios da cidade e nada fez e fará, por exemplo como o marco do sucesso desta cidade, sua Estação da NOB.

Ciente de que do Poder Público nada virá, a sugestão dos vereadores Meira e Marcelo Afonso é para aproximar a iniciativa privada dos imóveis e deles surgir a recuperação e também, é claro, sua utilização. Não sou totalmente contra a iniciativa. Creio que, caberia a Prefeitura revitalizar o local. A Estação já deveria ter sido recuperada e hoje abrigar, tanto a própria Câmara dos Vereadores como a Secretaria de Educação. Que não deixem, seguindo a ideia em curso, a mesma ser descaracterizada. Penso em outro lugar, o barracão defronte a Feira do Rolo, hoje usado somente como localk para guardar acervo dos museus, poderia ser incluído na ideia e contar para que surja um empresário muito loco, destes que goste muito de Bauru e pinte um Mercadão ali, com muita música integrada com produtores expondo dentro do barracão a semana toda e aos domingos, a integração com a do Rolo, com tudo rolando até o começo da noite. Bauru merece um espaço assim, sem também alterar o piso do local, de paralelepípedos. A cidade tem muito a ganhar com a revitalização do centro velho, mas a prefeita viaja em outras vibes. Que seja estimulada por empresários conscientes. Eu já vi QUASE de tudo sendo bolado pra região e nada mais me assusta, mas nesta, a definitiva desistência de alguma intenção da alcaide em promover algo com dinheiro público. Ela adora ver tudo sendo empurrado para iniciativa privada e assim, deixa de se preocupar com a questão. Faz parte de seu modus operandis.

PERDI A PREMIAÇÃO DO ZUMBI DOS PALMARES, MAS AQUI DEIXO MEU COMENTÁRIO
Essa premiação, feita anualmente pelo Conselho da Comunidade Negra - um dos mais atuantes na cidade - é dessas que, perco só em caso de força maior. Pois ontem, descuidado e chegando de viagem, descuidei e quando vi, eu e Laercio Simoes, conversando por telefone já noite, percebemos a perda. Fazer o que? Ao menos comento e me justifico. Salutar a continuidade e valorização de todos os agraciados, escolha sempre sensível e feita com muito critério. No deste ano, dentro da Semana da Consciência Negra, os três homenageados são o Babalorixá José de Bara Figueiredo, a professora Idenilde de Almeida Conceição e a professora doutora Andresa de Souza Ugaya. Cada qual, com belo currículo de luta e resistência. Na programação da Semana, o término ocorrerá com a apresentação da Banda Preto Básico, dia 20, 20h, na Praça Kaigang, dentro do Museu Ferroviário, show "Uma Viagem pela MPB". Fica o registro.

AGRESSIVIDADE
Essa ultra-direita, mais agressiva, mais primitiva do que a direita tradicional, é um verdadeira onda aqui e em outros países. Não é exclusividade brasileira. Os EUA vivem algo até de pior efeito, com guerra declarada entre democratas e republicanos. O ex-presidente Obama, circulou o país inteiro em busca de propagar o discurso democrata e foi violentamente perseguido, como nunca até então. Antes existia a possibilidade do diálogo, hoje não mais. E aqui existe essa possibilidade? Estamos diante de um fenônmeno da maior importância - a força eleitora no Brasil da ultra-direita, fascista, espelhando o que vem acontecendo em outras partes do mundo. Quer gostemos ou não, Bolsonaro se tornou um líder carismático e popular. Hoje, existem apenas dois líderes políticos no Brasil, Lula e Bolsonaro, e não por acaso os dois se enfrentaram no segundo turno de nossas eleições. Com a vitória de Lula, a pessoa de Bolsonaro perdeu e agora, sem mandato, terá que pagar pelos seus erros. Como sua tentativa de golpe não vingou, o grupo que o segue, ainda nas ruas, hoje sente que seu líder perdeu força e estão em busca de algo novo, ainda não encontrado. No meu entendimento, Bolsonaro já era, tornou-se carta fora do baralho, cheio de crimes para responder, daí, os hoje nas ruas ainda perdidos, buscam este algo novo. Apelam para golpe militar, mas até agora não encontraram respaldo nem entre os militares. Estão loucos para se agarrar em qualquer fio desencapado. Não encontraram um ainda para seguir e tomara não encontrem e tenham que enfiar a viola no saco e se recolher, aceitando a derrota. Mas mesmo que isso ocorra, não se iludam, teremos que enfrentar esse problema pela frente num curto espaço de tempo. Os malucos não vão se acalmar facilmente, mesmo com tudo de bom que Lula já tem nos proporcionado fora do Governo, pela sua atuação na fase de conversas preliminares. Preparem-se para algo onde a militância terá que ser muito intensa daqui por diante.

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