quinta-feira, 8 de outubro de 2009

UMA ALFINETADA (61)

A QUESTÃO FERROVIÁRIA E A COMPRA DA ESTAÇÃO DA NOB
Nos últimos tempos choveram sobre nós, artigos, textos, reportagens, editoriais e cartas de leitores nos dois jornais de Bauru, o Jornal da Cidade e o Bom Dia, todos abordando o mesmo tema, a questão das ferrovias, o espólio da extinta RFFSA e, o principal deles, a compra/venda da “mais bonita estação do interior paulista” (palavras do escritor Ignácio de Loyola Brandão). Li tudo, juntei alguns aqui no mafuá e quero dar minha opinião sobre o tema.

Estive durante quatro anos à frente da Diretoria de Proteção do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura de Bauru e convivi com essas questões diariamente. O tema é apaixonante, pois evoca ao passado dessa cidade (ainda mais para mim, com avô e pai ferroviários). Edificações de elevada importância histórica e cultural estão localizadas aqui na cidade, tudo devido Bauru ter sido sede administrativa de algumas companhias do setor e, é claro, por estar aqui o famoso entroncamento ferroviário.

O governo FHC jogou a pá de cal sob as ferrovias com sua privatização e hoje, passados esses anos todos, as estações estão sendo repassadas, principalmente para Prefeituras Municipais. Alguma coisa foi conseguida no passado, pela coragem de alguns administradores que ocuparam essas estações (o caso de Botucatu), mas a grande maioria foi se deteriorando. Bauru conseguiu na administração passada ocupar a Estação da Cia Paulista e seu entorno, num documento provisório. Hoje, com nova legislação sobre o assunto, o Governo Federal facilita essa ocupação de forma legal. Quem não aproveitar e trazer para si essas imponentes edificações tende a vê-las totalmente destruídas, tal a deterioração atual. Em cada cidade dessa região a cena se repete, lá está a imponente estação, com visual deteriorado, mas apta a ser restaurada e devolvida a algum tipo de funcionamento. Anotemos os nomes dos prefeitos desinteressados e dos que nem projetos possuem para aquelas áreas. Dinheiro público existe, mas se fazem necessários projetos sérios e consistentes. Rodrigo Agostinho, o prefeito de Bauru está em São Paulo hoje, acetando detalhes sobre alguns desses repasses. São edificações e terrenos, áreas imensas em locais mais do que nobres.

A nossa, a grande Estação da NOB está prestes a ser adquirida pela Prefeitura e Câmara Municipal de Bauru, numa ação em conjunto. Nos dois andares superiores estariam ambos e no térreo, só defendo a compra se for totalmente recuperada com fins culturais. A cidade ama aquele local (isso poderá ser observada no II Encontro Histórico Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru – dias 17 e 18/10) e não aceitará seu uso para outros fins. Imaginem aquilo integrado com os passeios férreos, o povo podendo circular na Gare, totalmente restaurada e com opções comerciais e culturais no seu interior. Sou saudosista, mas não desvairado. Aquela estação, na sua integridade, nunca mais será totalmente ocupada para fins férreos. O que será necessário é um sério acompanhamento em tudo o que será feito por lá, inclusive na execução da obra, para que não ocorram os desvios quase que de praxe no cenário nacional. Essa será uma delicada questão e cada detalhe não pode passar desapercebido. Torço por ver a estação restaurada (com aprovação do CODEPAC), só não entendi ainda de onde viria o dinheiro para essa compra, com a cidade às portas de uma crise, numa tentativa de empréstimo vultuoso para salvar a Cohab. Caixa não existe, mas existe a disposição. Aguardemos de onde virá a solução e não deixemos que se faça uso demagógico e de faturamentos indevidos com o que poderá vir pela frente.
Obs.: Cliquem nos textos para vê-los grandões. Esse texto sairá publicado, com algumas modificações n'O Alfinete, de Pirajuí, edição do próximo sábado, 10/10.

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