quarta-feira, 25 de junho de 2025

BAURU POR AÍ (240)


POR FAVOR, ME DEIXEM AO MENOS RIR
O bibliotecário cego pergunta ao investigador William de Baskerville: – O que você realmente deseja?
Baskerville responde: – Eu quero o livro grego, aquele que, segundo vocês, nunca foi escrito. Um livro que só trata de comédia, que vocês odeiam tanto quanto riem. Este é provavelmente o único exemplar conservado de um livro de poesia de Aristóteles. Há muitos livros sobre comédia. Por que este livro é tão perigoso?
O bibliotecário responde: – Porque é de Aristóteles e vai fazer rir.
Baskerville replica: – O que há de perturbador no fato de que os homens possam rir?
O bibliotecário: – O riso mata o medo, e sem medo não pode haver fé. Aquele que não teme o demônio não precisa mais de Deus.
O nome da Rosa / Umberto Eco

A REPORTAGEM SOBRE A GUERRILHA DO VALE DO RIBEIRA, COM O BAURUENSE DARCY RODRIGUES, FEITA PELO JORNALISTA LUCIUS DE MELLO, CENSURADA PELA TV GLOBO E NUNCA LEVADA AO AR
Convivi com Darcy Rodrigues, sargento do Exército e muito próximo de Carlos Lamarca, desde então, quando abandonou o quartel dom armas, participou da lutar armada e depois, preso, foi trocado por um dos embaixadores sequestrados, tendo permanecido por mais de dez anos em Cuba. Suas histórias do Vale do Ribeira, ouvi dele pessoalmente e em detalhes. Depois as contou também para Antonio Pedroso Jr e este escreveu um belo livro sobre sua história. Darcy é de Avaí, ganhou o mundo cedo e por fim, depois do retorno de Cuba, se instalou em definitivo em Bauru. Estivemos juntos na campanha vitoriosa de Tuga Angerami à Prefeitura, 2005 e depois, o acompanhei até quand ode sua morte. Foi um bravo guerreiro, como se fazem poucos, cada vez menos, nos dias atuais. Conversar com ele e desfrutar de sua sapiência é algo pelo qual nunca mais me esquecerei. Qualquer dia escrevrei um livro relatando passagens minhas com pessoas que já nos deixaram e tenho uma capítulo inteiro para tratar sobre Darcy.

Hoje, quando vi a postagem do Lucius de Mello, relatando uma reportagem feita por ele, sob encomenda da direção da TV Globo, indo ao Vale do Ribeira com quem lá esteve enfurnado, dentre estes Darcy, tudo me voltou à mente. Li o texto e decidi compartilhar, pois essa história de Lucius é mais um capítulo dentro de como age o jornalismo brasileiro, sempre tendo um lado e dele, neste detalhes, sempre fazendo questão de deixar bem evidente, nunca favorecer algo resvalando com a esquerda ou a defesa das lutas populares. O texto do Lucius e a revelação feita com essa publicação deixa isso bem claro. Aproveito para rever algo mais de Darcy e assim, todos ficam cientes e conhecem bocadinho mais de dois fatos, destes que não podem cair no esquecimento: a história de Darcy no Vale da Ribeira e a de como age a TV Globo.

"Minha reportagem censurada em plena democracia. Era 1999. Eu voltara com 3 ex-guerrilheiros do grupo de Carlos Lamarca (VPR) ao centro de treinamento deles no Vale do Ribeira. Felizmente, consegui guardar comigo uma cópia da matéria editada", jornalista Lucius de Mello. Eis o link para ler o relato de Lucius e clicando noutro link algo mais da reportagem: https://www.brasilconfidencial.com.br/a-reportagem-jamais-exibida/?fbclid=IwY2xjawLIvvdleHRuA2FlbQIxMQBicmlkETFCU3RrSWVsbURqanQ3ckhMAR7OV0yRxRRasV3vkrynxgZ-CWfuhAzqFD46Si9Lt-5CJ3O3ysfkuAZBxtyZSA_aem_KZ3WwhsVyWb5_ROCBe8K2g

ERRAM NO VAREJO E NO ATACADO - AGORA NO PREÇO PARA UTILIZAÇÃO DO TEATRO MUNICIPAL
Eu não pego no pé dos atuais impostos administradores da Cultura pública municipal bauruense. Na verdade, pela sucessão de atos que produzem, um mais bestial que o outro, eles mesmo se denunciam e se atolam, cada vez mais, num precipício sem volta. São ações descabidas e onde, quando inqueridos, não conseguem explicar o significado real da mesma, simplesmente, por não existirem. Fazem tudo sem planificação, sem respaldo técnico e, principalmente, sem conhecimento. Diante de tudo isso, estão sempre emaranhados e enrolados com explicações, nenhuma convincente e todas gerando perplexidade e revolta.

Escrevo essa introdução para comentar a mais nova impropriedade comunicada à cidade pelo atual sectário, ops, digo, Secretário Municipal de Cultura. Reformaram o Teatro Municipal e para tanto, efusivos parabéns. A grande besteira foi denominar o feito de Reinauguração. Foi querer laurear além do necessário o fato da reforma. Coisa de gente necessitando de paparicos e afagos por tudo o que faz. O vejo em plena condições de uso, ótimo. Isso, por si só não basta. Qualquer teatro deste porte necessita de regras de funcionamento. Algo não pensado somente por uma cabeça, mas por um grupo de pessoas. Isso não deve ocorrer no caso bauruense. Explico.

O que veio à tona dias atrás foi a exorbitância do preço cobrado pelo aluguel do teatro, passando de R$ 600 para R$ 4 mil pelo seu aluguel. E o fizeram de forma generalizada, sem entrar em detalhes - mais que necessários -, de cada um a das formas utilizadas. É R$ 4 mil e pronto. Quando inquerido, o sectário - já sem a correção - disse ter sido feito uma média entre outros teatros do interior paulista. Balela. Foram pesquisar e a média não passa de R$ 2 mil. Ele gaguejou e, como sempre, tropeçou nas palavras. Existe um sectarismo em tudo feito nas hostes suellistas, este só mais um belo exemplo. São injustificáveis em tudo que fazem. Que o teatro deva cobrar pelo seu uso, algo natural, porém, em Bauru, como nada é discutido amplamente, ainda predomina uma decisão de cima para baixo, autoritária e depois, diante da pressão e demonstração da irracionalidade, a conclusão mais óbvia: "Estamos estudando para rever o que foi feito". Banalidade elevada aos píncaros da glória.

Rir pra não chorar.

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