sexta-feira, 20 de setembro de 2024

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (150)


QUANDO DOIS DINOSSAUROS SE ENCONTRAM
Sempre me dei muito bem com este tipo de dinossauros. Não posso afirmar categoricamente estar essa espécie em extinção, pois vejo muitos iguais a ele ainda circulando pela aí e aprontando das suas. Estes aqui, militância comprovada de algumas décadas, estão nas ruas e lutas desde que me conheço por gente. Pode ver pra crer, fazer o teste São Tomé e com certeza a resposta será a mesma, gente de responsa, lutadores das causas sociais e com firme posicionamento de uma vida. São destes que, a partir do momento quando optaram por ingressar nessa atividade, a envolvê-los dos pés à cabeça, dela não mais sairão. Está escrito na fisionomia, está certificado em seus currículos, a opção pela defesa intransigente dos trabalhadores, onde estes estiverem.

Na tarde desta quinta, 19/09, sem que fosse preciso marcar, ambos se encontraram por acaso num local de panfletagem, defronte a unidade da Paschoalotto das Nações Unidas, ali ao lado de onde um dia foi a Embratel. E quando Claudio Lago, digno representante do PT e Paulinho Pereira, digno representante do PSTU, ambos a dignificar a esquerda bauruense e brasileira se encontraram, não ocorreu choque algum e só e tão somente uma confraternização no meio da rua. Pararam tudo por alguns instantes e trocaram figurinhas, ou seja, colocaram as conversas em dia.

Gente como estes dois são o que existe de mais valoroso hoje na continuidade da luta empreendida nas entrenhas deste país, pois são destes poucos que nunca mudaram de lado, não fazem acordo com a parte contrária e sempre estão em algo mais do digno, algo sempre sem decepção. Não existe manifestação nesta cidade, na defesa de algo onde seja necessário a presença, onde com alguém como eles, o ato se fortalece, pois bem, tenham todos a certeza, lá estarão, Lago e Paulinho. Poderia citar outros tantos, porém, o motivo dessa escrevinhação foi o reencontro na beirada de uma calçada, destes e o lugar não poderia ser outro, uma panfletagem política, na defesa do que sempre estiveram envolvidos. Gente assim, como estes dois são a cara da resistência política ideológica nesta cidade. E tenho dito. Orgulho incomensurável de ser amigo de ambos e não só acompanhá-los, mas seguir os mesmos passos.

COM QUEM FAÇO QUESTÃO DE SER E ESTAR
Na noite de quinta, o dia foi pegado e pra encerrar o expediente, fomos eu e quem junto de mim estava, tomar umas e prosear bocadinho sobre tudo isso que nos rodeia, lá nos altos do jardim Bela Vista, numa das esquinas da Silva Jardim, no agitado Bar do Marcinho, onde várias tribos aportam, se juntam e discutem até não mais poder, sem se altercar ou mesmo produzir desnecessárias quedas de braço.

Ciente de que, morando nas imediações, questão de cem metros, ligo para um destes considerados pra lá de gente boa, o Fernandão Ilustrações, o chargista mór do único jornal diário e impresso da Terra do Sanduíche, o JC. Numa deferência toda especial, disse que naquele dia não sairia mais de casa, mas se prontificou a dar uma passadinha. Ou seja, sentou conosco e a prosopopéia dali irmanada foi de grande consistência e consideração.

Na mesa, rodeada de curiosos, falamos todos e tudo um pouco. E por fim, papo nunca encerrado, só adiado para outras contendas, sempre a certeza mais que absoluta: estar com gente da estirpe do Fernandão é pra lá de bom. Gente assim preenche nossos dias. Ainda mais como se deu, desgastado num final de dia, cansado e necessitando de estar ao lado de gente positiva, com algo mais a nos passar - diria mesmo, regarregar -, ter estado no Marcinho e ter conseguido trazer para junto de nós, o imortal da charge bauruense para nossa mesa é destes indescritíveis momentos.
Ele e Marmitão, duas lendas...

Que dizer de Fernandão? Amante de um motor de duas rodas, conhece tudo do assunto, sem se deixar levar por modismos e grupos, bandos tresloucados. Voa por aí com sua moto, mas com os pés no chão. Artista mais que reconhecido do traço, possui já a sapiência de enxergar longe. Lê, ouve e assisti tudo já com um olhar no gato outro no presunto. Tira seu ácido humor dessas intempéries do dia a dia e o faz com maestria, algo só conquistado após anos e anos de experiência. De tudo hoje que o JC ainda publica, recorto e guardo as charges dele, pois sei ser algo em extinção. Daqui bem pouco tempo, creio eu, pelo adiantamento do estragamento vivenciado, nem isso mais teremos para nos deleitar. E como ainda o temos, nada como trazê-lo ao bar e desfrutar bocadinho de sua convivência.

É com gente assim que ando, circulo pela aí e gosto de ser visto. São os meus eternos personagens, dos quais extraio as mais boas histórias por mim relatadas. Tiro fotos dele, sem seu consentimento e sei, mesmo mequetreficas, não causarei rubor, nem ele ficará bravo comigo, pois o danado é daqueles que sabe tocar a vida, ele e seus gatos, ele e suas motos, ele e seu refinado traço, que tantas vezes abrilhanta pedidos insólitos destes amigos do Bauru Sem Tomate é MiXto. Noite de quinta, um bar com gente conversadeira, espairecendo para continuar na lida e luta, tendo sentado ao seu lado alguém como o Fernandão, é como se tivesse ganho na loteria. E não ganhei?

RECADO DO HPA (34)*
* Ouço a história nomentos atrás. Não a interpreto e sim, a compartilho como a ouvi, sem tirar nem por. As conclusões deixo ao encargo de quem as lê.

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