sexta-feira, 1 de novembro de 2024

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (234)


TRÊS RELATOS QUASE ACONTECIDOS NO MESMO LOCAL
1.) REZA NA PRAÇA, COM SAXOFONE
Cortava eu a praça Rui Barbosa, hoje pela manhã, distraidamente e a pé, quando assim do nada me vejo diante de um belo som de saxofone. Eis que paro tudo, enfim, nada como ouvir assim do nada alguém entornando o caldo com este instrumento musical, que muito cai no meu apreço e consideração. Meu ouvidos se esbaldavam, porém, junto dele ouvo ladainhas e tentando decifrá-las, vejo que, entoadas como cantoria religiosa, repetem algo desencontrado. Sim, uma banda de alguma igreja perdida nos confins desta cidade, fazia uso da praça, bem aos pés do que havia ali sido decapitado, o já saudoso chafariz. Com o uso do sax, queriam e tentavam atrair mais gente, porém, ao seu lado só os já ali postados, verdadeiros donos da praça, os seu habitantes mais nobres, os moradores em situação de rua. Percebo-os icomodados, pois como todos nós, gostam muito de música e de dançar, enfim, colocar o corpo em movimento. A pegada, porém, era outra. Pregavam e ao tentar decifrar o que diziam, na verdade, não havia uma sincronia de versículos citados com o que as bocas despejavam. Citavam a bíblia a todo instante, mas ao léu, demonstração de conhecimento não existente. Um cantava, outro tocava e um outro filmava, pois o que ali foi propiciado, aquela benção, seria depois repassado para outros tantos, como obra divina, inspiração recebida diretamente dos céus. Não vi nada disso e nem os ali envoltos sob aquele manto, puderam ao menos dançar, pois a música, mesmo a do sax sendo arrebatadora, não levou ninguém para a pista. Cansado de ver o sax ser mal utilizado, bati em retirada e ligando meu radinho no carro, coloquei uma musiquinha com letra e ritmo arrebatadores e sai cantarolando, sacando de como tentam de tudo e mais um pouco hoje em dia. Incautos caem como patinhos. Ah, se soubessem do que falam e de como se utilizam em vão de palavras que pouco entendem...

2.) MAURINHO SE APROVEITANDO DA SOMBRA DE UMA DAS ÚLTIMAS ÁRVORES DA PRAÇA RUI BARBOSA
Ainda na praça central da cidade. Contava a pouco do que acabara de ouvir e ver, um sax tocado em alto e bom som e palavras ao leu sendo ditas, repetidas e desbaratadas sem sentido conexo. Para mim, bem claro, isso tudo é a maior prova da desconexão destes tempos. Tentava sair rapidamente do local, sem deixar muitas pistas e eis que, quando batia em retirada, dou de cara com o maior letrista de sambas enredo desta terra, Maurinho Santos, que empresta anualmente sua verve criativa para o Bauru Sem Tomate é Mixto. Diante da cena dele sentado à sombra de uma das últimas frondosas árvores da praça, fazendo também sombra para o campinho de bola que a alcaide acaba de entregar à população, pensando na vida e talvez, sem ouvir a fala, mas só absorvendo o som do saxofone ao longe, tiro fotos dele e me aproximo. Rememoramos algo de nossas trajetórias recentes ali sob o impacto de uma música de fundo. Evidente, falamos de como hoje, ele que faz tão bem o uso das palavras, observa como alguns, trabalhando habilmente com a santa ignorância popular, essa necessidade incomensurável de ter fé, de acreditar em tudo que vê e se move, mesmo quando diante de algo sem pé nem cabeça, acaba crendo estarem diante de seres enviados pelos céus. Divagamos e fazemos conjecturas para algo em conjunto num futuro tão breve. Enfim, se até num som improvidao na praça tem um sax, por que o bloco de carnaval não poderia ter? Maurinho para ali, sempre que pode, para espairecer e divagar, ver a vida passar diante de sia mais lenta, devagar e assim, depois de breve recarregar de baterias, voltar pra outras andanças. Falamos tudo o que tínhamos em mente, pregamos um ao outro e ao fim, ele prum lado e eu pro outro, baita encontro e uma conclusão: ah, se algo de sua verve estivesse sendo ali acompanhado por sax soprado tão alto?

3.) UM CHINÊS DE VERDADE, DE HONG KONG, NO VOLANTE DE UM UBER
Quando estava a escapulir da praça Rui Barbosa, hoje sem o meio de locomoção, chamo um uber. Na vinda, algo único, um chinês no volante. No retorno, outro susto, provavelmente outro chinês. Confirmo isso ao iniciar a conversa, enfim, era muita coincidência, dois chineses diferentes oa volnate de ubers em plena Bauru. Será voltamos a ser a cosmopolita cidade de quando por aqui aportavam milhares de gente de outras nacionalidades,despejados diariamente pelos trens do famoso entrocamento? Neste caso, ele me conta, era chinês de verdade, chegando ao Brasil 30 anos atrás, proveniente de Hong Kong, essa ilha de diversidade e de diversionismo encravada dentro do território chinês. Ele me explica tudo e compreendo, dos motivos da China tolerar algo tão diverso como a sua cidade por lá. Pergunto como caiu aqui e me diz do restaurante, mais de 30 anos, especialidade comida chinesa, ali na quadra da Prefeitura Municipal. Cansou, deu um tempo e resolver diversificar, rodar a cidade no volante. Diz que um dia volta, não para Hong Kong, mas reabrindo novo restaurante e lhe digo do apreço do jovem chinês que a gente sempre vê sempre rodeando aquelas imediações. "É meu irmão", me diz. Gostaria de poder continuar proseando mais e mais, porém, chego ao meu destino e a conversa é interrompida. A aula sobre a China e o inexorável avanço, hoje quase com as rédeas mundiais, muito me apetece e faço votos longo o reencontre, pois a conversa com este professor de Educação Física, formado aqui em Bauru pela Unesp, famoso por seu restaurante, hoje roda numa cidade, que já é mais que sua, pois após 30 anos, conhece alguns cantos que, nem eu, com 64 nos costados conheço. A China ocupa maravilhosamente Bauru.

REFLETIR E NÃO SER INDIFERENTE

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