sábado, 29 de abril de 2023

REGISTROS DO LADO B (114)


PEIXE MORRE PELA BOCA*
* Meu 107º artigo para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição circulando a partir de hoje:

Quem novamente resolveu mostrar as garras aqui por Bauru nesta semana foi alguém muito conhecido por aí, entre Ourinhos e Santa Cruz, o deputado federal, gostando muito de ser chamado pela envergadura militar, capitão Augusto. Até hoje não compreendo direito dos motivos do gajo ter saído de uma hora pra outra daí dessa região e vindo se aboletar, de mala e cuia, aqui pelos lados de Bauru, tratando até de fixar residência. Na sua mais nova investida, algo já apregoado desde a anterior eleição municipal, a vontade de se candidatar para o Executivo Municipal. Investe novamente na propositura.

Augusto é bolsonarista de carteirinha e faz questão de não esconder isso de ninguém. Numa entrevista divulgada por aqui dias atrás, diz ser imparcial e no caso dos dantescos atos terroristas dos bolsonaristas em 8/1, querer buscar a punição de todos, de ambos os lados. Mas que raios seria isso? Tudo foi engendrado nas hostes inspiradas pelas esdrúxulas ideias do ex-capitão, planejaram, arquitetaram, bancaram as embarcações para a viagem até Brasília, assim como a retaguarda para os tais acampamentos, destruíram o que encontraram pela frente e querem ainda impingir no outro lado a culpa por tudo. Só mesmo muito incautos caem nessa.

Sua teoria é desencontrada. Nela, quem sofreu a tentativa de golpe poderia ter se preparado melhor, percebido o que estava em curso e assim evitado os atos de destruição feita por “cidadãos do bem”. Olha o atrevimento do que sugere: houvesse aparato de contenção suficiente em Brasília naquele dia, talvez feitos na base da futurologia, os “cidadãos do bem” não teriam feito o que fizeram. Um destes boa gente é daí da região e encontra-se preso e indiciado desde então. Um tal de Nelson Eufrosino, tão inocente que, pediu para que o gravassem quebrando tudo. O capitão deputado não o defende, mas segundo sua teoria, este não teria agido assim se lá tivesse deparado com quem o contivesse. Ou seja, continuaria com as ideias perversas em mente, porém livre, leve e solto. O mesmo pode ser dito em relação a bauruense Fátima Pletti, presa pelo mesmo motivo.

Capitão Augusto prega pela ignorância geral da nação, assim toca suas ideias adiante. Desta forma quis um dia chegar à Presidência da Câmara dos Deputados e agora, algo menos auspicioso e glamoroso, a Prefeitura Municipal de Bauru. Seu mal, como se vê, é mesmo depois de tudo o que foi revelado à nação sobre a clã de Bolsonaro, continuar fiel às suas ideias e, pelo que se vê, ações. Bauru não merece dois prefeitos fundamentalistas na sequência. Hoje temos Suéllen Rosim, adepta do mesmo pensamento, alinhadíssimo no sectarismo conservador, mas divergentes numa fundamental questão. Ambos pertencem à mesma linha ultradireitista, mesma concepção, porém em siglas diferentes. Ela, já iniciando campanha de reeleição e ele reiniciando bravata pela indicação de seu nome. Dentre tantos, só mais um postulante (toc toc toc).

Já tivemos candidatos melhores, muito melhor preparados, opções mais alvissareiras e com sérias propostas para a cidade, calcadas no desenvolvimento da cidade. Este sendo a mola mestra, o condutor de tudo. Vasculhem à vontade e me digam sem pestanejar se conseguem enxergar em alguém dos considerados do segmento ultradireitista direita algo sério para alguma cidade. Hoje mesmo leio por aqui, de todos os políticos encalacrados com a Justiça em Santa Catarina, imensa maioria é da linhagem bolsonarista. A conclusão dos destinos de uma cidade deve vir da população, daqui e de todos os lugares, mas sensatamente, diante de tudo o que temos visto, não está nada difícil de já ir eliminando alguns dos postulantes.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

NO 114º LADO B, UMA FÉRREA CONVERSA, COM ROBERVAL DUARTE PLACCE E O QUE PODE AINDA ACONTECER COM AS FERROVIAS NA REGIÃO DE BAURU
Para este assunto, teria que conversar com quem entende do mesmo, anos de muita pesquisa e vivência. Mais que que isso, teria também que fazê-lo com quem está do lado do passageiro. Sim, a ferrovia hoje é muito CARGA e quase nada de PASSAGEIROS, daí como o vi nesta semana numa reunião/audiência pública em Campo Grande MS, ROBERVAL DUARTE PLACCE, representando como Coordenador Geral do sempre atuante Sindicato dos Ferroviários de Bauru e Mato Grosso do Sul e também Coordenador das FITF – Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários – CUT/CNTT.

O tema abordado foi tema de matéria do jornal Correio do Estado: “Mesmo com a relicitação dos 1.625 km da Ferrovia Malha Oeste, entre Corumbá (MS) e Mairinque (SP), o início dos investimentos de R$ 18,9 bilhões previstos para a malha até 2083, que resgatarão sua viabilidade econômica, não ocorrerá nos próximos quatro anos, mas só em 2027. Com isso, a ganhadora do certame vai ter de trabalhar no vermelho em R$ 12,9 bilhões nesse período antes de começar a ter retorno financeiro, que só vai se efetivar daqui a nove anos, em 2032, quando houver o transporte de quantidade de cargas que garanta para a nova operadora um fluxo de caixa positivo, que deve chegar a R$ 1,8 bilhão. Essas são as estimativas previstas nos estudos técnicos realizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que definiu para janeiro do próximo ano a assinatura do novo contrato, que possibilitará aos produtos sul-mato-grossenses o acesso ao Porto de Santos. Essa proposta e outras apresentadas pela autarquia foram debatidas ontem, em audiência pública realizada em Campo Grande, quando a população pôde dar sugestões ao projeto e apresentar suas reivindicações”.

Como visto, o trecho passa por Bauru, daí estiveram na reunião representando a cidade: o chefe de gabinete da Prefeitura Municipal, Rafael Lima, vereador Segalla, o representante do sindicato dos ferroviários, Roberval Placce, e um representante da Transfesa. De todos, quem mais conhece do assunto é ROBERVAL, anos de interesse e sempre na defesa dos interesses dos trabalhadores ferroviários. Pesco aqui de um texto seu, escrito há mais de uma década algo sobre ferrovia, privatizações e concessionárias: “As concessões ferroviárias no Brasil foram um crime de “lesa pátria”. Trechos enormes estão sendo fechados, a categoria sendo destruída. As cidades que tem seu centro cortados pelas ferrovias as tratam como estorvo, esquecendo que mais de 80 % das mesmas nasceram em função da chegada dos trilhos e a todas elas a ferrovia levou desenvolvimento. Não se constrói um futuro sólido esquecendo-se e dando as costa ao passado. Por isso o Sindicato defende a reestatização das ferrovias. As concessões foram um erro, não há como melhorar, a saída é reestatizar”.

Este é o entrevistado desta semana do LADO B – A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES, este o tema principal da conversa e, como todos sabemos, o progresso bauruense se deve quase em sua totalidade por termos aqui o famoso entroncamento ferroviário, que nos possibilitou algo inusitado e único. Fomos longe por causa da ferrovia e hoje, depois de tudo, a renegamos. Eu e Roberval falaremos disto nesta conversa dominical. Ou seja, conversa pra papo alongado. Abaixo posto links de programas realizados nesta semana pela TV Preve, dentro do programa Diário do Brasil, versando maravilhosamente sobre o tema, dando-lhe a importância de que é merecedor:
- https://www.facebook.com/watch/?v=219848484086171...
- https://www.facebook.com/watch/?v=615725943479096&mibextid=RUbZ1f

Teve mais uma, Mesa Redonda onde também o assunto foi abordado. Por anos, o tema foi tabu no Jornal da Cidade, pelo fato dos donos do jornal serem empreendedores do modal rodoviário, outro tema de nossa conversa amanhã, mas assim mesmo, algo sai na nossa imprensa, mas quase nunca fazendo a defesa do usuário do transporte e quase sempre do seu uso como carga. Tatiana Calmon, esposa do falecido sindicalista Roque Ferreira, que anos esteve à frente do mesmo sindicato onde Roberval é dirigente, escreveu essa semana nas redes sociais algo contundente sobre o assunto: “Só será possível se for reestatizada. Desde 1/6/96 o maior crime de lesa pátria ocorreu. Poucos anos após os contratos de concessão, segundo o Tribunal de Contas da União, recomendou sua caducidade por quebra nos contratos. O que fez a ANTT? Cancelou os contratos? Não!
 Rebaixou as metas estabelecidas. O primeiro governo de Lula, que tinha como meta rever algumas privatizações, não apenas não reviu, como extinguiu a RFFSA por decreto, inviabilizando qualquer discussão sobre o tema . O resultado está aí. Um imenso cemitério de vagões, trilhos, locomotivas, estações, oficinas, pátios, tudo abandonado e apodrecendo diante dia olhos cegos dos governos, estaduais, municipais e federal, das assembleias, congresso e ministério público. A ANTT não serve para o que foi criada e viramos reféns de cartéis do transporte. Inclusive e principalmente do cartel rodoviário que foi pular do golpe contra Dilma e que no momento que o Genocida não foi reeleito implantou o caos, ameaçando-nos com desabastecimento. Transporte é setor estratégico e não pode ficar em mãos particulares”.

Deu pra perceber que a conversa rende. E muito, portanto, amanhã, domingo, 30/04, 9h da manhã, acontece algo mais a apimentar a discussão sobre o assunto. Contamos contigo.
Eis o link da gravação com Roberval Duarte Placce e, chegando de última hora e participando de toda a conversa, outro ferroviário, também com 60 anos, tendo, assim como Roberval, pessoas de um único emprego, primeiro a Escola da Rede, depois a ferrovia. Seu nome Marcos Antonio de Oliveira.


Foi um belo bate bola, ora perguntando a um, ora a outro e ambos afinados e perfeitos da defesa do trabalhador ferroviário;

Na foto,Marcos Antonio.
UM COMENTÁRIO PERTINENTE PÓS GRAVAÇÃO - Fábio Pallotta:
"Olá Henrique e Ana Bia. Boa Noite/Tarde. Acabei de assistir o seu LADO B ESPECIAL DIA DO FERROVIÁRIO. Parabéns. Como já te disse quando você faz as coisas com ironia e leveza és insuperável. Fiquei preocupado com o que pode vir por aí. Inclusive tive uma aula sobre ferrovia e o Hugo Pereira que estuda a ferrovia levantou uma questão importante sobre a bitola métrica: ela é mais barata e por isso foi a escolhida para a NOB e, o mais importante JÁ EXISTE. Bora investir na BITOLA MÉTRICA DA ANTIGA NOB QUE JÁ EXISTE. Como os seus entrevistados disseram, o Roberval e o Marcos Antônio, a demanda está aí é só querer em especial combustível e como eles também disseram passageiros para que as cidades tenham interesse na ferrovia e assim a linha tenha que ter também qualidade evitando acidentes. Mas como foi dito é uma tarefa difícil, apesar de termos um senador ex ferroviário, pelo menos por três anos, e aviador que aperfeiçoou seu voo em avião do AEROCLUBE DE BAURU construído por um diretor da NOB, à época major do Exército, o Américo Marinho Lutz.Estou na torcida. Os nossos políticos poderiam estar unidos em torno dessa importante discussão. Como eles disseram se as cidades fizessem pressão... Quem desses novos prefeitos lembra que algum dia existiu um modal ferroviário na nossa região. Você sabe se o sindicato mantém contato com empresas que teriam interesse no transporte ferroviário?
Bom, é isso aí. Beijocas e abraços no cê e na Ana Bia, e bom resto de FDS. E dedinhos cruzados. Quem sabe?".

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