domingo, 12 de fevereiro de 2023

MEMÓRIA ORAL (289)


CRÔNICA DOMINICAL QUASE CARNAVALESCA, MOLHADA DE CHUVA*
* Reunião de temas e assuntos, todos reunidos e misturados, relatados conforme vão surgindo na memória de um escrevinhador querendo ser, fazer e acontecer.

Na tarde de sábado, o bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é Mixto se reuniu pela terceira vez, num Esquenta, realizado no Bar do Genaro, este ano o Quartel (sic) Central dos atos oficialescos envolvendo os furdunços tomatistas. Como sempre, a receptividade é sempre boa e dali, flui o Carnaval ao modo e jeito do bloco, unindo a picardia necessária para com os temas candentes e sendo inflamados através das marchinha, deste ano, com o tema “Imbrocháveis da Alegria”. Tudo se alinhavando e se formatando para na manhã do sábado, 18/2, primeiro na praça Rui Barbosa e depois, descendo o Calçadão da Batista, botando pra quebrar no que vem sendo feito há exatos 11 anos. O bloco é essa reunião de pessoas, privilegiando a festa, sem se esquecer dos problemas da aldeia onde está fincada. Não existe como dissociar algo festivo, sem olhar para o todo e daí, a necessária e obrigatória cobrança. O Tomate faz isso e continuará a fazê-lo de forma incisiva. Enfim, um dos lemas principais sempre foi o do “a gente faz festa, mas tá puto da vida”. Somos assim.

Carnavalizamos ontem e urubuservamos como vai se dar o Carnaval Oficial bauruense, este ano fora do Sambódromo e numa avenida onde o improviso vai ser a mola mestra de tudo. O poder público empurrou tudo com a barriga e no frigir dos ovos, decidiu pelo novo local, sem consultar moradores e tampouco os carnavalescos. Tinha tudo para dar errado e está dando. Pelas redes sociais algo mais do que estranho em postagens de moradores, dizendo permanecerão de luzes apagadas (muitos prédios residenciais no entorno) e lançarão ovos na avenida. No mínimo, um BO de Preservação de Direitos. Se algo acontecer além das provocações, os sambistas poderão responsabilizar quem idealizou e oficializou o local. Devem, desde já, providenciar tudo para evitar um caos maior do que é esse desfile em condições muito adversas.

Por outro lado, nós do Tomate estamos de luto no dia de hoje pelo falecimento da professora Virgínia, dona Gina, mãe de Tatiana Calmon. Essa postou logo cedo: “O sinal tocou/A professora Virgínia está de férias./ Felizes os que puderam ser seus alunos na vida./ Obrigada por tudo, minha mãe, descanse”. O Tomate silenciou seu trombone no dia de hoje, marcou presença junto de Tati, num momento de reflexão e aproximações. Dia de reencontros, tanto no velório, como no cemitério, com a sentida fala de Tati, enaltecendo o papel da mãe, uma “vitoriosa ao longo da vida toda, conseguindo se formar aos 50 anos, quando deu início em sua saga no Magistério”. Eu, como a maioria das pessoas ali presentes, aproveitamos muito esses momentos, em primeiro lugar para conversar. Uma benção alguns reencontros e mais ainda a compreensão mútua do lugar de cada um neste plano de vida, o papel desempenhado pelos que lutam, envergam cores, papéis e se lançam na luta. Velório, para mim, é também dia de recarregar baterias, pois muitos com o mesmo ímpeto ao se rever uns aos outros, saem do lugar, com uma palavra a mais, uma motivação adicionada para a continuidade do que ainda virá pela frente.

O Brasil não teve uma nova tentativa de golpe por estes dias, mas por outro lado, algo atribulado estive envolvido, pelo menos nessa manhã dominical. Não consegui nem ir à feira, onde bato cartão todo domingo. Perdi o habitual desfile/apresentação do bloco Pavio de Candieiro, que já há muitos anos sobem a feira, todos paramentados e com seu som habitual. Deve ter sido, como nos anos anteriores, um presente para Bauru e todos os ali na feira. Meu cão, o Charles, nove anos de intensa convivência precisou de meus cuidados, abdiquei de tudo e o levei num veterinário. Depois ao comprar medicamentos, eis que me deparo com nada menos que uma das pessoas que mais entende de Carnaval na cidade, Paulinho Burian. Alinhavamos um bate papo para a próxima quarta, 15/02, um Lado B, onde falaremos muito de Carnaval e de suas entranhas, algo pelo qual o entendimento passa muitas vezes ao longe do entendimento de todos. Foi o máximo conseguido por mim hoje, sobre Carnaval. Nos corredores da loja, ele me falando de sua experiência com a festa, a certeza de como se faz necessário ouvir mais e mais as pessoas que fazem e acontecem por estas bandas do mundo.

Choveu muito à tarde em Bauru. Ainda chove. Ensaios de quem ainda deseja colocar o Carnaval na rua devem estar ocorrendo de forma precária. Aproveito para me dedicar a algo pessoal, cuidar de mim e de Ana, ficar em casa no restante do dia e se falar de Carnaval e de política, tudo pelo telefone, pelos contatos pelas redes sociais. De longe, um batuque acontece e no meio da chuva. De onde virá? Parece lá do lado do Geisel. Será a Coroa Imperial fazendo e acontecendo? Torço para que seja. Escrevo isso tudo, tendo ao fundo a trilha sonora de que, mesmo debaixo de chuva, algo acontece de aproveitável nesta tarde de domingo. Divago e estou quase dormindo sentado. Por favor, me convidem para sair no meio da chuva...

EU ADORO A MARTINS FONTES
"Para você que, como eu, acha que São Paulo perdeu um enorme pedaço da sua alma com o fechamento da Livraria Cultura, sabia que uns dois km pra frente, perto da estação Brigadeiro, fica a Livraria Martins Fontes? São três andares de estantes abarrotadas de lindos livros, sendo que no último tem um "saldão". Tem uma cafeteria, sessão infantil. Se livrarias forem negócios rentáveis, elas permanecerão, Então, da próxima vez que for comprar online ou mesmo quiser tomar um cafezinho, passe por lá!", CEDRIC ROCHA LEÃO.

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