sábado, 14 de setembro de 2024

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (194)


PERSONAGENS DESTA CIDADE
No sábado, passo boa parte da manhã fazendo campanha para Claudio Lago, disputando vaga pra vereança em Bauru. Como sempre, dia produtivo, manhã com renovadas esperanças. Toda minha movimentação se deu na chamada Esquina da Resistência. Junto a nós do PT, estavam companheiros (as) do PSOL e do PCO. Além do trabalho de cada um junto aos transeuntes, muitos reencontros e dentre estes destaco o ocorrido com o professor Silvio Durante, militante do PSOL.

Num certo momento se achega junto a nós, um senhor caracterizado com famoso personagem das HQs. Este resolveu incorporá-lo a si, pois diante de tantos comentários dizendo da semelhança, acabou até sendo conhecido pela alcunha do próprio. Fomos ali apresentados, trocamos breves palavras e quando este se afastou, Silvio me interpelou; "Que personagem, hem?". Concordei, lhe devolvendo outra indagação: "Silvio, você não acha que muitos outros, como nós dois mesmos já não nos transformamos também em PERSONAGENS no cenário bauruense?".

Foi o suficiente para iniciarmos prolongada prosopopéia, cheia de boas nuances. Enfim, como somos vistos, eu e ele, tantos outros dentro do dia-a-dia bauruense? Talvez sejamos tipos também exóticos ou até algo mais. O fato é que, dificilmente passamos batidos, diante de um cenário onde o trivial, o normal seja fazê-lo com vestes e gestos aparentando a maior normalidade possível. Será aparentamos algo assim ou somos vistos, aos olhos da maioria com algo mais a nos diferenciar?

Entendo que, tanto eu, como o próprio Durante não passamos incólumes pelo crivo popular. Ele passou a se utilizar tempos,atrás de um vistoso e chamativo chapelão, fivelas avantajadas no cinto das calças e uma rodante e ambulante caixa de som, fazendo dela uso em locais, variados e múltiplos Bauru afora. Impossível não receber olhares diferenciados de uns tantos. Sim, ele é também um dos tantos PERSONAGENS, típicos e até exóticos das ruas bauruenses.

Eu não fujo à regra, estabelecida e defendida, neste momento, por mim, nestas desabrochantes linhas. Outro dia, alguém que, até então, nunca havia reparado, me para na rua, puxa conversa e me diz algo, só mesmo oriundo de quem me observa há um certo tempo: "O senhor gosta muito de alpargatas, não? É que o vejo calçando somente este tipo de calçado". Concordei, enfim, até por causa delas e de tantas coisas, incluídas em nossas indumentárias, mesmo nos gestos, somos observados, vistos e registrados no imaginário popular. Daí, quando perguntei ao amigo Durante, tinha a já quase absoluta certeza de já estarmos incorporados no rol de tantos personagens da Terra do Sanduíche.

Eu mesmo, identifico assim de bate pronto, sem muito esforço de memória, uma pá de altaneiros e representativos PERSONAGENS, destes fugindo do trivial e se mostrando aos olhos atentos da cidade como seres diferenciados. Não vejo nisso nada negativo. Sei que, muitos até podem exagerar no quesito Apresentação em Público, chamando mesmo a atenção, mas outro tanto o fazem naturalmente. Mas, o que vem a ser isso de agir naturalmente, numa sociedade onde passar desapercebido pode ser confundido com viver como manada. Assim sendo, nada como ter algo junto da gente, mesmo que de forma discreta, sem fazer alarde ou mesmo intencional, mas chamando a atenção.

E digo, assim ser e agir pode ser também uma forma, mesmo que velada, de auto-defesa e de ser, estar, marcar posição, não se deixar cair no esquecimento. Enfim, passar uma vida inteira sem ser reconhecido deve ser muito triste. Isso tudo aqui é algo muito mais grandioso do que os quinze minutos de fama, algo imortalizado pelo norteamericano Andy Wharol. Portanto, ser considerado ou incluído como PERSONAGEM BAURUENSE, deveria ser motivo de grande orgulho. Sejamos ou não, estamos todos aí, bastando a saída pras ruas, sujeitos ao crivo popular. Enfim, foi muito bom refletir um pouco sobre isso, tudo após Durante ter me chamado atenção ao tema.

A RÁPIDA MUDANÇA DA PAISAGEM URBANA
A paisagem urbana da cidade muda intantâneamente quando demoramos para voltar a passar pelo mesmo lugar por um certo tempo. Agora mesmo na avenida Nuno de Assis, tendo ao fundo os trilhos urbanos e quase debaixo do viaduto da Treze de Maio, onde antes barracões, resquícios ferroviários, uma quadra poliesportiva e antes um ferro- velho, com cobertura metálica, só seus pilares, com tudo o mais abaixo, aguardando nova paginação.

Neste caso específico recebo duas respostas, aqui publicadas:

"Bato palmas para esse empresário, que decidiu investir numa área degradada ao construir quadras de areia e de futebol society, inclusive, já está toda iluminada.E a menos de 300 metros dali, na Praça da Bíblia, a prefeitura instalou três postes de iluminação e até agora, NADA de iluminar o local, que continua num breu total!", Orlando André Gasparini.

Respondo a ele, concordando com tudo. Sim, vejo a revitalização do ambiente totalmente deteriorado existente até então e boto fé que, com o incentivo recebido pelo empresário, algo por lá consiga ser revertido. Sou saudosista na questão dos antigos barracões férreos, porém, acompanhei a deterioração dos mesmos, hoje 50% já no chão. Não sei se existe um projeto diante da derrubada de alguns e a manutenção de outros. Uma oficina mecânica continua funcionando por lá e outras quando deixaram o imóvel, tudo veio abaixo. Tomara não tenha sido uma medida de limpar a área executada, posta em prática pela insanidade dessa administração, que tudo fecha e bota abaixo, como se viu com algumas edificações na praça Machado de Melo e outros locais. Do empreendimento esportivo, só alegria.

"Uma bela casa que tinha aí foi a primeira a ser demolida. Era essa, fotografei algumas vezes. Minha tia Guiomar morou nela...", Tatiana Calmon.

Respondo a ela, dando mais informações sobre o que sei do local: "Morei ali perto uma vida inteira e via quando a a estrutura para um futuro posto de combustível foi erguida, com alguém imaginando ser possível ali um comércio, pelo fluxo do novo viaduto. O tal do viaduto nunca foi totalmente concluído e paralisado por décadas, fez com que o posto nunca fosse aberto e a casa citada por ti, linda no meio de um belo jardim fosse também se deteriorando com o passar do tempo. Muito triste. Acompanhava com tristeza sua deterioração. Lembro da família quer ali morou e não sabia ser sua tia. Deve ter se mudado por total inviabilidade de residor diante de tantos problermas urbanos crônicos ao redor. Por último, ali se instalou um ferro-velho, que ajudou a dar cabo do local. A casa deixou de ser habitada, passando a ser depósito do lugar. Fui lá algumas vezes e com muita tristeza olhava para tudo o que um dia foi pensado e no que se transformou. A não conclusão do viaduto dentro do prazo estipulado foi um dos grandes responsáveis pelo local ter se deteriorado ainda mais, pois sabemos, a proximidade da via férrea, com seu abandono, também abriga inúmeros problemas sociais. juntou tudo e agora, o terra arrasada. Também não sei se existe projeto algum para lá ou foi simplesmente a remoção do ferro-velho e passar a máquina no terreno. Hoje resta os pilares do que um dia foi um sonho para quem o levantou, com a intenção de ali estabelecer um posto de combustível. Sonhos desfeitos e se alguns refeitos, ainda não tomei conhecimento. Ao lado, com a praça esportiva particular, algo sendo feito e neste local da casa, por enquanto só um terrão.
Essa se foi definitivamente, colocada abaixo recentemente, mas já muito deteriorada.

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