Mafuá do HPA

UM AMIGO DO PEITO (23)

SOBRE AMIZADES, E UMA DELAS, A DE DANIEL PROENÇA, DO PROENÇA DESIGN
“Do alto dos meus 40 anos posso dizer, sem medo do erro, que a vida me pregou muitas peças. Apresentou-se doce e mansa por vezes e noutras tantas amarga e tormentosa. Tive muita tristeza e muita decepção mas também intensas alegrias e incontáveis surpresas. Cultivei um poço artesiano de ternura e encontrei lodo e lama no fundo. Fui irmão dos meus irmãos e houve quem dissesse que jamais o fui. Por outro lado a terra, arada permanentemente por minhas mãos ávidas por coisa boa, mostrou-se fértil. Posso dizer, por mais que eu tenha a alma machucada por estar vivo (o que se diz imaculado é um mentiroso), que sou um homem de sorte. Vim de uma família da qual me orgulho, nasci e cresci num bairro que amo, tenho os amigos que quero e dos quais preciso, vivo com a mulher que amo, e amealhei, e venho amealhando, e que os deuses permitam seja assim pra sempre, fraternos amigos que dão mais sentido a essa aventura fabulosa que é viver”, OS TIRONE, texto de Eduardo Goldenberg, publicado em 25/05/2009, no blog “Buteco doEdu” (http://www.butecodoedu.blogspotcom/).

Quando li isso me deu uma vontade de publicar (Edu me autorizou a fazê-lo aqui). Já escrevi aqui sobre muitas das minhas amizades, algumas mais próximas, outras menos, mas todas sinceras. Quero hoje escrever umas coisinhas sobre uma dessas amizades, a com DANIEL PROENÇA, um macanudo lá do Jardim Pagani, um cara que vive o dia inteiro sentado diante da telinha de um computador. Seu trabalho é fazer artes para finalidades variadas. Trabalha para uma imensidade de firmas que precisam de um arte-finalista (silks, brindes, chancelas, tapetes, cartonagem, impressões variadas, etc). Conheci o trio de irmãos dessa forma (Paulo, Daniel e Carlinhos). Quem começou tudo foi o Paulo em sua casa no Pagani, depois passou o negócio para os dois irmãos. Hoje, só Daniel continua, tendo seu mafuá (tão bagunçado quanto o meu) instalado lá na vila Vicentina, bem ao lado da fábrica do seu Real, a Magnum Tapetes. Convivo com ele desde que abri meu negócio de chancela (lá se vão uns 20 anos) e sempre tive neles todos uma amizade que vai muito além do trabalho. Somos amigos de ficar tricotando papos desconsertantes, enquanto o desenho segue sendo feito. Faz um monte de coisas ao mesmo tempo, uma loucura, que só ele entende. Melhor de tudo é que me atende na hora, só tendo que entrar numa fila, tudo gente conhecida e necessitada da mesma urgência. Corintiano como eu, só discordamos numa coisa, ele não vai com a cara do Lula e eu o acho o mais adequado para o Brasil. No mais, nos entendemos em quase tudo, até numa mesa de bar, que acaba indo comigo, mesmo não bebendo uma só gota de álcool. Tem utilidade comprovada, pois enquanto todos saem do trivial, ele nos leva de volta para casa. Daniel é um inveterado solteirão. Gosta mesmo é de estar com suas paqueras, de leve, sem compromissos. Eu entendo. Também não é tão velho assim, pois deve estar pela casa dos 30 e lá fai fumaça. Daniel é um daqueles amigos difíceis de serem encontrados, do qual fazemos de tudo para não perder. Gente da melhor espécie. Disse a ele que escreveria dele por aqui e assim o faço. Missão cumprida.

Em tempo: A ilustração chama-se "Meus Amigos" e é do Salavisa. As duas fotos à esquerda são pura ilusão de ótica. Daniel não bebe nada de álcool, porém consome rotineiramente outro tipo de droga, Coca-Cola.