quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (110)

meu conto de natal
ZENAIDE, A PRAÇA E AS MANGAS
Passada rápida pela agência do Banco do Brasil da Praça Rui Barbosa. Estaciono o carro bem defronte a praça e quando já estava quase atravessando a rua, sou chamado e uma distinta senhora me pede se pode olhar meu carro. Como negar, para tão charmosa senhora, na qual vi nos traços os de minha finada mãe. Adentro o banco e a esqueço, faço o que tenho que fazer e volto sem um tostão nos bolsos, enfim, tudo hoje pago com dinheiro virtual e quase sempre com pouca grana nos bolsos.

Adentro o carro e quando estava para sair, ela me aborda e só de me olhar, vejo nada ter separado para ela. Explico ao meu modo e jeito. Digo que, infelizmente, naquele momento, nada teria, mas não esqueceria dela e em breve, talvez amanhã, quando ali voltasse se a encontrasse, com certeza, daria um valor pelos dois dias. Ela se aproxima e diz não precisar se preocupar. Me agradece pela atenção e me oferece mangas. Fico sem jeito, ela conta ser dali dos pés existentes na praça, todos carregados e que um outro cuidador de carros, pega para ela. Me ofereceu todos os ainda em seu poder. Aceito prontamente e fico naquele estado onde não sei se deveria me envergonhar ou me encher de brio pelo presenciado.

Fui embora, chego no Mafuá, chupo as mangas e decido que, fui muito do muquirana, pois tinha algum valor nos bolsos e, na verdade, havia achado alto para lhe dar. Repenso e decido: tenho que lá voltar. Volto e a encontro no mesmo lugar. Ao passar de carro, ela me reconhece e acena. Estaciono e chego sem que perceba, entrego o dinheiro e ela sorri, nos falamos. Conta que, por essa não esperava e paramos para conversar bocadinho mais. Pergunto seu nome, ela me diz, ZENAIDE, 73 anos, moradora do centro da cidade, já tendo trabalhado de tudo um pouco e diz ter ficado muito conhecida, por ter sido apontadora do jogo do bicho na rua Treze de Maio. Disse que já a conhecia, mas não sabia de onde e que, voltei não só por ter quase uma obrtigação interior de lhe retribuir pelas mangas, mas também por ter me feito relembrar de minha mãe.

Não tenho mais o que dizer. Ela ainda me oferece mais uma, a última que tem e me diz, que depois seu amigo lhe trará mais. Da conversa, subtraio o algo que a faz estar ali, de manhã até lá pelas dez da noite: "É o que consegui pensar em fazer para conseguir algo a mais neste Natal. E, tenho que lhe dizer, estou conseguindo. Consegui esse espaço aqui na praça, o pessoal me respeita e com meu jeito, já também bastante conhecida aqui na região do centro, todos tem me ajudado bastante. E, lhe digo, não tenho tido até agora nenhum problema com os carros que tenho olhado". Dou-lhe
um abraço
e saio meio que, agradecido, por ter tido a oportunidade de vivenciar mais uma bela história, simples, mas de profunda aprendizagem. Vou pra casa, pensando nela, dona Zenaide e de todos os demais ali na praça e nas imediações, labutando ao seu modo e jeito para conseguir ao menos passar um Natal com um algo mais. São tantos, todos com belas histórias e loucos para uma conversinha, onde possam nos contar este algo mais de suas vidas e do que fazem para ir tocando a vida adiante. Todos precisamos muito de conversar.

POR AMILTON E MÁRCIA NAVA
Márcia Nava é professora e uma grande amiga que acaba de ficar viúva e está com grandes despesas devido os cuidados com o esposo Amilton, é uma situação extremamente difícil, mto delicada.
Ela tem livros publicados sobre a história de Bauru, fez da pesquisa parte de sua vida, de sua história.
Cada livro é R$ 25,00 ou 2 por R$40,00.

Aproveite o Natal para dar história, cultura e apoiei uma professora q faz história.

* Interessados, tenho algumas unidades comigo, e no Bar do Genaro, na Vl. Falcão, esquina da Wenceslau Braz e com a Altino Arantes tem também, abre às 16hrs.*
Dúvidas , entre em contato.
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REVER ARISMAR DO ESPÍRITO SANTO, COM O COUVERT SENDO REVERTIDO PRA Audren Ruth, EIS ALGO DE INOLVIDÁVEL IMPORTÂNCIA
Que dizer do Arismar e da turma que irá tocar com ele na próxima terça, 20/12, no TemploBar Bauru? Nada. São todos mais que ótimos. Que dizer da resistente Audren Ruth, uma cantante que, nos encantou a todos e hoje precisa de todos seus amigos e considerados? Nada, ela merece sempre mais de todos nós. Se eu, por algum motivo não puder ir, pago o couvert e algo mais. Juntando tudo, esses todos são os que valem muito a pena estarmos cada vez mais juntos, sem ninguém soltar da mão de ninguém. Eu vou, e você?
"Dia 20/12 - Terça no Templo Bar Ambiente as 21h, Vamos fazer o 5° Sarau de Piano, com a presença dessa Lenda da música brasileira e mundial Arismar Do Espirito Santo!!! com a participação dos super músicos Paulo Maia, Kleber Gaudencio, Thiago Murback, Vitor Napolião, Gilberto De Almeida Bessa, Danilo Andrade. o Couvert R$20,00 será doado para o tratamento da querida Audren Ruth!!! vai ser uma noite musical sensacional!! bora!?", pianista Roger Pereira.

"POR QUE MEUS AMIGOS BRASILEIROS AGRADECEM A MESSI?"
Polêmico título de artigo de Martin Granovisk, publicado hoje, terça, 20/12/2022, no diário argentino Página 12, ótimo para reflexões variadas e múltiplas. Não vale ver só a ilustração e se chatear, ou mesmo achar inconveniente. Se faz necessário ler o escrito do começo ao fim, depois sim, se quiser, comentar:

"O jogo acabou e em um minuto já recebi cumprimentos de fora no WhatsApp.
Uma amiga chilena, funcionária de Salvador Allende com vinte e poucos anos e ainda na política, mandou uma bonequinha com os braços levantados. Quando respondi, ele aumentou a aposta: "Stand up Latin America!". E então as mensagens não pararam mais.

Como vocês bem sabem, na hora de entregar a taça principal, Mauricio Macri, importante executivo da FIFA, não apareceu em campo ao lado de seu admirado emir. Depois de ler uma nota sobre os elogios de Macri à principal beleza natural do Catar - a falta de sindicatos -, um amigo me disse que os catarianos obviamente estão muito longe de atingir um nível razoável de relações trabalhistas. O cara sabe disso. Ele é ainda mais tucumano do que Felipe Yapur. Ele anuncia “Vou fazer você chegar aqui” (do quéchua “aka”, procure no dicionário), mas anuncia longe, porque trabalha no exterior como funcionário público internacional especializado em questões trabalhistas. O especialista diz que, em comparação com sua história não muito distante, os catarianos caminham para uma certa formalização do mercado de trabalho. Por exemplo, Antes, a remuneração dos trabalhadores estrangeiros era negociada por meio de empresas de cada país. Nepaleses, indianos, filipinos ou indonésios ganharam no Catar apenas o pouco que poderiam ganhar em seus países de origem. Agora existe um salário comum. “Se Macri soubesse disso, pensaria que é populismo, porque você começa aí e depois chegam os sindicatos”, ironiza o tucumanense.

Mas as mensagens mais impressionantes do WhatsApp vieram do Brasil. Um ex-ministro do Lula me mandou aquela fotozinha que mostra o Diego com uma auréola e uma bola brilhante. Embaixo está escrito: "São Maradona". Outro foi direto ao ponto: “Parabéns, Martín”. Com um terceiro amigo, que também era ministro, mandávamos mensagens de antes. Pela semifinal recebi uma imagem com Mbappé, Messi, Modric e Hakimi por trás, os quatro caminhando rumo à Copa. O Brasil não estava mais lá. Dizia, na tradução do português para o espanhol: “Sem dancinhas, sem mudar a cor do cabelo, sem refeições milionárias. 'Mal' treino, concentração e vontade de vencer”.
--Tem uma raiva aí da Seleção Brasileira, né? perguntei ao meu amigo.
"Absolutamente", respondeu ele.
--Daqui parece que eles eram frívolos.
--Nem mesmo isso. Apenas $$$$$.
"Então que mal o Bolsonaro fez... ", escrevi para ele. Ele transformou a cor amarela das camisas em um álibi para o dinheiro.
"Verde, quero você verde", respondeu ele poeticamente, antes de repetir um sinal três vezes. USD, USD, USD.

Na sexta-feira, meu amigo voltou à carga. Um Messi chegou com o polegar para cima e uma lenda em português. Traduzo: “Sem comer bifes de ouro, sem brincos, sem cabelos tingidos. Só jogando." Na manhã de domingo, antes da final, outra mensagem: “Unidos hoje pela Argentina! Forte abraço". E depois do pênalti de Gonzalo Montiel e da loucura, outro: "Viva a Argentina!"

Presumi que não haveria mais mensagens de alegria compartilhada. Erro. Na manhã de segunda-feira, chegou ao meu celular uma imagem que não tinha visto nas redes. É uma montagem. O presidente Jair Bolsonaro é visto, de bebida na mão, cercado pela seleção brasileira. Abaixo lê-se, em português: “Obrigado, Argentina, por ter nos livrado dessa cena”. Em outras palavras, "obrigado, Argentina, por ter nos livrado dessa cena".
Meus amigos brasileiros, como o chileno ou o tucumano, são velhos militantes políticos. Por isso ninguém caiu na tola tentação, diria Messi, de atribuir a vitória da Argentina na Copa ao peronismo, ao governo, ao movimento sindical organizado ou a Cristina. Mas todos eles também são torcedores de futebol, característica em que nem sempre impera a irmandade latino-americana. Especialmente em privado. E ainda, principalmente os brasileiros, ficaram contentes com algo que vai além dos limites do futebol.

O que nesta seleção desperta esses sentimentos em você? Seriedade, talvez? A sobriedade de Messi e Scaloni? A insistência destes miúdos em nunca esquecer, mas nunca, sempre que falam, de onde vêm? E se não vierem de muito baixo como Dibu Martínez ou Gonzalo Montiel,

Deve haver nessa seleção, e em sua marca popular, uma certa nobreza que os amigos brasileiros sentem como algo diferente. Algo muito oposto ao fascismo.

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