quarta-feira, 16 de outubro de 2024

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (198)


FRANCISCO, LIVREIRO DA LUMME, ENCONTRADO NOS FUNDOS DO SEBO DO BAU – TUDO SEM QUERER, QUERENDO
A campanha eleitoral corria solta e numa dessas manhãs de sábado, eu me encontrava na Esquina da Resistência, distribuindo santinhos e falando com os interessados em nossa proposta política. Quase ao lado ocorria a promoção de venda de livros do Sebo do Bau, do amigo Roberto, menos de 200 metros, tudo por apenas R$ 5 reais o exemplar. Escapuli e fui espairecer vendo alguns livros. No fundo do sebo, alto de uma estante, alguns livros de autores brasileiros e para alcança-los alguém me arruma uma escada. Subo, vasculho e escolho alguns, dentre estes um de João Antônio, um escritor que gosto demais da conta. Foi o suficiente para ter início uma conversação que não mais pararia, enquanto ali permanecemos.

O senhor ao meu lado, também em busca de preciosidades – livros são objetos preciosos -, encontrou alguém para conversar. Confabulamos bastante, a ponto de criar imediata empatia. Mal pegávamos um livro à mão, surgia um comentário sobre o autor. A conversa fluía e percebi de imediato, estar diante de alguém com quem poderia conversar horas. Nunca havia o visto. Estava diante de alguém com um tipo bem peculiar, uma longa barba, muito bem cuidada, estatura mediana, aproximadamente minha idade e como eu, amante inveterado de livros – e de sebos. O tema livro permeou nossa conversa e também a obra de João Antônio. Disse rapidamente o que sei dele, do que já li e diante de um “Malagueta, Perus e Bacanaço”, disse ter uma edição rara. O informo que todo seu acervo encontra-se hoje na Unesp de Assis, algo que já sabia. Foi quando diz ter publicado uma obra versando sobre este autor. Me interesso e ele me diz, “lhe darei um exemplar, com o maior prazer”.

Trocamos telefones, ele encontra em sua carteira um velho cartão de visitas e volto aos meus afazeres, agora com uma sacola com pelo menos uns dez livros. Aquele senhor, culto e que apresentava como editor de livros, morando em Bauru era para mim um incógnita. Como não conhecia um livreiro, editor de livros e morando em Bauru? Pelo que me deixa como rastro, pelo cartão entro no site da Lumme Editor e me vejo diante de uma imensidão de raridades, livros raros e alguém dedicando sua vida para enaltecer quem escreve. Descubro que o Francisco, ali conhecido é alguém que, deveria tentar ao menos conhecer melhor, pois estava diante de alguém que, logo a seguir, descobri ser uma rara preciosidade.

“Francisco dos Santos nasceu em 1967, em Nova Andradina (MS), e reside hoje na cidade de Bauru, no interior de São Paulo. Como poeta, Francisco dos Santos publicou os livros M (1991 / 2001), Solilóquio (1997/2002) e A reinvenção do mesmo (2002/2003), reunidos em Francisco de Todos-os-Santos (Lumme Editor, 2003). No campo da prosa de ficção, é autor dos livros O Grande Cineasta, (Edição do autor, 2002), A imagem recorrente (Lumme Editor, 2004) e No American, Latins (2005). O autor também é artista plástico e editor da Lumme. E-mail: contato@franciscodossantos.com.br.”, eis a breve descrição dele, encontrada no site da revista Zunái – Revista de Poesias e Debates.

A eleição se findou, passou-se uma semana e o contato ali na carteira. Enfim, ganharia algo mais sobre João Antonio. Marcamos um bate papo na Praça de Alimentação do Boulevard Shopping, no começo de noite desta quarta, 16/10, enquanto Ana Bia dava aulas na Unesp. Tínhamos pelos menos duas horas e meia para conversarmos. Chego, ele já sentado, nos cumprimentamos e começamos uma conversação, dessas sem fim. Vim falar de uma coisa e falamos de tantas outras, emendando um assunto ao outro. O conheci um pouco mais e ele a mim. Ambos um tanto tagarelas, o fato é que Ana me liga, perto das tais 21h30, teria que buscá-la e nos demos conta, ficamos ali mais de duas horas, sem nada consumir, boca seca, trocando ideias e creio, eu recebendo dele um aula, pois o percebo, mais que um entendido e devorador de livros.

Francisco é, com certeza, construtor de livros. Cria, monta, escolhe autores – e é escolhido por eles -, confabula com vários deles, daqui, da Espanha e de variadas localidades e naipes. Um baita de um publicitário, criador de marcas, tendo trabalhado para inúmeras empresas de nossa região. Recebi ali uma aula de como construir um livro, sem se deixar levar por modismos ou por simplesmente receber algo para fazê-lo. Detalhes que me escapavam. Tive mais que um contato e agora sei, nada sei sobre este assunto. Ganho o livro, “O Nervo Exposto”, da doutora em Literatura Ieda Magri, com o subtítulo, “João Antônio, experiência e literatura”. Um presente, que certamente o devorarei antes de tudo o mais que tenho pra ler, pilhas diante de mim, aguardando meu tempo livre.

Tenho seu número de telefone, converso com ele pelo Whats e agora sei, por mais essa experiência que, de algumas trombadas na vida, surgem e afloram delas algo realmente transformador. Não esperava encontrar aqui na inóspita Bauru, a destes áridos tempos, alguém como Francisco. Sabe aquelas conversas que, quando ao deixá-las, sempre o gostinho de quero mais? Pois bem, se Francisco tiver tempo, travaremos muitas outras. E tudo começou nos fundos do sebo do Bau, numa manhã de sábado, quando fui em busca de livros. Encontrei algo mais, um livreiro, um profundo conhecedor deste objeto de consumo, fonte de nossa movimentação e saciedade. Bauru ainda me surpreende e com Francisco, talvez a maior delas nos últimos tempos.

MOSTRANDO O OUTRO LADO
“ESTELA NÃO VOTOU - Câmara de Bauru rejeita curso superior para assessores com atribuições de direção, chefia e assessoramento.
O Serviço Público, principalmente o municipal, sempre se caracterizou por acolher "assessores políticos" nos cargos de livre nomeação, que não exigem concurso, e cujo merecimento fica por conta exclusiva de quem escolhe. Por esta fresta, não são poucos os que entram para a "boquinha" como agradecimento do parlamentar a quem prestou serviços. De motorista a guarda costas, quase todos, de repente, viram servidores públicos. Quando aparece uma proposta para dar algum sentido profissional às coisas - a tal meritocracia de que tanto falam - os vereadores votam contra. A bauruense que representa a esquerda na Câmara Municipal não apareceu para votar. Neste aspecto, igualou-se à patricinha padroeira da educação, que também não foi. É a segunda vez, pelo menos, que Estela Almagro evita polêmicas na hora de se posicionar. Ela, que foi a candidata mais votada nas últimas eleições, já havia se unido às hostes da prefeita em votação anterior sobre, se não erro, uma CEI que não era do interesse das cerejeiras que vicejam ao redor do Executivo. É hora de entender melhor qual é a da vereadora”, jornalista Ricardo de Callis Pesce.

"O estrago feito pelo golpe com a federação em Bauru além de ter proporcionado a eleição da Suelen no primeiro turno, calou a possibilidade do PT ter falado com a população, apresentado nossas propostas de governo, de mostrarmos mais e defendermos o governo Lula, de termos a campanha morna, fria, desinteressante, desmotivante, resultar no massivo número de ausências, brancos e nulos, enfim, esse estrago foi muito grave para as lutas do PT, contribuiu para o resultado favorável a direita e extrema direita. Vergonha de não termos um quadro para nós orgulharmos ao final desse pleito", professora aposentada área de Comunicação, Maria Cecília Campos.

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