quinta-feira, 21 de maio de 2009

UMA DICA DE LEITURA (37)

"HOJE", UMA TENTATIVA DE FAZER FRENTE À SELEÇÕES DO REAGERS DIGEST
Todos que aqui me lêem sabem do meu gosto pelo passeio dominical na "Feira do Rolo". Lugar dos mais democráticos, onde se encontra de tudo, desde pequenos adereços, penduricalhos, até o inimaginável, como alguns itens ilícitos. O contato permamente com gente, com pessoas é singular e único. Não troco as manhãs dominicais lá passadas por nenhuma reunião, conferência ou palestra. Deixei até de frequentar os campos varzeanos. Aprendo muito mais lá naquele espaço de piso com paralelepípedos. Um dos lugares que mais gosto de "bater cartão" é na banca do Carioca (já escrevi um Memória Oral com sua história de vida), onde ele revende LPs, CDs e livros usados, em sua grande maioria originais. Os preços são inacreditáveis, variam de R$ 1 a R$ 3 reais. Um verdadeiro achado. Além de tudo, Carioca é um ótimo papo. Acabo tomando uma cervejinha com ele, diante daquela barbúrdia toda. Algo indescrítivel. E aquele cheiro de churrasquinho de gato no ar.

Dois domingos atrás, passo por lá, trago dois CDs e quando bato os olhos na lona estendida no chão, me deparo com uma preciosidade. É a revista/livro "Hoje - Os melhores livros", edição número 1, de novembro de 1977, publicação da editôra carioca Francisco Alves (de saudosa memória). Bate uma recordação danada de doída quando pego no livrinho. Não o largo mais. Tive alguns aqui no mafuá, mas acabei me desfazendo de todos. Lembro-me bem que o formato foi uma tentativa tupiniquim de fazer frente à Seleções do Reagers Digest, mais uma publicação a divulgar o estilo norte-americano de vida. Na "Hoje", tudo bem brasileiro. Na capa desse número 1, Jorge Amado e no miolo, textos de João Antonio, Almirante, Chico Anísio, além de algumas páginas com charges do Jaguar. Rever aquilo tudo me tomou o resto do domingo. Esqueci até do futebol (sou um saudosista inveterado). Não sei nem quanto tempo a revista resistiu, mas pelo que me lembro, tendo o livro como sua fonte inspiradora, transmitiu algo de muito positivo para uma gama de fiéis seguidores, dentre os quais me incluo. Não sei nada mais sobre a "Hoje!", nem sobre os destinos da editôra e livraria Francisco Alves (gostaria de saber), mas sei que ambas fazem uma falta danada. Gosto de ir revivendo isso, juntando cada vez mais papéis nesse meu acanhado canto e continuar pedalando meus encontros dominicais, regados a um bom bate-papo na feira. Me recarrego nesses momentos. Saio fortalecido só de circular entre aquelas pessoas e as preciosidades lá encontradas.

2 comentários:

  1. Vc fala tanto desse tal de Carioca que vou lá na feira do rolo só para conhecer pessoalmente.
    Também gosto de estar naquela confusão.
    Torna meus domingos mais alegres

    Vânia

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  2. Henrique, meu caro,
    muito obrigado pelas palavras carinhosas - e fico satisfeitíssimo com tudo o que você falou a meu respeito. Fico feliz, também, que a idéia deste livro tenha inspirado você a falar de uma pessoa importante para sua vida profissional, como o Washington Alves. De tudo o que você disse, apenas uma correção (embora ela seja contra mim): já são 30 e não apenas 20 anos de estrada. Um abraço, Ricardo Galuppo (ricardo@linhasgeraes.com.br)

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