terça-feira, 12 de janeiro de 2010

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (07)

TARCÍSIO MAZZEI E O PROJETO DE UM CARRO FÉRREO NO ALFREDO DE CASTILHO
Como é bom reviver essas e outras histórias (quem tem histórias para contar tem assunto que não acaba mais). Essa eu revivi hoje, lá na casa do Tarcísio Mazzei, o Bilão, um ribeirão pretano que aportou em Bauru há um bom tempo, ainda nos tempos da JuãoSom, quando veio gerenciar uma loja deles por aqui e acabou ficando. Vim a conhecê-lo por intermédio do amigo em comum, o Zé Vinagre, ex-secretário municipal de Cultura. Hoje, mal chego da estrada e sou convidado pelo Zé para assistir na casa do Tarcísio a última partida do play-off do basquete pela ESPN (Bauru perdeu do São José por uma diferença de 21 pontos - uma merda - estamos fora) e entre tantas conversas revivo algo proporcionado pela sua irreverência e verve criativa.

Corria o ano de 2006 e Tarcísio aparece lá na Secretaria de Cultura, onde eu exercia o cargo de Diretor de Proteção ao Patrimônio Cultural com uma proposta miraculosa: no ano em que o Esporte Clube Noroeste completaria 95 anos, o presidente Damião Garcia poderia bancar o restauro de um carro ferroviário, que seria instalado lá dentro do estádio servindo como cabine de imprensa para transmissão dos jogos. Gostei da idéia e fomos à procura do tal carro. Não encontramos um adequado, mas Tarcísio fotografou uma estacionado lá na Gare da Estação e produziu lá com seus amigos do Jornal da Cidade um belo trabalho, já com o carro suspenso e colocado lá no alto do estádio. Fomos, eu e ele, à procura do respaldo do Noroeste e logo de cara, o diretor de futebol Celso Zinsly comprou a idéia. Foi conosco até a gare da estação e ficou alucinado com tudo o que viu e as amplas possibilidades. Lembro de sua fala: "Estreamos contra um time grande e toda a imprensa brasileira vai estar aqui. Imagine um Galvão Bueno transmitindo o jogo aqui e dentro de uma cabine num carro ferroviário". Levou a idéia para frente, mas ela acabou não vingando, primeiro porque o carro fotografado não estava cedido para a Prefeitura e segundo porque tínhamos pouco tempo até o começo do campeonato. O tempo passou mais um pouco e no ano seguinte Celso faleceu. Tudo foi esquecido.

Tarcísio me diz ter tudo guardadinho, todos os detalhes do projeto. O que resgato e publico aqui é uma cópia que acabou ficando comigo, em preto e branco, uma espécie de cartaz de divulgação, cópia do original colorido que foi apresentado ao presidente do clube. Lembranças boas, ainda mais porque já se passaram cinco anos e nesse o Noroeste completa seu Centenário. Hoje, a situação para se conseguir a liberação desses carros ficou mais fácil e seria uma grande pedida colocar um restaurado lá dentro do estádio Alfredo de Castilho. Cacife para tanto o clube possui e existem carros e mais carros férreos abandonados por aí, apodrecendo sem projetos de restauro. Tarcísio topa resgatar um projeto como esse e para incrementar tudo, não se faz necessário muita coisa. Em primeiro lugar, disposição para realizar, enfrentar barreiras e propor algo que possa efetivamente ser realizado. Pode até não ser um carro férreo como cabine de transmissão de jogos, mas um outro, como uma espécie de museu, onde se possa visitar e reviver a gloriosa história do centenário da "maquininha vermelha" (vi algo assim em Santa Clara, Cuba, num Museu revivendo uma passagem histórica ocorrida nos trilhos), que amanhã entra em campo em mais um campeonato. A idéia do Bilão pode até voltar à pauta do dia. Quem se habilita?
Em tempo: Projetos, que saudade, foram tantos, muitos deixados em andamento e quase todos abandonados. Hoje, a equipe do Ferrovia para Todos, todos especializados em restauro de composições férreas estão praticamente deslocados para outras atividades, num desperdício de amargar. Outros tempos...

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