DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (12)
JOSÉ MENDONÇA, UM ‘BENZEDOR’ DE DOIS CÓRREGOS
Esse senhor já não vive entre nós, nem ele, nem dona Catarina sua esposa. A casa ainda está lá, há pouco mais de trezentos metros da estação ferroviária de Dois Córregos, bem junto ao uma passagem de nível, um túnel por debaixo dos trilhos da ferrovia. Não resisto e a cada retorno aquela cidade, dou nem que for uma simples passada defronte a casa. Hoje a vejo ocupada, talvez por familiares. Não paro mais, o tempo passou e fico eu com minhas histórias e recordações. Algumas vividas ali.
José Mendonça, um ferroviário aposentado, era avô de minha primeira esposa, a Wilma Cunha. Fui tantas vezes de trem até sua casa, outras tantas de ônibus e de carro. Finais e finais de semana. Ela havia sido criada pelos avós e voltar para lá era uma das coisas que ela mais gostava de fazer. Dentre todos os momentos lá passados um me marcou. Seu Mendonça era um conhecido benzedor na cidade. Sua casa vivia sempre com gente estranha a lhe bater no portão e solicitar seus préstimos. Nunca o vi recusar um atendimento. Parava tudo e ia ouvir aquelas pessoas. Atendia nos fundos, numa edícula, sempre cheia de pedaços de madeira, que eram utilizados para alimentar um fogão de lenha e auxiliar nos 'trabalhos'.
Era uma desfeita muito grande voltar para Bauru sem receber um benzimento seu. Eu nunca neguei e agindo assim, acho que nunca o vi entristecido. O teria visto se ainda fosse vivo quando me separei de sua querida neta. O ritual que fazia para benzer as pessoas era bonito. Cercado por rezas variadas e um cruzar de mão, com um toco na mão e uma imagem de um preto velho a observar tudo. Ele sempre foi bastante católico e nunca se separou do seu preto velho. Muito místico.
Paro da última vez que lá estive para tirar fotos. Hoje as revejo no computador e tudo aquilo me volta com uma clareza muito grande. A casa parece ter parado no tempo e no espaço. Que singular pessoa, ele e sua esposa, dona Catarina. Como fui bem tratado por eles, como eram simples, singelos, sinceros em tudo o que faziam. E pela quantidade de gente a lhe procurar, com certeza, todos punham muita fé naquilo que iam buscar naquele fundo de casa. Vim a ler muito sobre esses ‘benzedores’ (minha amiga Dalva Aleixo conhece muito bem todos esses procedimentos, ela é estudiosa no assunto) e mesmo sendo um descrente das coisas religiosas, não desmereço aquilo tudo que vivenciei naquela casa. Dois Córregos me traz belas lembranças. Essa é uma delas, a estação ali ao lado, outras.
OUTRA COISA: O Projeto "Praça Cultura Viva", do Núcleo Cultura e Arte da SAC - Sociedade Amigos da Cultura, contemplado pelo Programa Municipal de Estímulo à Cultura tem a hornra de convidar para o lançamento: BIOESCULTURA NA PRAÇA "VAL RAI", 03/09 (hoje), 16h, em frente a escola Francisco Alves Brizola (Rua Pedro de Campos com Ivo Giunta - Jd. das Orquídeas). Convite de Regina Ramos eu não discuto, acato. VAL RAI foi uma pessoa muito querida e me traz boas recordações, pela sua luta e disposição. Numa delas dançou dentro da Câmara de Vereadores, quando o Buthô foi repudiado por vereadores, tipo o ex-Parreira. Lá estarei. Uma pena não possuir fotos dele.
Outra coisa 2: Pela primeira vez desde que abriu às portas, o Beef Street, do Alameda irá apresentar em sua Quinta Musical um grupo bauruense. Trata-se do Clube do Jazz, onde o baterista é meu considerado Ralinho, de trajetória valorosa no cenário bauruense. Vale a pena pelos dois motivos, jazz de qualidade e por vencermos mais essa, a partir de agora abre-se um novo espaço para os músicos da cidade.
como doi em mim essas fotos de casas antigas ao longo de linhas de trem,
ResponderExcluirquanta coisa bela abandonada sendo destruida para atender interesses de um bando de ladroes, a foto da estacãozinha, o pátio revestido em paralelepípedos me é de uma nostalgia de fazer chorar.
....existe uma velha casa
perto da linha fepasa
antiga sorocabana
lembrança que ainda resta
de quem foi o rei das festas
nas noites interiorana......
um abraço do
lázaro carneiro
A mim também, rever isso tudo é muito triste, por tudo o que já representaram e pelo estado em que se encontram.
ResponderExcluirA de Dois Córregos poderia abrigar até a prefeitura daquela cidade, tal a grandiosidade, mas falta interesse público para isso.
A casa que falo no texto está lá, perdida no tempo, guardando resquícios da gente que nela habitou e deteriorando-se, pois os atuais moradores parecem não terem condições de fazer nada por ela.
abraços brotenses (hoje estou aqui)
Henrique, hoje fora do mafuá