LONGEVIDADE SADIA É TUDO - VIVA TONY TORNADO E SEUS 94 ANOS MUITO BEM VIVIDOSHoje a tarde, eu e minha mana Helena presenciamos uma cenadantesca. Um senhor com mais idade que a minha, ou seja, aposentado, depois ficamos sabendo ter sido dentista, pessoa impaciente e perturbada, criou caso com variadas funcionárias do Confiança Nações, primeiro na padaria e depois com uma das caixas, menina muito jovem, que foi obrigada a ouvir calada os impropérios de alguém totalmente fora do normal. O pior de tudo foi vê-lo desferindo para a jovem do caixa, algo de sua insanidade, quando gritava ela não representar nada e ele, um senhor estudado, portanto, detentor de toda a razão deste mundo.
Sim, existem pessoas agindo como ele por aí. São doentes e criados como capataz e senhores do engenho, não sabem envelhecer, muito menos tratar os semelhantes. Tudo para estes é na base do grito e da imposição. Infelizmente, nem eu nem a mana presenciamos a cena. Ouvimos seus gritos de longe, porém, por sorte não o vimos gritando com os indefesos funcionário, pois do contrário, nem eu, nem a mana iríamos ficar quietos. Depois soubemos, ouvindo quem de fato presenciou a cena, que muitos intercederam pelos funcionários. Do contrário tudo poderia ter sido ainda pior. Gente doente comete uma besteira atrás de outra. Intolerância, felizmente, não é primazia de gente com mais idade. Este mal acomete também muita gente jovem. De algo tenho certeza, a imensa maioria dos aginda desta forma e jeito são, em sua maioria, pessoas conservadoras. Tivessem um bocadinho de noção não agiriam desta forma. Na verdade, adoraria ter presenciado a cena, pois o velhaco - velho é uma coisa, velhaco é outra - teria ouvido poucas e boas.
Saio de lá e hoje à noite no SESC Bauru, uma belezura de um show, tendo à frente de uma banda com oito músicos, nada menos que o ator e cantor TonY Tornado, 94 anos de idade. Este esbanjou simpatia e irreverência no palco, ao lado de seu filho, este com 40 anos e uma cronner com voz divinal. Cantou sucessos dele, como mais famosa de todas, BR 3 e muita coisa de Tim Maia. Eu, do alto dos meus 65 anos, cheio de dores e cada vez mais reclamão, fiquei ao lado de pessoas amigas presenciando como Tony nadava de braçada no palco, esbanjando vitalidade. Belezura maior impossível. O SESC, como sempre acertando em cheio, casa cheia e platéia cantando todas, além de colocar seus corpos em movimento. No palco o show Tony Tornado & Funkessencia, unindo a força e tradição deste imenso ator e também cantor, um dos precursores da black music no Brasil, unido com a energia de seu filho, Lincoln Tornado e banda. Foi uma hora e meia de muito balança, onde todos os presentes ficaram encantados com a energia passada pelo conhecido artista.
Nas fotos e vídeo aqui publicados, algo do que pude gravar e de outros, aqui compartilhados. E com estes dois exemplos, duas formas de tocar a vida depois de certa idade. Quem se tornou ao longo do tempo mais intolerante e ranzinza, sofre, padece em vida, não sabe aproveitar o que a vida lhe oferece e padece em vida. Já, quem como Tony estravaza ainda no palco e na TV, numa novela do momento, este sim vai tirando de letra tudo o que a vida pode lhe proporcionar. Imagino um defronte o outro, Tony certamente mais velho, com uma vivência bem diferente de quem, já doente das ideais, desconta nos semelhantes sua inapetência para tocar a vida. Quero ser cada vez como Tony Tornado e ir tocando este barco, que é nosso corpo, adiante, fingindo que os anos todos não pesam na balança da vida e assim, mesmo com todos os problemas inerentes à idade, continuam fazendo e acontecendo. Voltei de lá, com certeza, menos reclamão, pois o exemplo visto nos palco é mais do que impactante. Daí, repito, VIVA TONY TORNADO!
"VIAGEM MULTICOLORIDA, ÀS VEZES PONTO DE PARTIDA, ÀS VEZES PONTO DE UM TALVEZ"
Em 1971, um ano após vencer o V Festival Internacional da Canção com "BR-3" (Antonio Adolfo/Tiberio Gaspar), TONY TORNADO lançou seu álbum de estreia. O disco, também batizado com o nome da música vencedora do festival, voltou às lojas em LPs de 180 gramas, numa parceria da Universal e da Polysom pela coleção "Clássicos em Vinil". Com 12 faixas e com forte influência do soul e funk, "B.R.3" é composto — além da canção que ajudou a consagrar a carreira de Toni e que tornou-se um clássico da música nacional — por sucessos como "Me Libertei" (Frankye/Tony Bizarro) e "O Jornaleiro" (Major/Toni Tornado). Com produção de Milton Miranda, o registro ainda possui participações de maestros como Paulo Moura e Waltel Branco, que contribuíram com orquestrações e também ajudaram a enriquecer os arranjos desse importante registro da cultura brasileira. LADO A 1. JUÍZO FINAL 2. NÃO LHE QUERO MAIS 3. DEI A PARTIDA 4. UMA CANÇÃO PRA ARLA 5. BREVE LOTERIA 6. EU DISSE AMÉM LADO B 1. BR-3 2. UMA VIDA 3. PAPAI, NÃO FOI ESSE O MUNDO QUE VOCÊ FALOU 4. ME LIBERTEI 5. O REPÓRTER INFORMOU 6. O JORNALEIRO. Mais que um luxo, puro privilégio, foi o SESC Bauru tê-lo trazido até nós e eu, lá presente. Tony representa muito em vários sentidos e direções.
A opositora venezuelana Corina Machado foi premiada com o Nobel da Paz, mas não há nada de pacífico em sua política
10.out.2025 - Michelle Ellner no Peoples Dispatch
Machado passou toda a sua vida política promovendo divisão, corroendo a soberania da Venezuela e negando ao seu povo o direito de viver com dignidade. - Federico PARRA / AFP
Quando vi a manchete ‘María Corina Machado vence o Prêmio da Paz’, quase ri do absurdo. Mas não o fiz, porque não há nada de engraçado em premiar alguém cuja política trouxe tanto sofrimento. Qualquer um que saiba o que ela defende entende que não há nada de remotamente pacífico em sua atuação.
Se isso é o que conta como “paz” em 2025, então o prêmio em si perdeu toda a sua credibilidade. Sou venezuelana-americana e entendo exatamente tudo o que Machado representa. Ela é o rosto sorridente da máquina de mudanças de regime de Washington, a porta-voz polida das sanções, da privatização e da intervenção estrangeira, disfarçadas de democracia.
A política de Machado está enraizada na violência. Ela já pediu intervenção estrangeira, chegando a apelar diretamente a Benjamin Netanyahu, o arquiteto do aniquilamento em Gaza, para “libertar” a Venezuela com bombas em nome da “liberdade”. Machado exigiu sanções, essa forma silenciosa de guerra cujos efeitos — como demonstraram estudos publicados na The Lancet e em outros periódicos — mataram mais pessoas do que a própria guerra, ao cortar acesso a remédios, alimentos e energia de populações inteiras.
Machado passou toda a sua vida política promovendo divisão, corroendo a soberania da Venezuela e negando ao seu povo o direito de viver com dignidade.
É sobre isso que María Corina Machado realmente se trata:
Ela ajudou a liderar o golpe de 2002 que por um breve período derrubou um presidente democraticamente eleito, assinando o Decreto Carmona que apagou a Constituição e dissolveu todas as instituições públicas da noite para o dia.Trabalhou lado a lado com Washington para justificar a mudança de regime, usando sua plataforma para exigir intervenção militar estrangeira a fim de “libertar” a Venezuela pela força.
Apoiou as ameaças de invasão de Donald Trump e o envio de navios de guerra ao Caribe — um show de força que arriscava acender uma guerra regional sob o pretexto de “combater o narcotráfico”. Enquanto Trump congelava ativos e ameaçava a soberania do país, Machado se colocava pronta para ser sua representante local, prometendo entregar a soberania da Venezuela em uma bandeja de prata.
Ela pressionou pela imposição das sanções dos EUA que estrangularam a economia, sabendo exatamente quem pagaria o preço: os pobres, os doentes, a classe trabalhadora.
Ajudou a construir o chamado “governo interino”, um espetáculo de marionetes respaldado por Washington, liderado por um “presidente” autoproclamado que saqueou os recursos da Venezuela no exterior enquanto crianças passavam fome dentro do país.
Promete reabrir a embaixada da Venezuela em Jerusalém, alinhando-se abertamente ao mesmo Estado de apartheid que bombardeia hospitais e chama isso de autodefesa.
E, agora, quer entregar o petróleo, a água e a infraestrutura do país a corporações privadas. É a mesma receita que transformou a América Latina no laboratório da miséria neoliberal nos anos 1990.
Machado também foi uma das arquitetas políticas da “La Salida”, a campanha da oposição em 2014 que convocou protestos escalonados, incluindo táticas de guarimba. Não foram “protestos pacíficos”, como dizia a imprensa estrangeira: eram barricadas organizadas para paralisar o país e forçar a queda do governo. Ruas foram bloqueadas com lixo em chamas e arame farpado, ônibus de trabalhadores foram incendiados e pessoas suspeitas de serem chavistas foram espancadas ou mortas. Até ambulâncias e médicos foram atacados. Algumas brigadas médicas cubanas quase foram queimadas vivas. Prédios públicos, caminhões de alimentos e escolas foram destruídos. Bairros inteiros ficaram reféns do medo, enquanto líderes da oposição como Machado aplaudiam e chamavam isso de “resistência”.Ela elogia as “ações decisivas” de Trump contra o que chama de “empresa criminosa”, alinhando-se ao mesmo homem que encarcerou crianças migrantes e destruiu famílias sob vigilância do ICE, enquanto mães venezuelanas ainda buscam por seus filhos desaparecidos sob as políticas migratórias dos EUA.
Machado não é símbolo de paz nem de progresso. Ela é parte de uma aliança global entre fascismo, sionismo e neoliberalismo — um eixo que justifica a dominação na linguagem da democracia e da paz. Na Venezuela, essa aliança significou golpes, sanções e privatização. Em Gaza, significa genocídio e apagamento de um povo. A ideologia é a mesma: a crença de que algumas vidas são descartáveis, de que a soberania é negociável e de que a violência pode ser vendida como ordem.
Se Henry Kissinger pôde ganhar um Prêmio da Paz, por que não María Corina Machado? Talvez no próximo ano deem o prêmio para a Fundação Humanitária de Gaza por sua “compaixão sob ocupação”.
Cada vez que esse prêmio é entregue a um arquiteto da violência disfarçado de diplomata, ele cospe no rosto daqueles que de fato lutam pela paz: os médicos palestinos que cavam corpos sob os escombros, os jornalistas que arriscam a vida em Gaza para documentar a verdade e os trabalhadores humanitários da Flotilha que velejam para romper o cerco e entregar ajuda a crianças famintas, com nada além de coragem e convicção.
Mas a verdadeira paz não é negociada em salas de reunião nem concedida em palcos. A verdadeira paz é construída por mulheres que organizam redes de alimentos durante bloqueios, por comunidades indígenas que defendem rios da exploração, por trabalhadores que se recusam a ser famintos até obedecerem, por mães venezuelanas que se mobilizam para exigir a devolução de filhos sequestrados pelas políticas migratórias dos EUA e por nações que escolhem a soberania em vez da servidão. Essa é a paz que Venezuela, Cuba, Palestina e cada nação do Sul Global merece."
*Michelle Ellner é coordenadora de campanhas para a América Latina na CODEPINK.
Traduzido por: Giovana Guedes
Em 1971, um ano após vencer o V Festival Internacional da Canção com "BR-3" (Antonio Adolfo/Tiberio Gaspar), TONY TORNADO lançou seu álbum de estreia. O disco, também batizado com o nome da música vencedora do festival, voltou às lojas em LPs de 180 gramas, numa parceria da Universal e da Polysom pela coleção "Clássicos em Vinil". Com 12 faixas e com forte influência do soul e funk, "B.R.3" é composto — além da canção que ajudou a consagrar a carreira de Toni e que tornou-se um clássico da música nacional — por sucessos como "Me Libertei" (Frankye/Tony Bizarro) e "O Jornaleiro" (Major/Toni Tornado). Com produção de Milton Miranda, o registro ainda possui participações de maestros como Paulo Moura e Waltel Branco, que contribuíram com orquestrações e também ajudaram a enriquecer os arranjos desse importante registro da cultura brasileira. LADO A 1. JUÍZO FINAL 2. NÃO LHE QUERO MAIS 3. DEI A PARTIDA 4. UMA CANÇÃO PRA ARLA 5. BREVE LOTERIA 6. EU DISSE AMÉM LADO B 1. BR-3 2. UMA VIDA 3. PAPAI, NÃO FOI ESSE O MUNDO QUE VOCÊ FALOU 4. ME LIBERTEI 5. O REPÓRTER INFORMOU 6. O JORNALEIRO. Mais que um luxo, puro privilégio, foi o SESC Bauru tê-lo trazido até nós e eu, lá presente. Tony representa muito em vários sentidos e direções.
Eis Tony cantando sua mais famosa música:
https://www.youtube.com/watch?v=D9BmQgsOhrI
https://www.youtube.com/watch?v=D9BmQgsOhrI
A letra: "A gente corre (e a gente corre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ E a gente morre (e a gente morre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ Há um foguete/ Rasgando o céu, cruzando o espaço/ E um Jesus/ Cristo feito em aço/ Crucificado outra vez/ E a gente corre (e a gente corre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ E a gente morre (e a gente morre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ Há um sonho/ Viagem multicolorida/ Às vezes ponto de partida/ Às vezes porto de um talvez/ E a gente corre (a gente corre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ E a gente morre (e a gente morre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ Há um crime/ No longo asfalto dessa estrada/ E uma notícia fabricada/ Pro novo herói de cada mês/ Na BR-3, na BR-3/ Na BR-3, na BR-3/ Por isso eu corro/ Por isso eu corro, corro/ E giro no centro/ E vou por dentro/ E o mundo se move/ And I can love you baby baby baby/ Baby baby baby/ Socorro, por isso tudo eu corro/ Corro na BR-3".
Eis minha gravação feita no início do show:
ABSURDO DOS ABSURDOS - CITE SOMENTE UM MOVIMENTO FEITO PELA PAZ POR ESSA SENHORA, ABOMINÁVEL PESSOA"Se María Corina Machado venceu o Prêmio Nobel da Paz, a ‘paz’ perdeu o seu significado.A opositora venezuelana Corina Machado foi premiada com o Nobel da Paz, mas não há nada de pacífico em sua política
10.out.2025 - Michelle Ellner no Peoples Dispatch
Machado passou toda a sua vida política promovendo divisão, corroendo a soberania da Venezuela e negando ao seu povo o direito de viver com dignidade. - Federico PARRA / AFP
Quando vi a manchete ‘María Corina Machado vence o Prêmio da Paz’, quase ri do absurdo. Mas não o fiz, porque não há nada de engraçado em premiar alguém cuja política trouxe tanto sofrimento. Qualquer um que saiba o que ela defende entende que não há nada de remotamente pacífico em sua atuação.
Se isso é o que conta como “paz” em 2025, então o prêmio em si perdeu toda a sua credibilidade. Sou venezuelana-americana e entendo exatamente tudo o que Machado representa. Ela é o rosto sorridente da máquina de mudanças de regime de Washington, a porta-voz polida das sanções, da privatização e da intervenção estrangeira, disfarçadas de democracia.
A política de Machado está enraizada na violência. Ela já pediu intervenção estrangeira, chegando a apelar diretamente a Benjamin Netanyahu, o arquiteto do aniquilamento em Gaza, para “libertar” a Venezuela com bombas em nome da “liberdade”. Machado exigiu sanções, essa forma silenciosa de guerra cujos efeitos — como demonstraram estudos publicados na The Lancet e em outros periódicos — mataram mais pessoas do que a própria guerra, ao cortar acesso a remédios, alimentos e energia de populações inteiras.
Machado passou toda a sua vida política promovendo divisão, corroendo a soberania da Venezuela e negando ao seu povo o direito de viver com dignidade.
É sobre isso que María Corina Machado realmente se trata:
Ela ajudou a liderar o golpe de 2002 que por um breve período derrubou um presidente democraticamente eleito, assinando o Decreto Carmona que apagou a Constituição e dissolveu todas as instituições públicas da noite para o dia.Trabalhou lado a lado com Washington para justificar a mudança de regime, usando sua plataforma para exigir intervenção militar estrangeira a fim de “libertar” a Venezuela pela força.
Apoiou as ameaças de invasão de Donald Trump e o envio de navios de guerra ao Caribe — um show de força que arriscava acender uma guerra regional sob o pretexto de “combater o narcotráfico”. Enquanto Trump congelava ativos e ameaçava a soberania do país, Machado se colocava pronta para ser sua representante local, prometendo entregar a soberania da Venezuela em uma bandeja de prata.
Ela pressionou pela imposição das sanções dos EUA que estrangularam a economia, sabendo exatamente quem pagaria o preço: os pobres, os doentes, a classe trabalhadora.
Ajudou a construir o chamado “governo interino”, um espetáculo de marionetes respaldado por Washington, liderado por um “presidente” autoproclamado que saqueou os recursos da Venezuela no exterior enquanto crianças passavam fome dentro do país.
Promete reabrir a embaixada da Venezuela em Jerusalém, alinhando-se abertamente ao mesmo Estado de apartheid que bombardeia hospitais e chama isso de autodefesa.
E, agora, quer entregar o petróleo, a água e a infraestrutura do país a corporações privadas. É a mesma receita que transformou a América Latina no laboratório da miséria neoliberal nos anos 1990.
Machado também foi uma das arquitetas políticas da “La Salida”, a campanha da oposição em 2014 que convocou protestos escalonados, incluindo táticas de guarimba. Não foram “protestos pacíficos”, como dizia a imprensa estrangeira: eram barricadas organizadas para paralisar o país e forçar a queda do governo. Ruas foram bloqueadas com lixo em chamas e arame farpado, ônibus de trabalhadores foram incendiados e pessoas suspeitas de serem chavistas foram espancadas ou mortas. Até ambulâncias e médicos foram atacados. Algumas brigadas médicas cubanas quase foram queimadas vivas. Prédios públicos, caminhões de alimentos e escolas foram destruídos. Bairros inteiros ficaram reféns do medo, enquanto líderes da oposição como Machado aplaudiam e chamavam isso de “resistência”.Ela elogia as “ações decisivas” de Trump contra o que chama de “empresa criminosa”, alinhando-se ao mesmo homem que encarcerou crianças migrantes e destruiu famílias sob vigilância do ICE, enquanto mães venezuelanas ainda buscam por seus filhos desaparecidos sob as políticas migratórias dos EUA.
Machado não é símbolo de paz nem de progresso. Ela é parte de uma aliança global entre fascismo, sionismo e neoliberalismo — um eixo que justifica a dominação na linguagem da democracia e da paz. Na Venezuela, essa aliança significou golpes, sanções e privatização. Em Gaza, significa genocídio e apagamento de um povo. A ideologia é a mesma: a crença de que algumas vidas são descartáveis, de que a soberania é negociável e de que a violência pode ser vendida como ordem.
Se Henry Kissinger pôde ganhar um Prêmio da Paz, por que não María Corina Machado? Talvez no próximo ano deem o prêmio para a Fundação Humanitária de Gaza por sua “compaixão sob ocupação”.
Cada vez que esse prêmio é entregue a um arquiteto da violência disfarçado de diplomata, ele cospe no rosto daqueles que de fato lutam pela paz: os médicos palestinos que cavam corpos sob os escombros, os jornalistas que arriscam a vida em Gaza para documentar a verdade e os trabalhadores humanitários da Flotilha que velejam para romper o cerco e entregar ajuda a crianças famintas, com nada além de coragem e convicção.
Mas a verdadeira paz não é negociada em salas de reunião nem concedida em palcos. A verdadeira paz é construída por mulheres que organizam redes de alimentos durante bloqueios, por comunidades indígenas que defendem rios da exploração, por trabalhadores que se recusam a ser famintos até obedecerem, por mães venezuelanas que se mobilizam para exigir a devolução de filhos sequestrados pelas políticas migratórias dos EUA e por nações que escolhem a soberania em vez da servidão. Essa é a paz que Venezuela, Cuba, Palestina e cada nação do Sul Global merece."
*Michelle Ellner é coordenadora de campanhas para a América Latina na CODEPINK.
Traduzido por: Giovana Guedes
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