O QUE FAÇO (E LEIO) DURANTE O CARNAVAL
Pular e continuar procurando onde encontrar um carnaval cada vez mais em extinção é o que faço nesses dias. Fujo de ritmos outros que não as marchinhas e sambas enredo nesse período. Acho uma verdadeira aberração um caminhão de som patrocinado por um órgão público tocar lambada, axé, pagode ou sertanejo durante o carnaval. Se um baile num determinado local toca isso, até aceito, só que minha reação é nem passar perto. Fujo para bem longe. Procuro carnaval de verdade e fui ao encontro dele. Encontrei no baile de sexta (Paulo Keller cantando), na Luso e ontem na avenida Nações Unidas, com a abertura dos desfiles de rua, junto aos blocos “Peruas e Malandros” e o que estava presente, o “Amigos da Folia”. Levamos um CD só com marchinhas e o emprestamos para o pessoal do caminhão de som. Foi nossa salvação, pois do contrário, teríamos que descer ao ritmo de um axé daqueles "bravos". Seria o caos. Mas deu tudo certo. Ano passado sete mil pessoas estiveram nas ruas na reativação do carnaval de rua em Bauru e nesse ano falam em mais de dez mil pessoas. Uma evolução que sai incendiar essa cidade no ano que vem.
No fim do desfile, um papo longo com o Beto Grandini, meu primo e um dos remanescentes dos nossos antológicos carnavais de rua. Veio conferir in loco essa reunião de escolas, numa espécie de blocão. Olhando para a avenida fui perguntar se havia possibilidade dele voltar a participar. Sua resposta foi clara: “Com esse pessoal que está aí nas escolas, nem pensar. Se não mudar tudo, muitos não voltam nunca mais”. Não é preciso entrar em detalhes. A festa tem tudo para emplacar, mas como fazer isso, com as mesmas estruturas que a deterioraram. É um beco sem saída. Ou melhor, de difícil saída. Porém, ela existe. Como em tudo na vida, para mudanças é necessário coragem e determinação naquilo que se quer.
Saio da festa e passo a maior parte do tempo aqui dentro do mafuá. Dias de paradeira, escapuli uma tarde para uma cachoeira, fui duas vezes ao cinema com o filho (Operação Valquiria e A Pantera Cor-de-Rosa 2) e no mais permaneci enfurnado aqui dentro desse pequeno espaço. Computador plugado em alguma rádio distante, papéis espalhados por tudo quanto é canto e ventilador ligado quase que ininterruptamente. Mas, o que ler? Qual a prioridade? Fui acumulando revistas, jornais e livros em cima das mesas e até da cama, todos iniciados e o período é mais do que propício para tentar colocar a leitura em dia. As três últimas edições da revista semanal Carta Capital, duas das mensais Brasileiros (uma beleza de reportagens) e Piauí (cada vez mais defendendo o neoliberalismo), além de textos recortados dos jornais estão à minha espera. Faço de tudo um pouco, uma entrevista com Muricy e Silvio Luiz na Brasileiros, um perfil da Laurita Mourão e uma Carta de Gaza na Piauí e as últimas do caso Battisti e do Brasil, segundo Darwin, na Carta Capital. Um livro a ser terminado até quarta, “Processos-Crime: Escravidão e violência em Botucatu” e um outro a ser iniciado, sobre as “Mulheres que foram à luta armada”. Fora isso, comprei até agora, os seis fascículos da coleção da Caros Amigos (serão dezesseis no total), “Os Negros”, todos maravilhosos e não li nenhum. Estão na fila. Deleito-me com tudo isso. Pena ter sono e não dar conta.
Deixo de ir num baile em Santa Cruz do Rio Pardo na segunda, lá no Icaiçara, onde fui convidado e passo boa parte da noite com o som da TV ligado, a me lembrar que o carnaval não terminou. A bagunça por aqui continua como dantes. Afinal, como colocar ordem em algo, se existe muita coisa a ser lida antes? Priorizo a leitura e não páro de escutar os velhos bolachões de MPB. Os jornais acumulados aguardam um repasse, onde recorto alguns textos antes do descarte. Meu filho me deixou dois filmes aqui e quer debater algo sobre eles comigo. Terei de assisti-los nos intervalos. Preparo também uns textos antecipados para o blog e uns projetos para minha atividade profissional (tenho que viajar para Duartina, Guaiçara e Dourados nessa semana). Tenho também contatos marcados para esses dias, com o pessoal do SOS Cerrado, dos Amigos dos Museus e da reativação do CODEPAC. Sem contar que não abro mão de uma leitura rápida diária nos sites do Página 12 argentino (que jornal porreta), do Carta Maior e uns blogs de gente que prezo. Sai hoje cedo para comprar mais um jornal e trouxe a última Caros Amigos, mais gordinha, com uma chamada sobre os 50 Anos da Revolução Cubana. Não resisti. Começo um aqui, logo paro para ler outro e assim esses dias de feriado vão se esmilinguindo. Quando me der conta, sei que terá chegado ao fim. E se esse texto saiu comprido demais, deve-se também ao maior tempo ocioso que estou tendo nesses dias. Paro por aqui e me enfurno na rotina nada estabelecida a que me propus nesses dias. Quatro dias e meio passam muito rapidamente. E deles quero tirar o maior proveito.
Pular e continuar procurando onde encontrar um carnaval cada vez mais em extinção é o que faço nesses dias. Fujo de ritmos outros que não as marchinhas e sambas enredo nesse período. Acho uma verdadeira aberração um caminhão de som patrocinado por um órgão público tocar lambada, axé, pagode ou sertanejo durante o carnaval. Se um baile num determinado local toca isso, até aceito, só que minha reação é nem passar perto. Fujo para bem longe. Procuro carnaval de verdade e fui ao encontro dele. Encontrei no baile de sexta (Paulo Keller cantando), na Luso e ontem na avenida Nações Unidas, com a abertura dos desfiles de rua, junto aos blocos “Peruas e Malandros” e o que estava presente, o “Amigos da Folia”. Levamos um CD só com marchinhas e o emprestamos para o pessoal do caminhão de som. Foi nossa salvação, pois do contrário, teríamos que descer ao ritmo de um axé daqueles "bravos". Seria o caos. Mas deu tudo certo. Ano passado sete mil pessoas estiveram nas ruas na reativação do carnaval de rua em Bauru e nesse ano falam em mais de dez mil pessoas. Uma evolução que sai incendiar essa cidade no ano que vem.
No fim do desfile, um papo longo com o Beto Grandini, meu primo e um dos remanescentes dos nossos antológicos carnavais de rua. Veio conferir in loco essa reunião de escolas, numa espécie de blocão. Olhando para a avenida fui perguntar se havia possibilidade dele voltar a participar. Sua resposta foi clara: “Com esse pessoal que está aí nas escolas, nem pensar. Se não mudar tudo, muitos não voltam nunca mais”. Não é preciso entrar em detalhes. A festa tem tudo para emplacar, mas como fazer isso, com as mesmas estruturas que a deterioraram. É um beco sem saída. Ou melhor, de difícil saída. Porém, ela existe. Como em tudo na vida, para mudanças é necessário coragem e determinação naquilo que se quer.
Saio da festa e passo a maior parte do tempo aqui dentro do mafuá. Dias de paradeira, escapuli uma tarde para uma cachoeira, fui duas vezes ao cinema com o filho (Operação Valquiria e A Pantera Cor-de-Rosa 2) e no mais permaneci enfurnado aqui dentro desse pequeno espaço. Computador plugado em alguma rádio distante, papéis espalhados por tudo quanto é canto e ventilador ligado quase que ininterruptamente. Mas, o que ler? Qual a prioridade? Fui acumulando revistas, jornais e livros em cima das mesas e até da cama, todos iniciados e o período é mais do que propício para tentar colocar a leitura em dia. As três últimas edições da revista semanal Carta Capital, duas das mensais Brasileiros (uma beleza de reportagens) e Piauí (cada vez mais defendendo o neoliberalismo), além de textos recortados dos jornais estão à minha espera. Faço de tudo um pouco, uma entrevista com Muricy e Silvio Luiz na Brasileiros, um perfil da Laurita Mourão e uma Carta de Gaza na Piauí e as últimas do caso Battisti e do Brasil, segundo Darwin, na Carta Capital. Um livro a ser terminado até quarta, “Processos-Crime: Escravidão e violência em Botucatu” e um outro a ser iniciado, sobre as “Mulheres que foram à luta armada”. Fora isso, comprei até agora, os seis fascículos da coleção da Caros Amigos (serão dezesseis no total), “Os Negros”, todos maravilhosos e não li nenhum. Estão na fila. Deleito-me com tudo isso. Pena ter sono e não dar conta.
Deixo de ir num baile em Santa Cruz do Rio Pardo na segunda, lá no Icaiçara, onde fui convidado e passo boa parte da noite com o som da TV ligado, a me lembrar que o carnaval não terminou. A bagunça por aqui continua como dantes. Afinal, como colocar ordem em algo, se existe muita coisa a ser lida antes? Priorizo a leitura e não páro de escutar os velhos bolachões de MPB. Os jornais acumulados aguardam um repasse, onde recorto alguns textos antes do descarte. Meu filho me deixou dois filmes aqui e quer debater algo sobre eles comigo. Terei de assisti-los nos intervalos. Preparo também uns textos antecipados para o blog e uns projetos para minha atividade profissional (tenho que viajar para Duartina, Guaiçara e Dourados nessa semana). Tenho também contatos marcados para esses dias, com o pessoal do SOS Cerrado, dos Amigos dos Museus e da reativação do CODEPAC. Sem contar que não abro mão de uma leitura rápida diária nos sites do Página 12 argentino (que jornal porreta), do Carta Maior e uns blogs de gente que prezo. Sai hoje cedo para comprar mais um jornal e trouxe a última Caros Amigos, mais gordinha, com uma chamada sobre os 50 Anos da Revolução Cubana. Não resisti. Começo um aqui, logo paro para ler outro e assim esses dias de feriado vão se esmilinguindo. Quando me der conta, sei que terá chegado ao fim. E se esse texto saiu comprido demais, deve-se também ao maior tempo ocioso que estou tendo nesses dias. Paro por aqui e me enfurno na rotina nada estabelecida a que me propus nesses dias. Quatro dias e meio passam muito rapidamente. E deles quero tirar o maior proveito.
Passei por aqui
ResponderExcluirplantei esta pedra
palavra de sombra.
Até a volta.
Abraços.
caro Brandão
ResponderExcluirObrigado pela visita inesperada. Volte sempre. Gosto muito de sua verve afiada e do seu jeito quietão. Nosso amigo em comum, o Wellington, da rádio Veritas, dia desses me alertou para algo a seu respeito: sua incrível semelhança com o Noam Chomski, um escritor que leio à exaustão. Abracitos do mafuá do HPA