domingo, 12 de outubro de 2025

FRASES DE LIVROS LIDOS (224)


DOIS POLÍTICOS BEM DISTINTOS: TEBET E KASSAB
Um deles passou por Bauru dias atrás, Gilberto Kassab, ex-prefeito paulistano e hoje líder de uma facção política desastrosa para o Brasil, o Centrão. Deixaram ao longo do tempo este político vicejar e hoje, infelizmente, comanda seu forte grupo político, promovendo um verdadeiro desastre para o Brasil. Não adianta virem tentar me mostrar algo de positivo em tudo o que faz, pois dos conchavos e acordos espúrios, nada de salutar. Trata-se de detestável líder político, sempre propício a acordos de bastidores, tudo para ir alavancando mais e mais os seus. O Centrão, como até as pedras do reino mineral sabem, representa algo nebuloso, onde a princípio se vê nitidamente, vivem de acertos, acordos e conchavos. Ou seja, pessoa pela qual o melhor a fazer é manter o máximo de distância.

Pois bem, passou por Bauru dias atrás, foi paparicado pela prefeita e sua mãe, além de uma turma de vereadores locais, todos com ligações umbilicais com o método deste de fazer política. Um deles é Juninho, ex-presidente da Câmara e neste momento, como se viu, almejando tornar-se deputado estadual nas próximas eleições. Quem por lá esteve junto desta thurma foi o ex-deputado Pedro Tobias. Pelo que vejo estes todos, tanto Kassab, como a prefeita, sua mãe e o vereador postulante ao cargo, posicionamentos bem definidos como bolsonaristas, fechando questão em vários momentos e votações mais que discutíveis e problemáticas, só por isso, não vejo nenhum destes como algo louvável para merecer voto e representar Bauru. Ou o voto muda e escolhemos perfis diferentes, com outra postura, ou nada mudará no espectro político em nossa cidade e no estado de São Paulo.

Por outro lado, escrevo a seguir de uma mulher na política, ela também pertencente a grupo de centro, porém, com postura bem diferente destes todos aqui citados. Digo da ex-prefeita de Três Lagoas, deputada, senadora e hoje ministra do Planejamento e Orçamento do governo Lula. Tempos atrás, assim como o atual presidente da República, Geraldo Alckmin, esteve num campo muito mais à direita, inclusive com posicionamentos muito conservadores. Ambos mudaram e hoje, Simone entende perfeitamente o papel a ela designado por Lula e em todos seus pronunciamentos, demonstra isso. Compra brigas com o conservadorismo do seu partido, o PMDB e os demais, bem mais à direita e pelo que vejo, peita todos e desta forma, se sobressai.

Li num belo texto hoje pela manhã, "Simone Tebet é a direita que o Brasil precisa". Concordo, pois ela é palatável. Não possui o gene da perversão vislumbrado em todo bolsonarista e também a maioria dos da linha conservadora. Ela, pelo sim pelo não, faz parte de segmento político, distinto do PT e da esquerda, mas mesmo antes de fazer parte do governo Lula, já havia demonstrado sensibilidade e sinceridade com posicionamento corajosos. Tebet é bem diferente de gente como este Kassab e também, como Suéllen Rosin e toda sua família. São posturas bem distintas. Não defendem a mesma coisa e possuem visões bem distintas em relação ao papel do Brasil e de das alternativas para o país continuar no caminho sólido de consolidação de sua soberania.

Tomara, o eleitor, mesmo quando vote em políticos fora do espectro da esquerda, consigam enxergar que votando em politicos como Tebet, teremos posturas governamentais totalmente diferentes quando o voto é dado para os da linhagem conservadora, quase todos, já na ultradireita, ou seja, nada em prol dos interesses do povo. Sacaram onde quis chegar? Votando em políticos de ultradireita, teremos Bauru, São Paulo e o Brasil sempre no retrocesso, daí só bola nas costas. Ou mudamos o voto ou nada mudará.

VOLTEI A LER PLINIO MARCOS
Neste outubro li dois livros do dramaturgo das periferias, ou melhor, das "quebradas do mundaréu", PLINIO MARCOS. Tive o prazer de muito tempo atrás - algumas décadas - vê-lo pessoalmente vendendo seus livros, quando com uma simples mesa, dessas de bar, os expunha e ali, deitava sua falação. Ele já representava o que sempre foi, essa pessoa fora dos padrões ditos como normais. E o que fazia não nada anormal, mas como poucos ousavam sair pela aí como fazia, ficou como diferente. Li na época muito do que produziu, muita coisa também direto nos jornais que publicavam suas crônicas. Depois seus livros, sempre publicações mais simples, porém com conteúdo forte, batendo firma no entendimento que fazíamos das coisas e de como se processava a vida nas entranhas das perifas deste país.

Reli agora dois destes, o "Histórias das Quebradas do Mundaréu" (editora Nórdica RJ, 1973, 192 páginas) e duas peças juntas, "Navalha na Carne e Quando as Máquinas Param" (editora Global SP, 1979, 96 páginas). Plinio Marcos continuará sendo mais que um soco no estomago. Sua escrita é a mais simples possível, linguajar popular, sem retoques e salamaleques, com aquela pitada de quem, não só escreve, mas também vivenciava fervorosamente os lugares retratados. Suas crônicas, separadas por temas, diz muito disso: bandidagem, futebol, samba, macumba, cadeia, amor e diversos. Uma mais belicosa e deliciosa que a outra. Seus livros e textos continuam promovendo a maior revolução para comigo. O jeito como enxergou e vivenciou o "mundaréu", isso no começo dos anos 70, plena ditadura militar, quando rememoro aquilo tudo, percebo cada vez mais a importância de termos tido alguém como ele nos descrevendo em detalhes, algo que, cala fundo em qualquer pessoa sensível. Foi o repórter consciente e fiel daqueles tempos, não muito diferente dos atuais, onde ainda predomina a não alforria popular.

Reuno algumas frases deste que, se utilizava em demasia de uma palavra nos seus textos, a "esquinapo", criada por ele, para designar o evidente furdunço ali acontecendo. Elas dizem muito daqueles tempos e lugares:
- "Sexta-feira era dia de loque sair pelas ruas fazendo zoeira. Bom dia pra vagau escolado armar o pesqueiro".
- "Nas quebradas do mundaréu, até as pedras se encontram. E quem não tem roda larga, acaba sempre comendo capim pela raiz".
- "Na primeira que se apaga um pinta é assim mesmo. A gente vomita, vai na igreja rezar pela alma do desgraçado, tem sonho ruim, carrega fantasmas pra lá e pra cá. Depois do segundo, não dá mais truta. Com oZico não vai dar outra coisa. Hoje, foi o batismo dele".
- "Se a gente tivesse medo de homem, não sai pras ruas vestindo calça".
-" Acontece que time do interior só vive por teimosia, ou por remorso ou vaidade de algum coronel que, de tanto enganar o povão, enriquece e depois ajuda o clube da cidade, tentando assim ficar em paz com Deus e ainda se promovendo".
- "...aparece tanta gronga boiando nas águas barrentas em que navego contra a maré, que vivo assombrado com os lances quesou obrigado a encarar. Meu patuá de fé e de valia já anda até entortado, de tanto que me agarro nele pra não naufragar".
- "Escuta, minha filha, se macumba pegasse em português, crioulo nunca tinha sido escravo, tá?".
- "Andam matando cachorro a grito, se agarrando em fio desencapado, dando nó nas tripas e os cambaus, para escorarem o repuxo da maré, que anda barrenta e brava".
- "Tem majura que cai em cana e acostuma. Daí, nãoquer nem saber. Quando vai chegando o tempo de cair fora, apronta um salseiro lá mesmo. E vai ficando. Sabe como é: a vidano relento não é mole. Não é todo mundo que tem um mocó pra se cobrir".
- "Otário é necessário para o bom andamento dos pererecos".
- "Pobre de nós todos, que usamos tão poucos recursos da nossa cachola".
- "Bagulho catado no chão da feira nunca fez bem à beleza de ninguém".
- "...sempre tem um malandrinho pra tomar os pixulés do otário".
- "Tu, que sempre pega a pior, tu, que só come da banda podre, tu, que só mora nas barrancas do rio e quase se afoga toda vez que chove, sabe melhor do que eu que, com a vida custando os olhos da cara do jeito que está, a negada faz qualquer negócio pra defender o feijão de cada dia".
- "...do jeito que andam matando bicho no Brasil, daqui há pouco só vai ter caça na praça da República, depois das dez".
- "Gama desuburbano, pra ser boa, tem que ser complicada. SAbe como é. O povão sofre influência de novela mexicana".
- "Quem está a perigo perpétuo não tem direito a escolha. Não pode fazer luxo. Como enrolado sem estrilo".
- "Uma gronga de abilolar qualquer majura. E é por essas e outras que, muitas vezes, o nego se endoida de repente e apronta um esquinapo que não dá pra ninguém entender".
Sacaram por que continuarei lendo Plinio Marcos ad eternum?

EM QUE PAÍS O TARCÍSIO, AMIGUINHO DO MILEI, VIVE?

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