segunda-feira, 21 de setembro de 2009

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (13)

REENCONTRO COM MONGA, A MULHER GORILA
Morar diante de um terreno onde se montam parques e circos é aventura garantida. Minha infância e adolescência foram recheadas de divertimentos mil. Conto aqui uma história de grata recordação, dessas guardadas para sempre na minha memória. Durante muito tempo, junto aos parques, uma barraca me chamava bastante a atenção, a da Mulher Gorila, também chamada de Monga. Nunca ouviu falar disso? Pois eu convivi com isso. Com um grande letreiro na frente e chamadas em alto-falantes, que deixavam a molecada em polvorosa, éramos atraídos para dentro de um salão, com um palco e lá uma mulher, sempre vestida com um maiô de banho. Quando as portas se fechavam e o locutor a incitava, diante de nossos olhos começaria uma transformação que aterrorizaria a todos. Por alguns instantes ela se transformava numa Monga, a mulher gorila. Mesmo presa numa jaula o susto era grande e quando quebrava as grades, o corre-corre era imediato, um atropelo de dar gosto, com a gurizada saindo voando em busca de um local mais seguro. Sempre quis desvendar aquele segredo, mas ele demorou bastante para ser elucidado. Depois vim a conhecer o jogo de luzes e espelhos, muito bem trabalhado com a penumbra do local, aliado de uma locução perfeita e do entrosamento com a atriz (isso mesmo, aquilo era uma peça teatral), fazendo o papel da gorila. Tanto o locutor, como a mais famosa das Mongas, que atuaram aqui nas cercanias de casa me proporcionam gratas lembranças. A fisionomia de ambos estará para sempre gravada em minha memória. Há uns quinze anos atrás revi a ex-Monga. Fui a um atendimento público na cidade e reconheci na servidora a atriz. Disse que a conhecia e quando ficou sabendo de onde, percebi o espanto em seu rosto: “Não conte isso para mais ninguém, pois deletei isso de minha vida”. E encerrou a conversa. Ela, hoje uma senhora, faz questão de não querer reviver seu passado Monga. O locutor, seu ex-marido, Luiz Carlos Lockmann, ou simplesmente Barba, adora reviver essa e outras histórias. Tem orgulho das muitas desenroladas em sua vida. Nesse domingo, na Feira do Rolo, o reencontro e ele me propiciona um raro momento de inesquecíveis lembranças, quando narra toda a locução que fazia dentro daquela sala. Foram minutos de puro êxtase. Ele nunca irá se esquecer desse período de sua vida. Nem ele, muito menos eu. Amanhã publico aqui suas fotos, em mais um ‘Retratos de Bauru’, com um pequeno histórico de sua agitada vida. Para nós dois, a Monga não morrerá, jamais.
OBS.: As quatro fotos junto ao texto são ilustrativas e foram gileteadas (Gilete Press) da internet.

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