quinta-feira, 24 de outubro de 2024

MÚSICA (240)


TODAS ELAS, AS MÃES, QUEREM FALAR...
Aqui uma delas, Maria Aparecida, 46 anos. Acabou de perder seu Luizinho, 18 anos e pede a palavra. Não tenho como lhe dizer não. Diante da repercussão do assassinato destes dois últimos jovens da periferia bauruense, diante de tanta desproteção, outras tantas despontam e também querem, pedem espaço para colocar pra fora o engasgo dentro de suas gargantas.
Durante dezesseis minutos ela abre seu coração e faz um triste, doloroso desabafo. Eis o link de sua fala: 

DESCALABRO EM CIMA DE DESCALABRO, JUNTEM A TUDO O OCORRIDO DOMINGO PASSADO NO VITÓRIA ROCK, ALI NA CONCHA DO PARQUE VITÓRIA RÉGIA
Acabamos de presenciar uma explícita bestialidade do poder público municipal, comandado pela incomPrefeita Suéllen Rosim, quando sem comunicar ninguém, vai lá e põe abaixo o chafariz da praça Rui Barbosa. Uma ação bem dentro do irracionalismo reinante dentro de administração fundamentalistas, não voltadas para o atendimento do que realmente a população precisa, mas sim, executar algo dentro de uma linha de pensamento tacanha, diria mesmo, perigosa. Suéllen age desta forma desde o início de sua administração e o que é ressaltado diante de tudo o que se vê é a absoluta falta de um Projeto de Governo. Tudo segue, segundo se percebe, seguindo o que vai pela sua cabeça e essa, quando num descaminho, não pensando Bauru como deveria, sucessão de fatos lamentáveis.

No último domingo, quando da realização de uma edição do VITÓRIA ROCK, evento que pelo próprio nome tem o parque Vitória Régia como seu local, ali ocorrendo desde sua criação. Um evento que, pela sua longevidade e a aproximação com essa vertente musical, a do rock and roll é sempre muito esperado pelos fãs conquistados. A galera do rock é barulhenta, mas isso não representa problema. Basta serem entendidos, algo que, já que existe o projeto, tudo deve ser feito para que sua realização ocorra dentro de um mínimo de civilidade, cordialidade e prezando sempre, em primeiro lugar, pela boa recepção junto ao público de fãs e admiradores que lá comparecem. É, ou melhor, deveria ser um espaço, um local, onde o poder público, o realizador do evento, tivesse um mínimo de entendimento do que ali acontece.

Não foi o que aconteceu no último domingo. Recebo denúncias vindas de vários locais e não as publico de imediato, pois antes de fazê-lo queria me certificar se realmente aconteceram com o que estava vendo nas imagens de várias gravações feitas no local. De um agente cultural bauruense, ela chega com a seguinte observação: “Um despreparado segurança bate de forma irracional num representante de um Moto Clube, que estava assistindo ao show. Na frente do palco um meninos punks dançando na frente, sem representarem nenhum perigo. Simplesmente dançavam e o segurança incomodado com eles. Afrontou todos a todo instante, levantando o cassetete para o lado destes. Pelo visto, no evento que a Secretaria Municipal de Cultura realiza não estão contratando seguranças que o entendem, que ao menos saibam o que é a cultura do rock. Em nenhum momento os meninos dançando ali na frente ameaçaram alguém. Num momento, um membro de uma banda foi confraternizar com os moleques e o segurança partiu pra cima de todos, entrou no meio. Desde o começo este rapaz da segurança tornou o evento algo perigoso. Uma segurança batia o cassetete na grade como se fosse um local de risco. Vi no local algo totalmente em desacordo com o espírito do evento. Num governo autoritário, que nega a violência, mas a pratica, isso é percebido em todos os seus detalhes. Negacionista, genocida e levando bauruenses à morte defronte as UPAs. Em duas bandas que assisti, o espetáculo não provinha do palco, mas da ação desproporcional e violenta dos seguranças. Como isso foi e é permitido. Esse Vitória Rock foi muito estranho, o nível dos seguranças extrapolou, tornando o dia em grande fiasco”.

Consultei outros e um outro espectador foi claro: “Nunca tinha visto algo parecido. Cheguei a não acreditar. Parecia um teatro macabro ali diante de nossos olhos. Fui pra curtir rock e quem queria aparecer eram os seguranças. Ninguém os impediu de continuar com aquela violência. Eu não sei se os seguranças contratados não gostam ou já chegam cheio de muito preconceito. A mentalidade desse povo não é para conduzir um evento dessa natureza. No mínimo, deviam ser ali colocadas para trabalhar quem entende o que se passa no palco. Seguranças pagos com o dinheiro público e fazendo um trabalho totalmente errado, agredindo a população. Foi deprimente”. No vídeo, o momento em que banda Autoboneco se apresentava e algo ali, diante do palco, totalmente em desacordo com o espírito do evento. “A molecada de boa, bebendo, brincando, dançando, como em todos os eventos e os seguranças já buscando o confronto. Até parece que, agiam assim, para facilitar a intenção da prefeita de retirar eventos musicais do Vitória. Se os mesmos se mostram violentos, um algo mais para acelerar que não mais aconteçam. Se vai num show de rock pra também poder ficar dançando ali na frente. O que querem os organizadores, que todos permaneçam sentadinhos, quietos como numa missa. Essa administração quer que todo mundo tenha postura de igreja e num show de rock. Tá complicado, pois isso talvez seja o prenúncio do que teremos pela frente com mais quatro anos de uma administração não entendendo nada da Cultura. Escreva mesmo, pois a cidade pode estar adentrando um período de putrefação cultural e quem gosta de eventos nos locais públicos, não pode ficar quieto”, me conta outro participante.

Transcrevo o que ouço como mais uma denúncia de como andam os procedimentos culturais, como tudo está uma perdição, com o desejo de levar tudo para o Recinto da Expo, apartar tudo do convívio mais central e talvez – tomara que não – minar alguns eventos já tradicionais.

Eis o link de gravação recebida, demonstrando toda a violência dos seguranças do Vitória Rock, contratados pela SMC - Secretaria Municipal de Cultura para trabalhar no evento:

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