quarta-feira, 5 de abril de 2023

MEMÓRIA ORAL (291)


COMO SE DÁ A INFORMAÇÃO LOCAL EM CIDADE DE PEQUENO PORTE? CONTO DE AREALVA
Primeiro, descobri algo sendo feito em Arealva, 8560 mil habitantes – informação já deste último censo -, aqui na região de Bauru. Tomo conhecimento de história publicada na página do “Arealva Informações”, descrevendo algo inusitado naquela cidade. A Prefeitura não resolve um problema de mato crescendo numa região em expansão, com asfalto, loteamento ainda vazios e muitos com construções em curso. Um dos moradores mostra sua solução, soltando gado no local, pois desta forma o mato e grama estaria podado. Isso gerou uma notícia, a princípio hilária, porém mais do que séria e quem a repassa para a população local foi Gilson Pacheco, criador e quem comanda a página Arealva Informações (https://www.facebook.com/arealvainformacoes?eav=AfYO_SZH4NXcqPrjO_NaMWRr4erQ9M3SKfk5KXvx21YkV9OjlBWwlfvEuPooKy2fkvA&paipv=0&_rdr). Fui verificar e ali de tudo um pouco, desde anúncios publicitários, os eventos nos bares, com música ao vivo, as campanhas em curso mantidas pela Prefeitura e algo jornalístico sendo produzido, desde as notas policias e tudo o mais a acontecer por ali. Enfim, o “AI” cumpre hoje o papel antes exclusividade de jornais ou rádios locais. Isso que ocorre é o reflexo desse novo modal informativo, quando algumas pessoas de cada localidade, diante de mais ninguém repassando aos munícipes os acontecimentos e o dia a dia daquela cidade, eles passam a fazê-lo.

Aproveito da matéria que tomei conhecimento, a “Já que a Prefeitura não fiscaliza...” (https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=762348102147635&id=100051173570449&mibextid=Nif5oz) e fui atrás do idealizador do AI. Descubro seu telefone e ligo, ele muito gripado me diz, “para conversar comigo nessa semana só mesmo por telefone”. Explico minhas intenções e começa a me contar sua saga. Gilson tem 40 anos, segundo grau completo e há três anos e meio atrás, com o advento da pandemia, vendo que a Prefeitura colocava o que fazia como prevenção só no site, resolveu criar um espaço de divulgação das ocorrências da cidade. Aos poucos foi incorporando algo mais, publicidade e passou a divulgar os acontecimentos da cidade. Deu certo, a receptividade foi boa e não parou mais, aliás está é querendo expandir para algo mais, talvez um podcast com entrevistas. O fato é que, o negócio vingou e hoje é referência na cidade e região.

“Eu escrevo pouco, pois a maioria dos textos publicados vem pronta da Polícia Militar, da Prefeitura e de outras instituições e mesmo a dos bares com música. Eles me passam e eu publico. Tudo o que é social é gratuito e cobro de outros. Tenho uma parceria com o poder público, a intenção é a de dar uma mão para o povo, recebo também denúncias, ligo para os setores da cidade e tento resolver. O reflexo disso tudo é a percepção que tenho, de meu trabalho ajudar as pessoas. O reconhecimento vem quando me ligam pedindo para fazer algo ou por todos que me param nas ruas, elogiando ou me repassando informação nova”, conta Gilson.

Pergunto a ele se o que faz causa ciúmes nos vereadores locais, pois cumpre um papel muito parecido com o deles: “Sou citado na Câmara, sem dizer a origem do que falam, ou sejam comentam sem citar o AI ou meu nome. Eu faço a minha parte, agora mesmo, após na semana passada informar do assalto no abatedouro de aves na entrada da cidade, a última e bombástica foi a informação que eles irão fechar de surpresa. Corri pra avisar o sindicato, a TV Tem, o JC de Bauru, a Record e com a divulgação se comprometeram a arcar com os direitos dos trabalhadores”.

Ele quer citar algo mais de sua atuação: “Dias atrás postei também algo da famosa prainha de Arealva, sobre o valor cobrado, do horário de funcionamento e das condições de utilização. Foi conseguido algo diferenciado e isso me alegra, pois partiu daqui. Muita gente comenta e algo acaba sendo feito. Quando coloco tudo no papel, creio eu, consigo mais amigos do que gente não gostando do que faço. Não critico ninguém sem motivo e nem publico tudo o que recebo. Faço uma triagem, pois tem coisa que só interessa para aquela pessoa e denúncia anônima não tem vez”. Gilson vê assim, uma transformação ocorrendo em sua vida, pois hoje, mesmo mantendo uma atividade em home-office, sua maior fonte de renda provém do AI. O trabalho lhe toma a maior parte do tempo e ele, mesmo não tendo computador em casa, consegue fazer tudo pelo seu celular. Publica, na maioria de sua casa, mas também de onde estiver. “Quando na rua vejo algo necessitando de publicação na hora, escrevo ali mesmo”, conta.

Em Arealva existe um jornal impresso local, mas este só publica algo da Prefeitura e na rádio, nenhuma notícia e só programas de entretenimento e musicais, além dos religiosos. “Eu publico de tudo um pouco, desde as ocorrências policiais, como as ações filantrópicas, assistência social, quermesses e campanhas. Não escapa nada, mas muita coisa recebida eu checo antes, dou uma filtrada, pois não posso errar. A intenção é ajudar e creio, tenho cumprido a missão. Dentro disso, divulguei dia a dia algo da pandemia, com as mortes na cidade e a mais triste notícia dada foi a de minha própria mãe, falecida devido à Covid. Aquele dia foi muito triste, pois era de algo dentro de minha própria casa”.

Falamos também sobre ele produzir algo muito próximo do Jornalismo e se já pensou em cursar algo nessa área. Sua resposta: “Sim, penso em fazer, mas ainda estudo como e onde fazer. Jornalismo está ainda num outro patamar, mas talvez algo no Senac, cursos mais rápidos, até para me direcionar melhor. Recebo as críticas de forma natural, pois penso que, como alguém com curso de Jornalismo poderia se interessar em vir pra cá, uma cidade com oito mil habitantes e sobreviver disso? Eu preenchi uma lacuna existente e em tudo o que faço, procuro aparecer o mínimo possível. Pode ver que meu nome não aparece, evito isso, personalizar tudo em meu nome, pois a intenção é essa mesmo, não aparecer e dar maior importância para o publicado.

Dessa forma, o AI segue em frente, feito em todos as etapas pelas mãos do Gilson e diz não ter tido problemas até então, pois olhando para trás, ninguém até então fazia o que faço. Se isso é Jornalismo ou não, não sou o único, pois sei, algo parecido acontece também em muitas cidades do porte de Arealva. Eu já havia me interessado por outros textos advindos de lá, como a do rapaz atropelado e morto quando corria nu na rodovia, a do ataque a faca após a eleição num bar da cidade, algo inicialmente visto como homofobia, mas depois, até pelo publicado, descartando essa hipótese. Numa outra, o casal saindo de uma festa de casamento rural, caindo de uma ponte e ali permanecendo até o dia seguinte, quando descobertos. Enfim, Gilson faz o que pode, como pode e com os instrumentos que dispõe. Tem quem diga isso não ser Jornalismo. Ele não está interessado em entrar em discussões neste sentido, pois o que quer é somente falar e fazer algo pela sua cidade e isso, pelo que se vê, faz com o devido comprometimento. Enfim, quantos outros Gilson estão a fazer o mesmo neste momento país afora?

OUTRAS COISAS
1.) REFLEXO DOS QUATRO ANOS DO CAPIROTO NO PODER
"Extrema-direita MATA. Homem invade creche na cidade de Blumenau/SC e mata 4 crianças a machadas. Cultura de armas, ódio e violência, só podia resultar nisso. Semana passada foi o menino neonazista, de 13 anos, matando professora com ataque a facadas... Esse é o resultado da apologia ao Mito em que muitos votaram", Célio Turino.

2.) NÃO POSSUIR EMBASAMENTO PARA DIZER NADA SOBRE REFORMA DO ENSINO E FAZÊ-LO É DEFENDER O IMPODERÁVEL - A NECESSÁRIA TRAULITADA
Por Stella Couto: "por Roberto Xavier
Querem saber o motivo de todas as defesas de mestrado e doutorado serem públicas? De todos os artigos serem analisados "pelos pares" e de toda a produção acadêmica ser livre, pública e necessariamente se submeter às críticas e ao contraditório?
É para evitar que um idiota como Luciano Huck passe anos dialogando consigo mesmo e com seus amigos ricos, confundindo programa de auditório com politica pública e jogos de perguntas e respostas com um projeto de educação.
E também para evitar que alguém como ele que nunca refletiu crítica e embasadamente sobre qualquer questão social se ache tremendamente inteligente e capaz de emitir opiniões sobre assuntos em que é completamente ignorante.

Questões como a reforma do ensino médio já são suficientemente árduas para quem se debruça academicamente sobre elas durante décadas e para quem tem a legitimidade do voto para decidir o que deve ser feito para que alguém, que não sabe do que está falando, nem esteja em posição de decisão, ache que pode opinar sobre o assunto em um tweet.
"É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida." Maurice Switzer - 1907."

3.) EU, FANECO E LEGIÃO DE PESSOAS SOMOS/CONTINUAMOS À MODA ANTIGA
"Bom dia mas bom dia mesmo, ontem fomos em um bar e a gente adora um cardápio kkkk mas o cardápio de lá é esse , disseram é só vc apontar a câmera do celular e pá... tai o pá o que vc esta lendo ??? Ummmmmm , aí o garçom muito educado disse que dependendo do celular não temmmmmmmm então pá. Preciso de um celular para ir no bar , gente pelo amor de Deus , será que fica muito caro imprimir alguns e deixar lá para quem tem celular a lenha ????? Senhores empresários ajudem a terceira idade sair de casa kkkkk aí como eu sofro", Maria Inês Faneco.

4.) REVIVENDO OS ANTIGOS CARNAVAIS NO SÁBADO DE ALELUIA
O bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é MiXto não perde as oportunidades, o tal do cavalo encilhado quando passando diante de si, monta logo e vamos pro pau. Encurtando a conversa. A perversidade está tão contundente por estes tempos, daí o Tomate vai retomar antiga tradição, a de promover uma festa carnavalesca no Sábado de Aleluia - lembram-se? - e além da festa, dia de cantando novamente nossas marchinhas, retomar a cobrança em cima dos que estão judiando dessa aldeia bauruense. Todos mais que convidados:
- Será no próximo sábado, o de Aleluia, 8/4, a partir das 15h.
- Local, o de sempre: Bar do Genaro
- Animação do DJ Marcão, com sua máquina de som
- Traje a rigor: Quem tiver alguma camiseta do bloco, venham com ela e quem não tiver, teremos algumas pra vender ou mesmo venha de onde vier, como quiser, mas venha, pois a festa é sua, a festa é nossa...
Combinado então? Sábado a partir das 15h lá no Genaro, um baita Sábado de Aleluia com muito Carnaval e falação contra os depravados a crucificar a aldeia bauruense.
HPA, pelo convite dos tomateiros.

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