segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

UMA ALFINETADA (11)
Fiquei algumas semanas sem postar uma nova alfinetada e o faço agora reproduzindo uma antiga, do primeiro semestre de 2006, quando ainda tinha meus 46 anos (saudades!!!). O tema continua mais atual do que nunca, pois cada vez está ficando mais difícil nesse país se postar contrário ao pensamento único que nos domina. Para quem, como eu, nesse ato contínuo de remar contra a maré, vale muito e pena dar uma lida no que publiquei no ALFINETE na época. A ilustração é do excelente Adão Iturrusgarai e também tem o mesmo intuito, jogar lenha na fogueira e fazer os miolos funcionarem:


PENSE. PENSE MUITO NO QUE ESTÃO FAZENDO CONTIGO.


Meus escritos neste espaço fluem seguindo uma linha mais ou menos estabelecida. Quem me acompanha sabe muito bem como penso e se me lê, tem uma idéia bem clara do que irá encontrar por aqui. Eu me exponho e deixo bem claro o meu posicionamento. E essa linha de ação eu fui adquirindo com muitas leituras, construída com o passar dos anos. Sempre fui crítico, brigo muito, falo até o que não devo, mas nunca deixei de ser um eterno romântico. Escrevo com um intuito bem definido, não para que guardem meus escritos, mas para que pipoquem mil idéias na mente de cada leitor. Fazer pensar é o mais importante de tudo. Provoco quem está do outro lado, para que saia do estado de letargia para o da ação. E isso é realmente revolucionário e é o que tento fazer com todos vocês.


Eu penso diferente e só por isso me acham um tanto perigoso. Posso até ser confundido com uma espécie de bobo da corte, mas nunca de burro. Burro, para mim, é quem repete e acredita em tudo o que lê/ouve, sem nenhuma discussão. O burro é um elemento dos mais úteis hoje em dia, pois ele é um sujeito conformado, repetindo como um ventríloquo, tudo o que lhe cai às mãos. Pensa sempre os mesmos pensamentos e não quer nem saber de agir diferente, preferindo seguir no meio da manada, sem que ninguém consiga notar sua presença. O educador Rubem Alves me martela tudo isso a cada livro dele que releio e é profético quando diz que "casa arrumadinha emburrece, é mesmice, cada coisa em seu lugar, a gente fica sempre do mesmo jeito sempre. Casa boa é aquela cheia de surpresas". É isso mesmo e hoje entendo quando minha ex-esposa mudava tudo de lugar a cada semana. As novidades se apresentavam maravilhosamente. Eu seguia na onda dela e nunca consegui mesmo manter minhas coisas bem arrumadinhas, pois irrequieto, em constante estado de ebulição, não consigo viver dentro da ordem estabelecida.


Deve ser mesmo muito triste ter tudo sempre no mesmo lugar, acreditar em tudo e seguir cegamente um mesmo caminho. A coisa mais fácil é a repetição das rotinas, tudo dentro dos conformes, como a grande maioria faz. A rotina é algo horroroso, pois leva a letargia, a completa paralisia. E ninguém foi feito para tocar sua vida desse jeito estúpido. O jeito preguiçoso nos leva a acreditar que tudo o que estamos observando é o jeito certo, o único jeito de fazer as coisas e que nada necessita de mudança. Experimente fazer o contrário e estarás diante de um novo mundo, uma nova vida. Não aceite tudo o que lê, o que querem lhe impor nos púlpitos e tribunas, nos noticiários da TV. Mudar pode ser inconveniente, pois enxergando vou agir diferente. O velho e bom Sócrates (não o jogador) já dizia lá atrás: "A maior ignorância é a que não sabe e crê saber, pois dá origem a todos os erros que cometemos com nossa inteligência". Pense nisso.


Henrique Perazzi de Aquino, 46 anos, não permitindo ser consumido,engolido e digerido por esse modo de agir bovino, pois sabe, que mais dia menos dia, será também defecado por ele.

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