Mafuá do HPA

UM COMENTÁRIO QUALQUER (51)

11/09 DIA DO CERRADO E ANDANÇAS COM O 'SOS CERRADO'

Hoje é o Dia do Cerrado e sendo essa nossa vegetação, compreendendo todo o entorno de Bauru, é sempre bom observar pessoas interessadas nos cuidados com o que nos cerca. A cidade cresce e com elas problemas mil. Um deles é o da especulação imobiliária, que não pensa em outra coisa: grana. Controlar esse crescimento desmedido e desenfreado é mais do que necessário. Quando de sua criação, fui convidado pelo idealizador da idéia, o advogado Amiltom Marques Sobreira (ele fez uso da Tribuna livre da Câmara essa semana) e sua esposa, a professora de História Márcia Regina Nava Sobreira a me integrar na criação da Associação SOS CERRADO. Fui e me identifiquei, pois vejo no casal uma luta por algo mais do que justo. Amilton trava nos tribunais bauruenses uma luta desigual contra uns invasores de terra, grileiros e posseiros, alguns deles com nomões importantes no cenário bauruense. Ver ele contanto suas peripécias com esses poderosos é constatar como ainda vicejam por aí alguns incansáveis Dom Quixotes, lutando contra os moinhos a nos devastar a consciência. A Associação é nova e possui um caráter voltado para a preservação. Torço pela luta deles, que deveria ser a de todos. São tão poucos os que colocam a cara para bater, que Amilton acaba se tornando quase um solitário no seu discurso. Gente valorosa, imprescindível e necessária

No sábado passado, 05/09, fui com uma turma do SOS fazer uma visita de inspeção numa grande erosão existente entre a Vila São Paulo/Pousada da Esperança e Jardim Helena (ali encostado no Gasparini). Levei um susto com a proporção do buracão, numa extensão quilométrica. Algumas casas já estão numa distância de pouco mais de 50 metros e ele cresce a cada dia, assustando a todos. Foi importante caminhar pelo local, vendo a nascente de pequenos córregos e depois o buraco a tomar conta de tudo. No Jornal da Cidade de hoje alguém da Prefeitura diz que ocorrem providências no local. Não observamos nenhuma e acredito que algo muito rápido terá que ser feito, pois aquilo vai acabar se transformando em mais um 'Grand Canyon' no coração da cidade, como o já existente no Jardim Jussara (conhecem aquilo?). Eu, Amilton, Márcia, os professores Silvio Motta Maximino e José Carlos (foi meu de Geografia na USC), acompanhados do Nivaldo e seus filhos, morador do Vanuire, que ciceroneou o grupo ao local e uma professora, moradora do Gaspa. São cinco nascentes, algumas longe do esgoto e outras já dentro. Entramos no buracão, percorremos estreitas trilhas e no final risos. Adivinhem quem foi o único a escorregar num vapt-vupt dentro da água: eu. No fim, uma novidade, um lanche em baixo de uma jabuticabeira na casa do Nivaldo.

As repercussões da luta na defesa do cerrado estarão explicitados hoje por toda imprensa e são merecedoras de um destaque não só hoje, sempre. Identificar e colocar na parede os predadores e o que querem fazer uso comercial da reserva é necessário: dar nome aos bois. Constatar e denunciar situações de degradação também. A erosão gigante continua lá e algo precisa ser feito. Eu, pertencente à população ribeirinha ao rio Bauru sei como são essas coisas. Um buraco se aproximando de nossas casas, uma enchente a devastar tudo, alguém cortando árvores desmedidamente para levantar "empreendimentos". E aí? Na última foto, aqui do lado esquerdo, o chão forrado de folhas do local. Lindo, não?

Em tempo: Hoje, 11 de Setembro, algo marca tristemente a história da Humanidade. Não falo do atentado às Torres Gêmeas, isso é café pequeno perto do que ocorreu no 11/09/1973 no Chile com o Golpe de Estado que levou ao poder o truculento general Augusto Pinochet. Lembrar isso, sempre, para que não volte a se repetir é mais do que necessário.