quinta-feira, 6 de julho de 2023

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (183)


COMEÇANDO UMA BOA DISCUSSÃO - EXISTE DE FATO ACORDO PARA UMA FRENTE AMPLA EM BAURU?
Se a possibilidade existe e ela já havia sido aventada quando vários grupos e reuniões já ocorreram, movimentando o que possa surgir como opção para fazer frente à reeleição de Suéllen Rosim à Prefeitura de Bauru, eis o passo adiante. Depois de movimentações aqui e acolá, hoje pela manhã uma mais consistente e a reunir vários partidos políticos, não só representantes, mas seus dirigentes na cidade, os que no momento estão à frente de cada agremiação. Um bom começo e, a partir de agora, estes assumindo que, algo pode ou não ocorrer no sentido da formação de uma Frente Ampla de centro-esquerda, com proposta definida e consistente para fazer frente ao que se vê ocorrendo hoje na cidade, principalmente quando se observa que a maioria dos vereadores da cidade abandonaram a fiscalização da administração, para se juntar com a prefeita e fazer parte do seu grupo, recebendo benefícios e agindo como se fosse fio condutor da prefeita.

Diante de comentários, cada vez mais em alto e bom som, que seria muito difícil fazer frente à Suéllen no próximo pleito, eis que, as agremiações polícitas de centro e de esquerda se reuniram em algo mais concreto, podendo surgir daí, algo além da conversa e do café tomado juntos na manhã de hoje. Louvável o encontro? Sim. Conversar é preciso, sempre, mas de nada adianta essa vontade coletiva, se não estiver conectada de uma séria proposta. Por enquanto, a foto com quem responde na cidade pelos partidos PT, PMDB, PSOL, PSB, PDT, Rede, PV, PC do B, PSDB e União Brasil. A princípio, a grosso modo, poderiam dizer nada existir a unir algumas dessas agremiações, mas no momento vejo que sim, como existiu também a necessidade de união - quase que os mesmos - e alguns outros, para sacar do poder Bolsonaro e os seus. Pelo que percebo, por enquanto, só conversa. Quando vejo muita crítica por ver, por exemplo, Caio Coube do PSDB e Chiara Ranieri do União Brasil junto de gente mais à esquerda, entendo que, o mesmo ocorre do lado de lá para cá. Imagino, neste momento, a pressão em cima da Chiara por estar presente neste bate papo. Os próximos passos e do avanço na conversa, só mesmo, alguma elucidação nos próximos dias. Não especulo, nem me iludo. Creio difícilimo sair um candidato único a representar todos os interesses e propostas dos que vi sentados na mesma mesa. Pelo que vejo, no momento, a principal justificativa de todos estarem tomando café juntos é o fato de que, algo precisa ser feito para combater e enfrentar Suéllen Rosim.
A NOTA TIRADA AO FINAL DO CAFÉ MATINAL 


O QUE ESCOLHER DE ZÉ CELSO PRA PUBLICAR E MARCAR O DIA?
"Meu nome é José Celso Martinez Corrêa.
Por birra.
Quando comecei a fazer teatro exigiram um pseudonônimo mais curto, mas eu dizia: quem vai fazer teatro somos nós quatro - o José, o Celso, o Martinez e o Corrêa.
Portanto, eu inteiro, chato de decorar, não aditivo... Mas acabaram me reduzindo à Zé Celso e eu até acabei gostando.
Virando Zé.
Sou de nacionalidade brasileira, espanhola, italiana, portuguesa e índia. Enfim, uma contribuição milionária de todos os erros.
Um complexo onde falta o soul, falta o negro. Eu tento compensar com a cabeça e o beat do meu corpo.
A arte é causa e consequência em minha vida; e vive quem vive artisticamente. Como artista eu me considero um privilegiado e quero que todos o sejam",
O Liberal, Belém do Pará, 5/9/1971.

EU E O LIVRO AUTOGRAFADO PELO ZÉ
Tenho uma preciosidade aqui no meu Mafuá. Meses atrás comprei na banca de livrtos do Carioca, lá no coração da Feira do E+Rolo bauruense, por R$ 14 reais, este livro, o "Primeiro Ato - Cadernos, Depoimentos, Entrevistas (1958/1974)", uma seleção, organozação e notas juntadas sobre o teatrólogo José Celso Martinez Corrêa, da editora 34, 336 páginas, publicação de 1998. Comprei e o coloquei numa fila de leitura, algo mais do que natural por aqui, onde abundam livros e o tempo para leitura é de somente 24h em cada novo dia. Vários são começados, pois o interesse é ler todos, porém, alguns são substituídos por outros, depois a leitura é reassumida e assim sucessivamente, num vai e vem que só eu mesmo entendo e as vezes me ponho muito confuso diante dos motivos de ter dado preferência para um em detrimento de outro. 
Neste caso, comecei e agora, diante deste lamentável fato do passamento do Zé, causado pelas queimaduras, ele com seus 86 anos. Duro golpe, pois este era um dos que permaneciam em constante ebulição durante todo o tempo em que estava acordado.

Que sujeito vibrante, contagiante. A última vez que veio até a provinciana Bauru, provocou algo nos comentários que li pela aí. Veio numa atividade lá no SESC e ficou pelado, nu dos pés à cabeça e isso foi o que ficou, muito mais do que tudo o que ali apresentou. Zé causava bonito. Anos atrás, minha sogra internada na Beneficência Portuguesa paulistana, num dia de folga, pois permaneci ao lado dela por alguns meses no hospital, fui até o Oficina, lá no Bexiga, pois estava acontecendo um ato dels, os "oficineiros" ainda tentando convencer Silvio Santos para não construir edificações nos terrenos ocupados pelo Oficina e, segundo alguns cartório, de propriedade do dono do SBT. Ganhei até uma camiseta, que uso sempre, da campanha começando naquele dia. Guardo o livro e a camiseta como peças raras, algo como se fosse pedacinhos do Zé aqui dentro de casa.

O Oficina é mais que um marco. Desconheço outro teatro no Brasil com aquele formato em forma de uma embracação, toda ocupada por algo querendo nos dizer algo. Uma loucura, e de onde estivesse, olhava-se para o centro, lá em baixo e ali o palco principal dos acontecimentos. A platéia ia se espalhando pelos andares, escolhendo melhor acomodação e tudo o que sempre dali fluiu é daquilo que, quem presenciou, tem tudo muito be mguardadinho no fundo da memória. Guardo minhas lembranças daquele dia e das perfomances realizadas não lá dentro, mas na calçada, na rua ali em frente. Se o Zé Celso ficou nu no SESC aqui em Bauru, naquele dia vi atores e atrizes nus no asfalto. Silvio Santos deve achar aquilo tudo a coisa mais louca deste mundo. Mas quem me diz que aquilo não é mesmo a coisa mais tresloucada deste mundo.

Do livro do Zé, a preciosidade foi sua dedicatória para uma tal de DIVA, a quem dedicou três páginas, escritas numa caneta vermelha e até hoje, não muito bem entendidas por mim. Li, reli e hoje voltei a ler, ciente de ter comigo algo singular, único e com a cara do Zé. É meu pequeno tesouro, encontrado numa manhã de domingo, nas garimpagens que faço quase todo domingo diante dos livros expostos em cima de um plástico lá sob os paralelepípedos rolísticos bauruenses. Ainda não digeri direito a morte do Zé. Tô assimilando aos poucos, em drops, lendo o que cada um tem postado. Misturado com essa balbúrdia que é a vida bauruense política, tento hoje me apartar da doentia malversação em curso na política desta cidade onde nasci, hoje conduzida por alguém muito pior que fundamentalista, algo abominável para a Cultura e para quem dela vive e ganha seus sustento. Por aqui, tiraram o escrito lá nos muros do Teatro, o "Silêncio, a cultura dorme" e bem, poderia, ser colocado no lugar, algo em continuidade ao que vejo o atual secretário fazendo com os museus e as bibliotecas municipais, "Silêncio redobrado, pois a Cultura não quer acordar de jeito nenhum". Zé Celso apoiaria a inscrição e se possível faria com sua própria caligrafia. Eu só ando com gente assim, os que não possuem mêdo de enfrentar esses dragões da maldade e da perversão. Zé me inspira a continuar ousando, pois sem ousadia e sempre, sem medo, ir atropelando a perversidade, perderia o sentido da existência. Isso movia o Zé e me move também.


fechando a questão

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