BRASIL X ARGENTINA, UM JOGO E ALGUMAS INEVITÁVEIS COMPARAÇÕES
Hoje tem Brasil x Argentina, um jogo imperdível (22h, TV). De um lado Kaká, Luis Fabiano e Robinho, do outro Messi, Tevez e Veron, além da disputa entre Dunga e Maradona. Eu adoro futebol, mas não consigo enxergar na Argentina um inimigo a ser derrotado e se possível, massacrado, humilhado. Vejo neles um honrado povo, que sabe mais do que nós reivindicar seus direitos. O que falta ao brasileiro na questão de ir à luta, sair às ruas nos ‘panelaços’, sobra no argentino. Não me canso de afirmar que estamos meio que desligados do restante da América Latina, parecemos um corpo estranho. Eu sou latino, pulso por tudo o que acontece em todo o continente e anseio o mesmo que meus irmãos. Sou assumida minoria. E por que estamos nessa contramão? Não temos tido nem mais capacidade de nos organizarmos e perdemos a de aglutinação em prol de justas reivindicações. Incentivaram para que chegássemos nessa situação e hoje, o povo brasileiro é quase amorfo e inerte. Deixa a vida lhe levar e pouco luta, pouco resiste, ou não encontra mais meios de fazê-lo. Enquanto vejo o povo argentino nas ruas, vejo o brasileiro diante da TV. Tanto lá como cá, uma oligarquia cruel a tentar barrar os avanços, porém, quando existe organização, a inércia deixa de existir. O jogo é um jogo, nada mais que isso. Assisto torcendo pelo espetáculo em si, sem xenofobia e bairrismo.
Ainda sobre a comparação entre os dois povos, analisem o caso da recente greve ferroviária na ALL aqui em Bauru. Meros gatos pingados foram resistir e clamar pelo atendimento das justas reivindicações dos trabalhadores. No Brasil não se aglutina mais, elas estão distantes, lutando pela sua sobrevivência e a maioria da classe sindical já não luta como antes. A dos ferroviários resiste, como a dos bancários, mas lutam isoladas. Numa semana em que ocorreram paralisações dos bancários e dos ferroviários na cidade, era para um estar na luta do outro. Cada um só pensou no próprio umbigo. Tudo acontece isolado, mesmo ciente da pequena participação dos próprios interessados. Enfraquecido ninguém consegue respeito. O Brasil de FHC, sempre de pires na mão e subserviente era repugnante e se hoje a situação melhorou, nós, o povo, continuamos indiferentes. Vi uma foto no JC de ontem sobre a greve e depois conversei com o Marcão, que convidado participou da resistência nos trilhos (ele foi lá porque é de luta, de reconhecido valor e sabem do que é capaz. Quantos existem iguais a ele?). Cadê os trabalhadores, cadê a organização? Perderemos sempre e de goleada. Por outro lado, o argentino vai à rua para tudo. Num site argentino vi que por lá já ocorreram seis passeatas de repúdio ao golpe em Honduras. Aqui nem para reivindicar o próprio direito o cara decide sair de casa. Ele tem seu medo (e entendo), mas a organização sindical, também não cumpre mais seu papel como antes. Estamos perdendo essa luta, e feio. Quase de goleada. Sempre botamos mais gente na rua para o futebol do que para a luta política. Isso é histórico.
Não dá para me posicionar contra os argentinos, quando os vejo nas ruas e nós dentro de casa. Leio todas as infames piadinhas contra ‘los hermanos’ (eles também fazem muitas contra nós), mas não gargalho com nada disso. Ando é preocupado, com a disparidade da disposição de luta e de organização entre um povo e outro. No futebol, mais um jogo e que vença o melhor, pois nada mudará no cenário que descrevi. Fanfarronice à parte, preferiria ver o brasileiro unido em outras disputas.
Hoje tem Brasil x Argentina, um jogo imperdível (22h, TV). De um lado Kaká, Luis Fabiano e Robinho, do outro Messi, Tevez e Veron, além da disputa entre Dunga e Maradona. Eu adoro futebol, mas não consigo enxergar na Argentina um inimigo a ser derrotado e se possível, massacrado, humilhado. Vejo neles um honrado povo, que sabe mais do que nós reivindicar seus direitos. O que falta ao brasileiro na questão de ir à luta, sair às ruas nos ‘panelaços’, sobra no argentino. Não me canso de afirmar que estamos meio que desligados do restante da América Latina, parecemos um corpo estranho. Eu sou latino, pulso por tudo o que acontece em todo o continente e anseio o mesmo que meus irmãos. Sou assumida minoria. E por que estamos nessa contramão? Não temos tido nem mais capacidade de nos organizarmos e perdemos a de aglutinação em prol de justas reivindicações. Incentivaram para que chegássemos nessa situação e hoje, o povo brasileiro é quase amorfo e inerte. Deixa a vida lhe levar e pouco luta, pouco resiste, ou não encontra mais meios de fazê-lo. Enquanto vejo o povo argentino nas ruas, vejo o brasileiro diante da TV. Tanto lá como cá, uma oligarquia cruel a tentar barrar os avanços, porém, quando existe organização, a inércia deixa de existir. O jogo é um jogo, nada mais que isso. Assisto torcendo pelo espetáculo em si, sem xenofobia e bairrismo.
Ainda sobre a comparação entre os dois povos, analisem o caso da recente greve ferroviária na ALL aqui em Bauru. Meros gatos pingados foram resistir e clamar pelo atendimento das justas reivindicações dos trabalhadores. No Brasil não se aglutina mais, elas estão distantes, lutando pela sua sobrevivência e a maioria da classe sindical já não luta como antes. A dos ferroviários resiste, como a dos bancários, mas lutam isoladas. Numa semana em que ocorreram paralisações dos bancários e dos ferroviários na cidade, era para um estar na luta do outro. Cada um só pensou no próprio umbigo. Tudo acontece isolado, mesmo ciente da pequena participação dos próprios interessados. Enfraquecido ninguém consegue respeito. O Brasil de FHC, sempre de pires na mão e subserviente era repugnante e se hoje a situação melhorou, nós, o povo, continuamos indiferentes. Vi uma foto no JC de ontem sobre a greve e depois conversei com o Marcão, que convidado participou da resistência nos trilhos (ele foi lá porque é de luta, de reconhecido valor e sabem do que é capaz. Quantos existem iguais a ele?). Cadê os trabalhadores, cadê a organização? Perderemos sempre e de goleada. Por outro lado, o argentino vai à rua para tudo. Num site argentino vi que por lá já ocorreram seis passeatas de repúdio ao golpe em Honduras. Aqui nem para reivindicar o próprio direito o cara decide sair de casa. Ele tem seu medo (e entendo), mas a organização sindical, também não cumpre mais seu papel como antes. Estamos perdendo essa luta, e feio. Quase de goleada. Sempre botamos mais gente na rua para o futebol do que para a luta política. Isso é histórico.
Não dá para me posicionar contra os argentinos, quando os vejo nas ruas e nós dentro de casa. Leio todas as infames piadinhas contra ‘los hermanos’ (eles também fazem muitas contra nós), mas não gargalho com nada disso. Ando é preocupado, com a disparidade da disposição de luta e de organização entre um povo e outro. No futebol, mais um jogo e que vença o melhor, pois nada mudará no cenário que descrevi. Fanfarronice à parte, preferiria ver o brasileiro unido em outras disputas.
Ah, querem saber a última piadinha brasileira sobre a rivalidade. Estejam preparados. Lá vai: "Dois fazendeiros, um brasileiro e um argentino, se encontram, começam a conversar. O argentino pergunta ao brasileiro: - Qual o tamanho da sua fazenda? Brasileiro: - Para os padrões do Brasil é uma fazenda de um bom tamanho, são 300 alqueires. E a sua? Argentino: - Olha, eu saio da sede pela manhã com meu jipe e na hora do almoço não cheguei na metade dela... Brasileiro: - É, eu também já tive um jipe argentino, é uma merda...". É isso, mas lá na Argentina ela é contada, invertendo os papéis. E que venha o jogo...
HENRICÃO
ResponderExcluirVocê já deve ter lido, mas quero assim mesmo colocar aqui o que acabo de ler na coluna semanal do jogador Sócrates. Ele fala algo mais ou menos dentro do contexto do seu texto de hoje. Leia:
“Fraqueza versus Organização
O Sindicato dos Atletas Profissionais de futebol da Argentina ameaçou paralisar o campeonato no meio deste ano, caso os clubes não acertassem imediatamente suas pendências com os jogadores. Em decorrência, a maioria das justas reivindicações foi acatada pelos clubes. Um exemplo interessante de como é importante existirem organizações suficientemente fortes para enfrentar o poder patronal e conquistar melhorias e o respeito às condições de trabalho. Impossível comparar com a nossa realidade, e a questão é cultural. Aqui, a herança colonial deságua no peleguismo”.
Esse pedaço do texto do Sócrates serve para o futebol, para o sindicalismo e para a vida prática dos dois países. Estamos perdendo o poder de negociar com força junto aos patrões. Os argentinos quer queiramos ou não, possuem um poder de mobilização muito maior que o nosso. Repito as palavras do Sócrates, isso é cultural. Isso é preocupante, pelo menos para nós brasileiros e o seu texto é sobre isso, muito além do futebol de hoje.
Um abraço e torça com moderação
Rosana
querido Henrique, questões culturais e políticas a parte, é sempre bom ganhar dos hermanos e LÁ chega a ser um orgasmo!!!! Marisa Fernandes
ResponderExcluirAbro este blog uma vez por semana e confesso morrer de rir com algumas baboseiras do autor para não ter que chorar. Alias este autor deve estar aos prantos hoje depois da surra que os hermanos levaram ontem. Como diz o Galvão é otimo ganhar da Argentina, ao contrario do que o autor escreveu, é um povo arrogante, arruaceiro e nada hospitaleiro, tratam muito mal os brasileiros, se alguem tem culpa do excesso de rivalidade são eles. O autor deveria se mais patriota e vestir a camisa canarinho como todos os demais brasileiros de fato o fizeram na noite de ontem e não trair a patria mãe, ou então vá morar na ?Argentina ou em outros pais da america.
ResponderExcluir3X1, tomô papudo?
caro anônimo:
ResponderExcluir1. obrigado por adentrar esse espaço uma vez por semana, isso já quer dizer alguma coisa, fico lisonjeado;
2. te convido a reler o texto novamente e tentar me mostrar onde deixei de ser patriótico, essas coisas. O tema abordado foi outro e nem resvalei nisso que me acusa. Faltou critérios em sua avaliação. Refaça a leitura e constate isso;
3. isso dos argentinos não serem hospitaleiros é balela. Estive lá e fui muito bem tratado. Gente arrogante, preconceituosa e metida existe tanto lá como cá. Isso é uma praga mundial. Acho que está emitindo esse conceito sem conhecimento de causa, de ouvir falar, de ler em publicações pouco confiáveis, essas coisas;
4. a Marisa no comentário acima do seu torceu mais do que eu e vibrou, sem precisar me acusar indevidamente de nada. Eu também torci (e muito) ao meu modo. Gostei do bom futebol apresentado, uma raridade em algumas das apresentações sob o comando do técnico Dunda. A de ontem me convenceu, mesmo ainda tendo certeza de que a última seleção que me fez vibrar foi a que não ganhou campeonato nenhum, a da Copa da Espanha, com Sócrates, Zico...
5. falar em traição à pátria para mim é me desconhecer profundamente. Torço muito para que esse país continue seguindo a trilha capitaneada pelo atual governo, distanciando-se do que o anterior, o FHC fazia. Torço muito para que o Brasil se integre mais à América Latina e trate a todos como verdadeiros irmãos. Escrevo nesse sentido;
Era isso. O mais são provocações infundadas e não caio mais nessa armadilha. Volte sempre e debata sempre, pois assim talvez te convença de algo diferente do que pensa.
Abracitos do Henrique, direto do mafuá
O covarde anonimo não entendeu o que o Henrique escreveu, ou se faz de besta para encher o saco. Mas temos que responder a essas coisas covardes que a internet proporciona.
ResponderExcluirO que o Henrique escreveu é algo que constatamos e falamos faz muitos anos. O brasil é sim um país a parte da america latina e não só pela lingua, mas nos diferenciamos tb na questão de postura, de sentimento realmente patriotico, de garra, de luta.
Não misture futebol com patria pq apesar de idiotas como o Galvão que vc citou tentar passar essa ligação, isso nada tem a ver com patria, na Argentina se pode até fazer uma ligação visto que a identificação deles com a nação e o fervor latino os dá uma unidade e garra impressionante.
Conheço muito bem a Argentina e outrso lugares de nossa AL e posso afirmar que são um povo admiravel, e bem hospitaleiro, presenciei lá coisas que aqui são inimaginaveis dentro do contexto de luta.
E mais cidadão, o Brasil é o unico pais da AL que o povo não tem uma referencia historica, um heroi, os latinos tem Che Guevara, Simon Bolivar, Jose Martin, aqui o que temos?? Tiradentes? que piada. Teriamos PRestes, Lamarca, mas esses os "donos" de nossas cartilhas escolares já mataram, assim como matam com nossa mpb, nosso samba e bossa nova, toda nossa identidade indo para o buraco, coisa que a Argentina não faz com o Tango.
Chama o Henrique de não patriota, mas duvido que conheça tão bem a fundo nossa patria como conhecemos e amamos como poucos a nossa real riqueza que deveria ser a nossa identidade.
Torço pela Argentina pois não tenho esses fanatismos babacas de rivalidade, torço por aqueles que lutam para preservar uma identidade.
Marcos Paulo
Comunismo em Ação
Tem um pessoal aí que se diz patriótico, mas só o são na ponta da chuteira, quando joga a seleção brasileira de futebol. Fuja desses. Não querem saber de luta, o verdadeiro patriotismo. E além de tudo são falsos moralistas. Misturam as coisas. Perceba isso, caro Henrique e cuidado. Eles vieram para confundir e não para explicar nada.
ResponderExcluirPAULO CÉSAR CAMARGO
SÃO PAULO
Caro Henrique,a foto que ilustra sua matéria foi de uma ação organizada para identificar maqunistas de outros estados que estavm sendo obrigados a furar a greve. Mantivemos a greve por 10 dias, com adesão de mais 92% dos empregados diretos da ALL, e alcançamos todos os nossos objetivos.
ResponderExcluirOs gatos podem ser pingados, mas a consciência e a inteligência vão vastas.
Salute